O Jogo Xadrez E A Educação Matemática

Xadrez no ensino permitiria aumentar QI de estudantes

Universidade de Coimbra dá acção de formação gratuita a professores

Se uns lhe chamam jogo (de estratégia), outros o classificarão como desporto. O xadrez tem uma vertente que pende para a arte e outra para a ciência e é praticado por milhões de pessoas pelo globo, em torneios (amadores e profissionais), escolas, clubes, online e informalmente.

É uma questão de cultura física ou de musculação cerebral e, tal como no futebol, tem ligas, campeonatos e controlo anti-dopping. Já são vários os estudos que atestam os benefícios intelectuais que esta actividade traz aos seus praticantes. “Está cientificamente comprovado que um atleta, de qualquer idade, que pratica xadrez vê o seu QI aumentar”, afirmou ao «Ciência Hoje», Bruno Pais, professor e presidente da Secção de Xadrez da Associação Académica de Coimbra (AAC) - que promove amanhã, pelas 15h, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC) uma acção de formação gratuita para professores sobre a importância desta prática no processo de ensino.

Bruno Pais defende a introdução da actividade no ensino superior, “como disciplina opcional”, à semelhança daquilo que se faz nos Estados Unidos ou na Rússia. Embora ressalve que "o ideal seria começar numa idade mais tenra", já que permite ajudar “a desenvolver capacidades cognitivas – tais como a memória, a concentração, o raciocínio lógico e o planeamento –, a auto-estima e sentido crítico”.

O actual presidente da AAC joga desde os seus cinco anos. Foi ensinado num dia e posto a competir no seguinte num torneio que ganhou. “A partir daí nunca mais parei”, assinalou. A AAC tem mais de 70 anos, 200 atletas que jogam em todas as frentes e uma academia para jovens.

Este jogo “entreteve grandes personalidades da nossa História, como Napoleão, Einstein, Voltaire, Goethe, Benjamin Franklin e Victor Hugo, é um excelente recurso pedagógico para desenvolver uma aula diferente e mais criativa”, assegurou o presidente da AAC. A acção de formação é gratuita e dirigida a professores de todos os níveis de ensino, dará a conhecer “o jogo, a sua história, algumas das suas potencialidades na evolução das capacidades dos alunos e, ainda, algumas dicas da arte de o bem jogar”.

A iniciativa insere-se no âmbito da iniciativa «Chá das Três», um ciclo de acções de curta duração dirigidas a professores e educadores de diversas áreas científicas.

Lenda

Segundo uma das inúmeras lendas, o xadrez terá sido inventado na Índia, a pedido de um rajá. De acordo com a versão, um membro da casta sacerdotal terá inventado um jogo que o distraísse e, este, incluia peças que representariam a infantaria. O rajá satisfeito insistiu para que o inventor aceitasse uma recompensa e este apenas pediu que fosse colocado um grão de trigo na primeira casa do tabuleiro, multiplicando-o nas seguintes, até a última casa.

Na altura de fazerem os cálculos para que a quantia em grãos fosse paga, verificaram que as colheitas do reino, durante dois mil anos não seriam suficientes. Esta é uma forma de compreender “a habilidade matemática” que o jogo requer, explicou ainda Bruno Pais.

O primeiro torneio moderno ocorreu em Londres em 1851 e o campeão foi o alemão Adolf Anderssen, relativamente desconhecido à época, sendo aclamado como um dos melhores jogadores