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Reunião de culturas

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Por:   •  26/1/2014  •  Resenha  •  2.134 Palavras (9 Páginas)  •  312 Visualizações

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O Encontro de Culturas

A visão do outro

Os outros, aqueles que são diferentes de nós e com os quais não nos identificamos, mas

que julgamos a partir de nós mesmos, ou seja, o que não conhecemos porém classificamos,

conceitos prévios de algo que não sabemos, a essência do preconceito (pré-conceito).

Ao classificar algo que não conhecemos, utilizamos parâmetros exclusivamente nossos,

assim, se chamamos alguém desconhecido de selvagem, de bárbaro, estamos na realidade

falando de nós mesmos, pois o outro certamente não possui nada do que erroneamente

imaginamos, estamos vendo-os pela primeira vez, daí talvez a origem dos conflitos culturais,

pois sempre achamos que nós, nossa cultura, é a correta, a escolhida, a que foi abençoada

por Deus.

Quando a sociedade em questão é a sociedade européia, um fenômeno surge em relação

à descrição do outro, daquele não europeu, assim que esses são descobertos do ponto de

vista intelectual frente à diversidade, um fenômeno recorrente, no qual “A reacção instintiva

do Ocidente face aos povos exóticos é o etnocentrismo que implícita ou mesmo

explicitamente, ajuíza das sociedades “não européias” pelo modo europeu” (COPANS,

1971:14).

No entanto, o conhecimento do outro é um processo lento, que envolve o querer conhecer

e despir-se, se possível, de si mesmo para poder apreender o outro, aprender com o outro,

conhecer-se a partir do outro.

2 Antropologia e Cultura Brasileira - O Encontro de Culturas Universidade Anhembi Morumbi

“(...) Podem-se descobrir os outros em si mesmo, e perceber que não se é

uma substância homogênea, e radicalmente diferente de tudo o que é si

mesmo; eu é um outro. Mas cada um dos outros é um eu também, sujeito

como eu. Somente meu ponto de vista, segundo o qual todos estão lá e

eu estou só aqui, pode realmente separá-los e distingui-los de mim. Posso

conceber os outros como uma abstração, como uma

instância da configuração psíquica de todo indivíduo, como o Outro,

outro ou outrem em relação a mim.Ou então como um grupo social con-

creto ao qual nós não pertencemos. Esse grupo, por sua vez, pode estar

contido numa sociedade: as mulheres para os homens, os ricos para os

pobres, os loucos para os “normais”. (...)”. (TODOROV, 1999:3).

Para os gregos antigos, o termo “bárbaro” era usado para designar todo aquele que

não falava grego, a única língua civilizada. Interessante percebermos como a civilização

persa, a grande inimiga dos gregos antigos, também referiam-se aos gregos da mes-

ma forma. Duas grandes civilizações que julgavam um ao outro como incivilizados, um

paradoxo que quase sempre acompanhou o encontro de culturas. O termo “bárbaro”

também foi amplamente utilizado pelos Romanos, designando os incivilizados, aqueles

que não falavam, dessa vez, o latim.

ESTRABÃO, geógrafo grego, considerado o pai da geografia, em suas viagens à Ásia

Menor, além de relatos ligados à geografia física, descreve os costumes dos povos,

numa crônica que mostra-nos como o conhecimento dos gregos antigos procurava

retratar o todo, pois a paisagem não é dissociada de seus atores, deixando escapar em

suas palavras o choque que determinados costumes causava em si e em sua cultura,

particularmente em relação à prostituição sagrada em honra às deusas da

fertilidade, costume presente na Ásia Menor, na Pérsia e Egito (SALLES, 1987). Esse

choque de culturas demonstra como um costume sagrado para uma determinada

cultura pode ser considerado profano para outras. Tal espanto transparece em sua

3 Antropologia e Cultura Brasileira - O Encontro de Culturas Universidade Anhembi Morumbi

descrição sobre essa prática no culto a deusa Anahita, a grande deusa das águas, da

fertilidade e da procriação para os armênios (op cit):

“(...) E o que mais surpreende é o fato de que os homens mais eminen-

tes do país consagram suas filhas ainda virgens: a lei determina que

elas se entreguem à prostituição durante muito tempo, em benefício

da deusa, antes de serem dadas em casamento; e ninguém julga uma

indignidade casar com elas depois.” (ESTRABÃO, Geografia, XI, 14, 16.

Apud SALLES, 1987:33).

Na Idade Média, os viajantes preenchem o imaginário europeu com relatos, muitas

vezes

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