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Resenha do artigo: Educando para a criatividade em engenharia

Por:   •  9/8/2018  •  Resenha  •  1.413 Palavras (6 Páginas)  •  586 Visualizações

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Artigo: “Educando para a criatividade em engenharia”, de George A. Wood Jr.

O autor inicia o referido artigo comentando sobre a criatividade na engenharia e faz referência a definição dada por Rollo May, que diz o seguinte: “criatividade é o processo de trazer algo novo para dentro da rotina”. É ponderado também que grande parte da engenharia tem pouco a ver com a criatividade em seu significado mais amplo. O autor menciona que muitos engenheiros escolhem não atuar em empreendimentos criativos e preferem as áreas de análise, teste e aprimoramento de produtos e/ou processos, bem como atuar em áreas de gestão. Concordo com o autor em seu posicionamento, pois conheço muitos engenheiros que hoje se dedicam às áreas de gerência dentro de indústrias e pouco se envolvem nos processos produtivos e criativos, propriamente ditos.

A teoria de que o desempenho criativo seja o mais importante é rechaçada pelo autor, ponderando que para muitos engenheiros a experiência criativa não é a mais satisfatória. O autor menciona também que seria irreal acreditar que as escolas de engenharia tivessem como propósito formar exclusivamente “engenheiros criativos” com o sucesso atribuído a um “quociente de criatividade”. De fato, cada pessoa, cada profissional, pode se realizar de diferentes maneiras em diferentes campos de atuação.

É ponderado que se um aluno com natureza criativa encontrar na escola um ambiente favorável ao seu desenvolvimento criativo, poderá potencializar esse seu desenvolvimento. Esse argumento aborda a influência do meio sobre o indivíduo, que considero válida.

O autor busca revelar o processo criativo como ele tem entendido através dos seus mais de 30 anos de carreira na engenharia, como projetista de máquinas. Explorar sua experiência para identificar aspectos positivos no desenvolvimento de profissionais criativos. Comenta que para ele, os momentos de maior alegria e satisfação envolviam realizações criativas, tanto pessoais quanto de colegas.

Dentro desse contexto, narra um episódio ocorrido na Primeira Conferência de Mecânica Aplicada, em Tusla/Oklahoma. Um trabalho intitulado “O mecanismo de quatro barras como um mecanismo de ajuste” despertou sua atenção. O trabalho contava com apenas uma equação e cinco figuras, o que destoava de artigos voltados a analise dos problemas de mecanismos. O problema apresentado era de ajuste de um espelho em um galvanômetro óptico. A solução apresentada no trabalho foi baseada na montagem dos elementos de forma nova. O autor comenta que o trabalho não recebeu o reconhecimento que deveria por parte dos avaliadores, mas que considerava um excelente exemplo de um momento criativo na vida de um homem criativo.

Na sequência o autor propôs analisar o referido trabalho e reconstituir os passos seguidos pelo autor do trabalho no desenvolvimento da solução, na sua visão.

A necessidade do trabalho deve ter surgido como uma demanda na companhia em que trabalhava. O problema lhe foi apresentado e uma solução foi requerida. Foram apontados os requisitos necessários da solução, como baixo custo, melhoria de estabilidade de ajuste, manter aparência limpa, etc. Recebeu uma lista de especificações que deveriam ser atendidas, o orçamento previsto para o projeto e os prazos para as entregas.

A partir daí o autor menciona as fases do processo de criação de uma solução, pelas quais o autor do trabalho deve ter passado. Tendo início pela pesquisa, a fim de ter um conhecimento robusto sobre o equipamento que precisava projetar, conhecer equipamentos similares, seu funcionamento, podendo visualizar as funções de cada elemento dentro do equipamento.

A seguir viria a fase de idealização, na qual o projetista precisava imaginar, como se fosse um usuário/consumidor, as funções que teriam valor percebido. Imaginar o que deveria ter e como funcionar. O que causaria dificuldades no seu uso e o que poderia atrair a atenção positivamente. Dedicou bastante tempo a analisar as formas possíveis de rotação em torno de um ponto arbitrário. A cada solução que imaginava, começava a analisar e encontrar defeitos e a necessidade de melhorar a proposta. Não conseguia vislumbrar uma solução – o que chama de fase de frustração.

O projetista passou a se dedicar aos demais elementos do equipamento e continuava a pensar no mecanismo de rotação. Um dia veio a imagem a sua cabeça de um sistema com base em umas das características elementares de um mecanismo de quatro barras -  a chamada fase de incubação. Ele começou a imaginar a solução, com riqueza de detalhes. Imaginava cada componente em sua cabeça. Nesse momento, um sentimento de satisfação tomava conta de si. E essa alegria não residia em saber que os seus chefes ficariam impressionados e sim na sua conquista pessoal de ter conseguido se superar e encontrar a solução para o problema existente até então.

O autor comenta que considera como elemento-chave no esforço criativo a visão e o conhecimento básico, pois reforçam o sentimento de que a solução encontrada é, de fato, a correta.

Para um projetista, por exemplo, o autor menciona que esse deve ter curiosidade de saber como funciona cada máquina que ele conhece. Que isso deve ser uma forma de treino, de se exercitar. Que ele deve ser capaz de imaginar o funcionamento de uma máquina mesmo com ela parada.

O autor pondera também que algumas vezes se pode chegar a soluções que não são as mais corretas e, até mesmo, consideradas erradas. Entretanto, isso não deve desvirtuar o processo criativo. Errar/falhar faz parte do processo de aprendizagem. Nesse ponto também concordo com o autor, pois considero o ato experimentar uma das formas mais efetivas de aprendizagem. E erros devem ser entendidos como oportunidades de melhoria e não como barreiras à inovação.

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