VOLUNTARIADO NA ADOLESCÊNCIA, IMPACTO NA AUTO-EFICACIA E CONCEPÇÃO POSITIVA
Por: victor ribeiro • 1/8/2020 • Trabalho acadêmico • 1.786 Palavras (8 Páginas) • 139 Visualizações
https://core.ac.uk/reader/12424730 ...”Filanterapia”
A hipótese que se coloca é que o voluntariado reforce as expectativas de auto-eficácia e que estas, por sua vez, funcionem como facilitadoras da capacidade de alcançar a concepção positiva de si.
A investigação partiu da análise qualitativa de entrevistas realizadas a oito participantes com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, numa perspectiva exploratória.
Os resultados apontam para o potencial benéfico do voluntariado, nomeadamente em termos de satisfação, crescimento pessoal e aumento da compreensão do mundo e de realidades diferentes daquelas em que os participantes vivem. No entanto, o estudo é inconclusivo no que diz respeito à relação da prática de voluntariado com a auto-eficácia geral percebida e com a concepção positiva de si.
O voluntariadoé um exemplo privilegiado daconduta deserviço aos outros e desta relação de ganhobilateral que se pode estabelecer através dos resultados do trabalho voluntário junto das pessoas ou grupos que pretende favorecer e do retornoque tem no voluntário, manifestoem benefícios aos mais diversos níveis. Actualmente acredita-se que o trabalho voluntário possa ser tão benéfico para quem pratica voluntariado como para aqueles a quem esse trabalho se dirige (Wilson & Musick, 2000).
O aumento da satisfação com a vida é outro benefício do voluntariado. No entanto, o voluntariado não é reforçador em si mesmo. Assim, pessoas que se envolvam em actividades de voluntariado imersas em propósitos instrumentais (como por exemplo, tendo em vista a obtenção de um emprego) poderão não experimentar efeitos neste sentido. Por outro lado, o voluntariado constitui-se como um processo auto-reforçadorno que concerne à felicidade (indiciada pela satisfação com a vida). Assim, o voluntariado proporciona maiores níveis de felicidade e, concomitantemente, as pessoas mais felizes também têm maior probabilidade de fazer voluntariado (Meier & Stutzer, 2004).
Dum estado de revisão bibliográfica conduzido por Konwerski e Nashman (2008) destacam-se benefícios para a saúde, tais como uma maior rapidez na recuperação de problemas de saúde, a redução do stress, a estimulação do sistema nervoso e do sistema imunitário ea redução da frequência cardíaca e da pressão sanguínea. Dados da Corporation for National and Community Service [CNCS] (2007)
Do ponto devista psicológico tem-se que contextos comunitários como os das organizações de voluntariado podem criarcontribuir para a aquisição de papéis sociais e para reforçar o sentimento de identidade de quem neles participa (Shinn, 2007).
O desenvolvimento cognitivo dos adolescentes abre caminho à reflexão e à tomada de consciência sobre si mesmos.A auto-representação que os adolescentes desenvolvem desempenha um papel central no seu ajustamento geral, na qualidade de vida e no planeamento do futuro, na medida em que todas as nossas auto-avaliações podem ser activas na formação das nossas percepções e decisões (Markus & Wurf, 1987, cit. por Alsaker & Kroger, 2006). Este papel pode ser positivo ou prejudicial, conforme a auto-representação for positiva ou depreciativa (Alsaker & Kroger, 2006).
ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO
1.Objectivos e metodologia. A presente investigação tem como objectivo averiguar a relação existente entre a prática de voluntariado, a percepção de auto-eficácia geral e a concepção positiva de si em adolescentes que praticam voluntariado.
2.Recolha de dados
2.1.Caracterização do grupo de participantes
Para a constituição do grupo de participantes desta investigação procedeu-se ao recrutamento por conveniência em dois contextos: através do projecto SolSal –Solidariedade Salesiana, em que a investigadora realizou um estágio académico durante o ano da investigação, e recorrendo a contactos pessoais da investigadora. Num e noutro contexto, foram contactados adolescentes que estão ou já estiveram envolvidos em actividades de voluntariado.
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Outro tipo de dados importantes para a caracterização do grupo de participantes deste estudo é o que permite caracterizar o envolvimento de cada um no voluntariado. Para tal foram considerados os seguintes dados: a) Tipo–descriçãomuito geral das tarefasdesempenhadas pelos participantes no âmbito do voluntariado; b)Início –idade com que os participantes referem ter iniciadoas actividades de voluntariado; c) Duração –período dedicado ao voluntariado, em meses; d) Tempo –tempo médio dedicado ao voluntariado por semana, em horas.
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2.2. Instrumentos de recolha de dadosPara a recolha de dados foi utilizada apenas a entrevista semi-estruturada num momento único de interacção individualizada com cada um dos participantes. A condução da entrevista baseou-se num guião especificamente construído para este estudo (Anexo III).
A opção por este instrumento pauta-se pelaconsonância das características do mesmo com os objectivos da investigação.A entrevista éum acto de comunicação e interacção humana que viabiliza a expressão de percepções, interpretações e experiências,que permite aceder ao sentido atribuído pelo indivíduo às suas práticas e acontecimentos, preservando o quadro de referência do entrevistado (particularmente a sua linguagem e categorias mentais)na obtenção de dados ricos, profundos e autênticos. O contacto directo entre investigador e participante e a postura de baixa directividade assumida peloentrevistadorfacilitam este tipo de funcionamento, ao mesmo tempo que mantêm a proximidade com osobjectivos da investigação (Quivy e Champenhoudt, 2005).
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