Etica Empresarial
Artigo: Etica Empresarial. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: natyjoao • 1/3/2014 • 2.762 Palavras (12 Páginas) • 538 Visualizações
ÉTICA EMPRESARIAL: A MORAL DO SUCESSO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
Luiz Maximiliano Landscheck
Mestrando em Direito do UNISAL, Lorena
Apresentação: O presente trabalho discute um caso particular de ética empresarial, a “moral do sucesso”. Levanta a hipótese de que este tipo de conduta é ensinado ou incentivado em escolas. Apresenta como contraproposta o envolvimento dos empregados e da empresa com atividades filantrópicas decorrentes de sua responsabilidade social.
Abstract: In many companies a fratricidal struggle for managerial and executive positions is the result an ethic posture called “morals of success”. Evidence is shown that universities teach or stimulate this kind of behavior. Social responsibility is being presented as a means of improving work climate, assuring as well a positive impact on the company’s image in the market place.
Introdução
O mundo do século XXI é, antes de tudo, o mundo da objetividade, dos resultados. As pesquisas são muito mais endereçadas à ciência que à filosofia. Quando a filosofia é o ponto de partida, ainda assim, o que se busca são respostas a questões práticas.
Ética e moral sempre foram temas filosóficos, embora haja quem proponha uma ética científica. Hoje, as pesquisas nessa área têm objetivos práticos: as pesquisas são dirigidas a uma ética que SROUR chama de ética particular1, mas que, neste trabalho, será chamada de ética aplicada. Exemplos dessa ética aplicada são a bioética, endereçada às atividades de pesquisadores e profissionais da saúde, e a ética empresarial, focada no mundo dos negócios.
Num primeiro relance, tem-se a impressão de que os questionamentos da ética empresarial dizem respeito mais ao marketing da empresa do que à ética propriamente dita. Todavia, no fundo o que se busca é o estabelecimento de padrões de comportamento capazes de assegurar, no interior das empresas, a paz e o trabalho produtivo, e nas relações
comerciais, a fixação de uma imagem positiva para a empresa, visando o aumento das vendas. Portanto, a motivação deriva de preocupações comerciais, mas o objeto continua sendo o comportamento humano.
Sejam quais forem as motivações e os fundamentos, a verdade é que a ética empresarial hoje está em franco desenvolvimento, focalizada que é por muitos pensadores das mais variadas tendências filosóficas.
Mas, o que é ética empresarial? O que diferencia a ética empresarial da moral empresarial? Muitos autores tentam responder a estas questões. Para situar o leitor, serão reproduzidos a seguir alguns conceitos:
Assim, Joaquim Manhães MOREIRA escreve:
“A ética empresarial é o comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade (regras éticas)”2.
FERREL assim se exprime: “Ética empresarial compreende os princípios e padrões que orientam o comportamento do mundo dos negócios”3.
LEISINGER, por seu turno, distingue moral empresarial e ética empresarial, conceituando-as como:
“Moral empresarial é o conjunto daqueles valores e normas que, dentro de uma determinada empresa, são reconhecidos como vinculantes. A ética empresarial reflete sobre as normas e valores efetivamente dominantes em uma empresa, interroga-se pelos fatores qualitativos que fazem com que um determinado agir seja um agir bom”4.
SROUR, mais propenso a ver a ética do ponto de vista científico do que filosófico, apresenta os seguintes conceitos:
“Moral é um conjunto de valores e regras de comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer sejam uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização... A ética opera no plano da reflexão ou das indagações, estuda os costumes das coletividades e as morais que podem conferir-lhes consistência”5.
As pesquisas da ética empresarial dirigem-se a uma moral superior. As morais encontráveis no dia-a-dia das empresas podem distanciar-se imensamente dessa moral superior. Em alguns casos, essas distorções são encaradas com naturalidade: é o caso da “moral do sucesso”, que, por muitos dirigentes, é encarada como uma sadia competição pela ascensão na carreira profissional.
Por outro lado, há empresas que adotam uma postura altruísta: procuram não apenas alcançar o lucro, que é o fim de qualquer empresa comercial, mas também cumprir sua responsabilidade dentro da comunidade em que exercem suas atividades.
Este trabalho se propõe a analisar as possibilidades de realização de uma síntese positiva, interessante para as empresas, entre a “moral do sucesso” e a responsabilidade social.
1 – A “MORAL DO SUCESSO”
A moral do sucesso pode ser considerada uma corruptela da chamada “ética do trabalho”, de origem protestante.
Para o luteranismo, o trabalho sempre foi vocação, mesmo quando os católicos o encaravam como castigo para expiar os pecados. Dentro da doutrina da justificação pela fé, o homem só podia ter méritos com uma atitude de absoluta submissão à vontade de Deus. A moral luterana era uma moral do dever. A dedicação ao trabalho constituía uma obrigação para o homem que quisesse justificar-se aos olhos de Deus.
Para os calvinistas, só se salvavam os eleitos. E o sucesso no mundo era um sinal de eleição do homem por Deus. Os calvinistas estavam tão preocupados com a salvação de suas almas que, à medida que alcançavam sucesso, aumentavam a dedicação ao trabalho, para provar a si mesmos que haviam sido eleitos por Deus.
O código moral calvinista baseava-se nos princípios da frugalidade, da autodisciplina e do trabalho duro e persistente. Por isso, recusavam-se a usufruir os bens acumulados, administrando-os para gerar novas riquezas, na certeza de que Deus estava olhando com benevolência para seu esforço e seu sucesso.
A “moral do sucesso” tem como fonte originária a “ética do trabalho”, mas já não preza mais a frugalidade
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