O Desastre Ambiental de ajka
Por: André Oliveira • 22/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.077 Palavras (9 Páginas) • 404 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DISCIPLINA: ENGENHARIA ÉTICA E SOCIEDADE
PROFESSOR: ANTONIO BRUNO DE VASCONCELOS LEITÃO
ESTUDO DE CASO:
ANÁLISE DA FALTA DE CONDUTA ÉTICA QUE RESULTOU NO DESASTRE AMBIENTAL DE AJKA NA HUNGRIA.
Rômulo Luz Cortez
André Luís Pedroza de Oliveira
Teresina
Agosto de 2018
Sumário
1 Introdução 3
2 A Lama vermelha 3
3 Processo Bayer 4
4 Causas 4
5 Resgate 6
6 Penalidades 7
7 Consequências 7
REFERÊNCIAS 9
Introdução
A tragédia de Ajka é considerada o maior desastre ambiental da Hungria. Às 12:25 do dia 4 de outubro de 2010, um reservatório da Fábrica de Alumina (óxido de alumínio) de Ajka (MAL) rompeu ocasionando uma torrente de lama vermelha com rejeitos da fabricação que inundou toda a região. Gerada através do refino da Bauxita (Processo Bayer), a Lama Vermelha causou danos às cidades provocando 10 mortes e mais de 150 feridos. (KOLONTÁR REPORT, 2010) [3].
Centenas de pessoas tiveram que sair das suas casas, propriedades e perderam seus meios de subsistência, além disso, animais e vegetais que entraram em contato com a lama foram mortos.
A análise da falta de conduta ética iniciou-se com a procura da causa e dos possíveis responsáveis. O governo Húngaro que tem o dever de cumprir as diretivas da União Europeia, fiscalizar e punir as empresas, também foi investigado quanto a ética das suas ações. Da mesma forma, procurou-se analisar as condutas da alta diretoria e dos empresários.
A Lama vermelha
O resíduo gerado pelo processo Bayer foi denominado de Lama Vermelha (red mud). Na sua composição, encontra-se alto teor de óxido de Ferro Hidratado (Dando a tonalidade vermelha), titânio, óxido de alumínio, vanádio, silicato e alguns metais pesados. Sua característica alcalina, com pH > 13, a torna bastante perigosa ao meio, por exemplo, em contato com a pele humana pode causar queimaduras provocando risco à saúde. Anualmente, produz-se uma grande quantidade de Lama Vermelha devido às refinarias no mundo.
Figura 1 - Reservatório de lama vermelha em Ajka.
[pic 1]
Fonte: Ecodebate, (2010).
Processo Bayer
O processo Bayer é utilizado para a refinação da Bauxita na produção de alumina, foi desenvolvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e é dividido em 4 fases: Digestão, Clarificação, Precipitação e Calcinação (HIND et.al, 1998) [4].
Na etapa da Digestão, segundo Hind et. al. (1998), é adicionado uma solução de Hidróxido de Sódio, carbonado de sódio e cal, junto com a bauxita moída, onde ocorre a "digestão" de todo esse material à alta pressão. Nestas condições, as impurezas geradas pelo processo resultam em um resíduo insolúvel (chamado de lama vermelha).
No processo de Clarificação, utiliza-se técnicas de espessamento seguido de filtração, para a separação do resíduo insolúvel com o Licor. O espessamento é um processo de decantação onde ocorre em tanques chamados de Lavadores. O objetivo desse processo é adensar a parte sólida para que possa ser utilizado alguns polímeros (Poliacrilamida e Hidroxamatos) que induzam à floculação das partículas nos espessadores, separando assim, a fase líquida da sólida.
Na precipitação é onde ocorre o resfriamento do Licor. É adicionado um pouco de cristais de alumina para ativar o processo. Em seguida, é encaminhada para a próxima etapa e o licor (contendo NaOH) volta para a etapa da Digestão.
A última etapa do Processo Bayer é a Calcinação. Os cristais de hidróxido são lavados, para remover os resíduos restantes e em seguida são aquecidos a uma temperatura de até 1000°C onde se formam os cristais de alumina puros.
Causas
Pode-se atribuir vários fatores que resultaram no rompimento do dique da Fábrica de Alumina. O mercado de alumínio entrou em colapso devido à baixa demanda nos anos 90, para contornar tal situação, o governo decidiu privatizar o setor, e, em cada contrato das empresas, continham compromissos como: aumento de capital, empregos, desenvolvimento e preocupações ambientais. Os contratos que dizem respeito à causa ambiental não foram assinados e um dos elementos recorrente no documento, era que, anualmente, no dia 31 de março, deveria ser elaborado um relatório anual com os dados referente aos danos ambientais (JAVOR & HARGITAL, 2011, p. 20 - 22) [1].
Outro fator que contribuiu para agravar o desastre, foi a falta de tecnologia avançada para trabalhar com a Lama Vermelha. A parede de laje, que foi construída com o propósito de evitar a contaminação das águas subterrâneas, na verdade, represou a lama (precipitações também contribuíram para agravar a situação), tornando-a mais diluída e de fácil escoamento. Além disso, o governo também teria proposto uma mudança de tecnologia para drenagem à seco, que reduziria bastante a gravidade do acidente (JAVOR & HARGITAL, 2011, p. 33 - 35) [1].
ONG’s protestaram contra o descaso das empresas com o depósito de Lama vermelha, alertando-os sobre os problemas ambientais, porém, tais protestos não tiveram força no meio empresarial, por exemplo, a autoridade ambiental do Transdanúbio Norte adiou, por diversas vezes, o recultivo da Lama Vermelha, concluindo o projeto em 2005, contrariando o prazo original nos anos de 1996 e 1995 (JAVOR & HARGITAL, 2011, p. 35) [1].
Fator humano foi o principal responsável pelo rompimento da barragem. A Lama Vermelha é altamente alcalina e a falta de cuidado com seu depósito agravou a situação. Cálculos, normas, inspeção, tudo isso está interligado ao desastre. Houve negligência por parte da Fábrica de Alumina de Ajka, desrespeitando normas e visando apenas a parte financeira do processo.
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