RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Por: Laura Storck Drescher • 7/7/2020 • Artigo • 3.127 Palavras (13 Páginas) • 195 Visualizações
RECICLAGEM DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Laura Storck Drescher
Centro Universitário Metodista – IPA, Porto Alegre, Brasil, laura-drescher@hotmail.com Vinícius Ferreira dos Santos
Centro Universitário Metodista – IPA, Porto Alegre, Brasil, vin_fs@hotmail.com
RESUMO: A preocupação quanto à geração de resíduos sólidos oriundos da construção civil vem crescendo pouco a pouco no Brasil. As empresas passaram a ser cobradas pelo destino dado aos resíduos gerados a partir da resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que “estabelece diretrizes, critérios e procedimentos” para a gestão desses resíduos e torna obrigatória a criação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC) que visa minimizar tais resíduos e reduzir gastos com seus tratamentos e disposição final. Essa pesquisa visa abordar o processo, os benefícios e as dificuldades da gestão dos RCC, além de destacar os possíveis destinos e usos recomendados para agregados reciclados.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão de resíduos, Construção Civil, Reciclagem.
- INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das tecnologias visa auxiliar e melhorar a vida do ser humano, trazendo inúmeros benefícios. Porém, esses avanços também trazem consigo seu lado negativo, relacionado à grande geração de impactos ambientais.
Já se verifica o grande avanço na qualidade da construção civil, que passa a investir em tecnologias e qualificação como forma de aumentar a produtividade e reduzir os desperdícios (SINDUSCON-CE, 2011).
A indústria da construção civil ocupa posição de destaque na economia nacional, quando considerada a significativa parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela qual é responsável e também pelo contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega. Por outro lado, esta indústria é responsável por cerca de 50% do CO2 lançado na atmosfera e por quase metade da quantidade dos resíduos sólidos gerados no mundo (JOHN, 2000).
O impacto ambiental causado pelo manejo inadequado dos RCC através do assoreamento de corpos d´água, obstrução de corpos de drenagem e atração de vetores em função do acúmulo de outros resíduos se refletem de forma dramática, particularmente nos grandes centros urbanos, nas inundações, na degradação da paisagem urbana com impactos sociais severos além de perdas materiais. Atualmente, a culpa para muitas enchentes e cheias de rios são depositadas na falta ou na má execução do manejo de resíduos sólidos, inclusive os da construção civil. Apesar de ser sabido que os sistemas de drenagem pluvial das cidades têm um tempo predeterminado de vida útil, é fato que há grande responsabilidade do lixo urbano e de construção nesses eventos.
Os custos para a reciclagem de alguns
RCC são elevados e aumentam consideravelmente o orçamento de pequenas construções, fazendo com que seu descarte seja feito de forma inadequada e arriscada.
Com a resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, empresas geradoras, transportadores e gestores municipais passam a compartilhar as responsabilidades quanto ao gerenciamento destes resíduos, ficando com os municípios a responsabilidade de definir uma política municipal para os resíduos da construção civil, incluindo sistemas de pontos de coleta.
- GESTÃO DOS RESÍDUOS
- O ENTULHO
Segundo definições da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), entulho (como também é chamado o resíduo da construção civil) é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas, como prédios, residências e pontes. O entulho de construção (Figura 1) compõe-se, portanto, de restos e fragmentos de materiais, enquanto o de demolição é formado apenas por fragmentos, tendo por isso maior potencial qualitativo, comparativamente ao entulho de construção.
Estima-se que a geração de entulho no
Brasil é da ordem de 100 milhões de toneladas por ano (tons/ano). A estimativa baseia-se na geração por habitante de 0,5tons/ano, comprovada pela pesquisa na cidade de Macaé (IBGE, 2008).
Os resíduos da construção civil fazem parte dos resíduos sólidos urbanos que são produtos nos estado sólido ou semi- sólido, resultantes de diferentes atividades e são classificados de acordo com suas características físicas pela Norma
Brasileira nº 10.004 (ABNT, 2004).
Na norma, os resíduos de construção civil se enquadram na classe IIA, que é composta por resíduos não inertes e podem apresentar propriedades como solubilidade em água, biodegradabilidade e/ou combustilidade.
A resolução nº 307/2002 do CONAMA, apresenta as definições e classificações dos resíduos da construção civil, o que permite melhor manuseio (Tabela 1).
- A ORIGEM DOS RESÍDUOS
Da construção civil são originados consideráveis volumes de resíduo. Este resíduo é constituído por minerais não metálicos, adequados à produção de agregados e possui outras frações: metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, madeira e até mesmo gesso de construção (MENDES, 2008).
Os RCC são caracterizados pela heterogeneidade, compostos basicamente por:
- Concreto, argamassa e rochas que apresentam, inicialmente, um alto potencial de reciclagem;
- Materiais de origem cerâmica, como blocos, tijolos e lajotas, que podem ser reciclados sem necessidade de uma série de etapas de beneficiamento;
- Argila, areia e solos, que podem ser separados facilmente por meio de peneiramento;
- Asfalto;
- Metais ferrosos utilizados pela indústria metalúrgica;
- Madeiras;
- Outros materiais contendo papel, papelão, plásticos, borrachas, entre outros, passíveis de serem reciclados, que quando apresentam
irregularidade, devem ser tratados e dispostos adequadamente.
- O PROCESSO DE GESTÃO DOS RESÍDUOS
Após a produção do resíduo sólido, cabe à empresa geradora destiná-lo a locais apropriados, sejam aterros ou centros de reciclagem.
Esse procedimento está previsto no PGRCC desenvolvido para cada obra e deve contar com a identificação, classificação e previsão de volume de geração de resíduo (Tabela 2), bem como metas para sua redução, coleta, tratamento, transporte e disposição final. Toda a empresa que visa fazer o transporte e tratamento de qualquer resíduo deve estar capacitada e licenciada para tal serviço.
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