Tratamento de efluentes industriais – Papel e Celulose

Tratamento de efluentes industriais – Papel e Celulose

No Brasil o setor produtivo de papel e celulose contribui de forma relevante para o desenvolvimento do país, visto que produz uma grande variedade de produto para atender as necessidades humanas, emprega um grande número de funcionários, e movimenta volumes elevadores de recursos financeiros.

A indústria de papel e celulose é um grande consumidor de recursos naturais (fibras vegetais, energia e água), libera mais de 62 milhões de metros cúbicos de efluentes, o que corresponde ao consumo doméstico de água de aproximadamente 200 milhões de pessoas. O impacto ambiental causado por estas descargas líquidas é um problema de caráter grave.

A cadeia produtiva do setor abrange as etapas de produção de madeira, energia, celulose e papel, reciclagem de papel, produção gráfica e editorial e também atividades de comércio, distribuição e transporte. É importante salientar que a cadeia produtiva de papel e celulose possui um contingente econômico altamente oneroso ligado ao transporte de madeira, por isto os projetos de industrialização de produtos de base florestal necessitam ser instalados próximos a maciços florestais plantados, normalmente localizados em regiões distantes dos grandes centros urbanos.

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A celulose é obtida a partir da madeira de eucalipto, iniciando o processo na área de manuseio da madeira. Neste segmento acontece primeiramente o preparo da madeira, com um prévio reconhecimento desta, para logo passar ao descascamento e à picagem. Na sequência tem-se o cozimento da madeira, a lavagem e a depuração da mesma, o processo de  branqueamento da celulose, atendendo sistemas, produtos e índices de qualidade. Finalizando ocorre à produção do papel, extração, secagem, rotulagem e identificação, vendas e exportação, seguido da etapa final do processo, ao encargo dos varejistas, que realizam a distribuição do produto final ao consumidor. Não detalhei cada etapa, se você achar necessário descrever tudo bem.

As principais fontes de efluentes são: descargas do digestor, lavagem dos resíduos de cal, filtros de lixívia, fornos de cal, vazamentos de lixívia negra, lavagem da polpa, águas residuais do branqueamento e água branca (água residual da fábrica que contém fibras, sólidos em suspensão, cola, amido, material de enchimento, corantes, tinta e óleos e graxas).

Porém, as áreas mais criticas da indústria, em relação Às características do efluente, são o cozimentos e o branqueamento. O processo de cozimento é responsável pela geração de efluentes com alta demanda bioquímica (DBO), turbidez, cor, sólidos suspensos e baixas concentrações de oxigênio dissolvido. Os efluentes resultantes do processo de branqueamento são fortemente coloridos e contêm mais de 300 componentes orgânicos, principalmente fenóis clorados, os quais apresentam toxicidade para muitos organismos aquáticos e alta resistência a degradação.

Nos últimos anos a indústria de papel e celulose, vem sendo obrigada a fazer modificações e adaptar os seus processos de produção, para um melhor desempenho ambiental, cumprindo as exigências legais.

O tratamento de efluentes líquidos na fábrica de celulose é composto por quatro etapas distintas com diferentes objetivos:

1. Tratamento preliminar: Seu objetivo é remover os sólidos grosseiros. Geralmente são adotados dois tipos de tratamento preliminar:

• Resfriamento do efluente: é mais utilizado uma vez que o efluente pode chegar à estação com temperaturas superiores a 45°C, e a temperatura ideal para o tratamento secundário biológico é de 35°C, devendo o mesmo ser resfriado antes de entrar no reator biológico.
• Remoção dos sólidos grosseiros: Pode ocorrer por gradeamento ou ajuste de Ph. Além de remoção de areia através de caixas de areia para o tratamento setorial no pátio de madeira, uma vez que as toras, vindas do campo podem conter muita areia.

1. Tratamento primário: Remove os sólidos em suspensão que são um dos principais poluentes encontrados nos efluentes líquidos das fábricas de papel e celulose.

Os efeitos poluidores dos sólidos em suspensão lançados diretamente nos corpos d’água, são além de problemas estéticos, depósitos de lodo no fundo e adsorção de poluentes. É extremamente recomendável a remoção de sólidos suspensos antes de um tratamento biológico secundário, pois o excesso de sólidos suspensos pode prejudicar significativamente a sua eficiência.

Essa remoção, é feita normalmente através de decantação por gravidade em um decantador primário, e em alguns casos, através de flotação.O efluente resultante é encaminhado ao tratamento secundário. O lodo gerador é recolhido e enviado ao processo de adensamento.

Os sólidos suspensos nos efluentes de fábricas de papel e celulose são basicamente fibras de celulose, aditivos usados na fabricação de papel, e, quando existentes, materiais provenientes do revestimento de papéis.

3. Tratamento secundário biológico: Reduz DQO e DBO (demanda bioquímica de oxigênio) solúvel.