O USO DE AREIA RECICLADA EM ARGAMASSA
Por: Arthur Vernacci • 5/12/2018 • Artigo • 2.330 Palavras (10 Páginas) • 287 Visualizações
USO DE AREIA RECICLADA EM ARGAMASSA
Arthur Venancio Vernacci; Henrique de Alcaraz Reale; Luca Nakamura Mattazio; Naomi Mendes Obata; Victor Martin Felix dos Santos
RESUMO
A argamassa é um importante material para a construção civil, utilizada em revestimentos internos e externos, assentamentos de blocos cerâmicos, e contrapiso. Ela apresenta, em sua composição, areia natural, cimento e cal hidratada. A proposta deste trabalho é substituir a areia natural pela areia reciclada no desenvolvimento de argamassa com o intuito de dar um uso ao agregado reciclado. Com essa finalidade, foram realizados diversos ensaios – de acordo com a norma NBR- a fim de caracterizar o agregado reciclado; e analisar a consistência e resistência da argamassa com e sem areia reciclada. Em seguida, a partir dos resultados dos experimentos, foi possível comparar a argamassa composta por areia reciclada com a argamassa sem o agregado reciclado, definir o teor de agregado reciclado e verificar a adequação da substituição proposta.
Palavras-chave: Resíduo de construção, reciclagem, agregado natural, agregado reciclado.
1.INTRODUÇÃO
O reaproveitamento de resíduos apresenta-se como uma alternativa para a destinação ao aterro, onde a reciclagem se destaca como uma forma de reaproveitamento na engenharia civil que pode ser vantajosa tanto para a empresa, mas principalmente ao meio ambiente. É possível modificar a composição do produto final ao inserir produtos reciclados nele, sem impactar negativamente, mas sim mantendo ou aumentando sua qualidade e garantindo que ele esteja de acordo com as normas.
Entretanto, no caso da substituição de areia natural por reciclada na composição da argamassa, é necessário antes verificar a viabilidade. A definição de argamassa, na engenharia civil, é de uma mistura homogênea de cimento, água, areia com ou sem aditivos, cujas proporções e características dos componentes alteram as suas propriedades e, portanto, é preciso analisar e caracterizar o agregado miúdo reciclado e as propriedades tanto da argamassa com o material reciclado quanto da sem, a título de comparação entre os efeitos. Dependendo das propriedades e características, é possível verificar se a areia reciclada é adequada a um certo uso e se é vantajosa a substituição.
Para caracterizar amostra de areia reciclada, deve ser analisada a proporção dos diferentes tamanhos de grãos; a quantidade de material fino; a quantidade de massa de água absorvida. Para caracterizar a argamassa, é necessário determinar sua a consistência e a resistência.
2. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo realizar a caracterização dos agregados reciclados, conforme as normas técnicas vigentes, de forma a se avaliar seu uso em substituição ao agregado natural em uma argamassa.
3. EXPERIMENTOS
Nesta seção, são descritos todos os ensaios realizados com o agregado reciclado e com a argamassa.
3.1. Caracterização do agregado reciclado
A amostra de areia reciclada foi conseguida na usina de reciclagem Renotran, em Carapicuíba/SP. Segundo a empresa, ela foi obtida através da moagem de resíduos mistos de construção civil. Em um primeiro momento, foi utilizado o quarteador tipo Jones para separar as sub-amostras que serão utilizadas nos ensaios. Para compreender o efeito do agregado na argamassa, foi necessário caracterizá-lo segundo normas técnicas, descritas a seguir.
Imagem 1: Agregado reciclado
3.1.1. Determinação da composição granulométrica (NBR NM 248:2003)
A composição granulométrica é obtida a partir do peneiramento de uma amostra de 300g, dividida em duas partes. As peneiras, de 75 μm até 4,75 mm, são ordenadas em ordem crescente de abertura de malha, para ser colocada a primeira parte da amostra na peneira superior. Cada peneira é destacada e agitada manualmente por dois minutos, onde é obtida a massa do material retido do lado interno, sendo o procedimento realizado para todas as peneiras e o fundo do conjunto. O ensaio é repetido para a segunda parte da amostra.
3.1.2. Determinação do material fino por lavagem (NBR NM 46:2003)
O material fino é obtido a partir de uma amostra de 500 g, colocada em um recipiente e coberta por água, onde é agitada de modo a fazê-lo ficar em suspensão, para depois ser vertida sobre a peneira 75 μm. O processo é repetido diversas vezes, até que a água saia clara e a porcentagem fina tenha sido retirada. O material retido na peneira é retornado à amostra, para ser secado em estufa e determinada sua massa.
3.1.3. Determinação da absorção de água (NBR NM 30:2001 - adaptada)
Uma amostra de 1 kg é coberta de água por 24 horas. Posteriormente, a água é descartada e a amostra encharcada é colocada em uma panela, para ser aquecida e retirar a água livre por evaporação. A areia é colocada em um tronco-cônico metálico, onde aplicam-se 25 golpes e é levantado verticalmente: se conservar a forma do molde, o agregado ainda possui umidade superficial, devendo portanto ser retornado à panela. A secagem é realizada até que o cone se desmonte quando levantado, obtendo assim a condição de agregado saturado com superfície seca, para ser determinada sua massa.
Imagem 2: Teste de absorção de água
3.2 Argamassa com areias natural e reciclada
Após a caracterização do agregado reciclado, é necessária a determinação de suas características no estado fresco e endurecido, sendo as primeiras ligadas à trabalhabilidade e a consistência da argamassa, e as segundas. à resistência à tração na flexão e à compressão.
3.2.1. Determinação do índice de consistência (NBR 13276:2016 - adaptada)
Logo após a preparação da argamassa, deve-se preencher o molde tronco-cônico, posicionado no centro da mesa para índice de consistência, com três camadas sucessivas, e aplicar, respectivamente, quinze, dez e cinco golpes com o soquete. Após o rasamento da argamassa, deve-se retirar o molde e medir o espalhamento
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