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Transporte de carga ferroviária no Brasil

Seminário: Transporte de carga ferroviária no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/5/2014  •  Seminário  •  2.898 Palavras (12 Páginas)  •  405 Visualizações

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Transporte de Cargas por Ferrovias no Brasil

O transporte de cargas por ferrovias no Brasil vive um momento de retomada, de renascimento. Como a malha ferroviária possui apenas cerca de 29 mil km de extensão e a maior parte das suas linhas está distante de centros urbanos, muita gente desconhece sua existência. Há até quem imagine que no País só existam trens de passageiros. Mas, mesmo com poucos trilhos cortando o Brasil, o transporte não só existe como já é responsável pela movimentação de 25% de toda a carga transportada no Brasil.

A projeção do governo é aumentar esta participação para 32% até 2020, graças aos investimentos previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) para a ampliação da malha ferroviária. Mas, a grande verdade é que o desempenho das ferrovias é fruto de muito trabalho e investimentos. Desde que assumiram o controle das ferrovias, em 1997, as concessionárias já investiram mais de R$ 24 bilhões na recuperação da malha, na adoção de novas tecnologias, na redução dos níveis de acidentes, em capacitação profissional e na aquisição e reforma de locomotivas e vagões.

Os números do setor nestes 14 anos de concessão deixam evidente que a gestão conduzida pela iniciativa privada tem sido um sucesso. Basta analisar os resultados. A movimentação de cargas aumentou 86%, passando de 253,3 milhões de toneladas para 471,1 milhões de toneladas por ano. Crescimento alavancado pelo transporte de produtos siderúrgicos e de commodities agrícolas como soja, milho e arroz. Hoje as ferrovias também têm sido muito procuradas para a movimentação de açúcar, de combustíveis, de produtos petroquímicos e de materiais da construção civil.

Além disso, a produção das ferrovias cresceu 104,1%, de 1997 a 2010, aumentando de 110,2 para 280,1 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil). Neste mesmo período, o aumento do PIB brasileiro foi de 47,8%, o que demonstra que a produção do modal ferroviário foi superior em mais de 100%. A União também tem sido beneficiada com os resultados positivos. Desde que a iniciativa privada assumiu a prestação de serviços de transporte ferroviário, a União já arrecadou aos cofres públicos mais de R$ 5 bilhões somente com o pagamento das parcelas de concessão e arrendamento da malha. Se forem somados os valores pagos em impostos municipais, estaduais e federais, além da Cide, o montante arrecadado pela União chega a R$ 13,8 bilhões.

A malha ferroviária em operação no Brasil para o transporte de cargas totaliza 28.476 km, divididos em 12 concessões, que estão sob a responsabilidade de 10 concessionárias, sendo 9 delas privadas: ALL – América Latina logística Malha Norte; ALL – América Latina Logística Malha Oeste; ALL – América Latina Logística Malha Paulista; ALL – América Latina Logística Malha Sul; Ferrovia Centro-Atlântica; Ferrovia Tereza Cristina; MRS Logística; Transnordestina Logística; e Vale.

Além dos ganhos financeiros, a natureza também lucra com o uso das ferrovias para o transporte de cargas. Para se ter uma ideia, um trem de carga com 100 vagões tira das estradas cerca de 357 caminhões. O que significa menos poluição e menos acidentes.

Apesar de todas as vantagens e benefícios, o setor ferroviário enfrenta alguns entraves que dificultam suas operações, consequentemente, seu desempenho: a existência de moradias irregulares no caminho das ferrovias, 12.500 pontos de cruzamento entre trens, veículos ou pedestres - chamados de passagens em nível e o adensamento populacional próximo das ferrovias, que requer a construção de contornos ferroviários. Esses “obstáculos” obrigam os trens a circularem com velocidades muito baixas, variando entre 28 km/h e 5 km/h.

Há ainda outros problemas sérios que afetam o crescimento do transporte de cargas, como o sistema tributário, a dificuldade de acesso e operação nos portos brasileiros, que acaba gerando atrasos nos carregamentos dos navios e consequente pagamento de multa, além da falta de integração entre os modais.

Transportes Mais Inteligentes

As ferrovias precisam se tornar ainda mais instrumentadas. Hoje, dispositivos de linha monitoram assinaturas acústicas e temperatura das rodas na maioria das ferrovias americanas e em algumas na Europa. Etiquetas de RFID, lidas por infraestruturas fixas ao lado da linha, ajudam a identificar os vagões, enquanto redes wireless e sistemas de vídeo monitoram ativos nas estações. Mas novos modelos e práticas de negócio estão entrando em uso. Passageiros podem vir a ser cobrados com base no uso real. A manutenção pode ser iniciada com base em predições acuradas das necessidades, em vez de em programas regulares. E sistemas avançados de câmeras de vídeo podem proporcionar maior segurança para passageiros, material rodante e cargas.

Redes ferroviárias são um dos exemplos mais antigos de sistemas interconectados, mas hoje existem enormes oportunidades de melhoria. Bloqueios programados podem gerar uma maior utilização dos ativos e da capacidade de transporte tanto de cargas quanto de passageiros. Redes mais amplas de linhas de alta velocidade para passageiros, com sistemas integrados de horários, emissão de bilhetes e serviços, estão sendo desenvolvidas na Europa e na China, apesar de os fabricantes de sistemas ferroviários europeus e canadenses estarem olhando, além de seus já mais maduros mercados, para ambiciosos projetos ferroviários no Qatar, Kuait, Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.

Colocar todos esses dados e processos em funcionamento vai exigir uma infraestrutura de transporte mais inteligente. As vantagens fazem da ferrovia a opção de transporte do futuro. Sistemas móveis de monitoramento vão dar mais inteligência às ferrovias através da captura contínua, em tempo real, e da análise de dados críticos, tais como a saúde do material rodante, bem como de dados operacionais, desde a verificação de manifestos até as condições da carga e a detecção de intrusos. Sensores nos vagões vão enviar mensagens com base em modelos decisórios e análise de dados. Rotinas autonômicas vão distribuir as informações da maneira mais apropriada, despachando serviços, encomendando peças, programando manutenções e fazendo diagnósticos remotos. No futuro, essas tecnologias móveis poderão reduzir a necessidade de infraestruturas fixas ao longo da linha, dando às ferrovias a flexibilidade e capacidade de resposta de que elas precisam para tomar decisões relacionadas à escala das tripulações, à colocação ou retirada de vagões e à integração do transporte de passageiros e cargas de forma mais harmoniosa, com muito menos atrasos.

Tudo isso não vai acontecer sem investimentos

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