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Gestão de Instituições de Ensino Superior

Por:   •  23/7/2015  •  Resenha  •  986 Palavras (4 Páginas)  •  186 Visualizações

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ANDRADE, Rui O. Bernardes e TACHIZAWA, Takeshy. Gestão de Instituições de Ensino Superior. São Paulo, Editora da FGV, 1999. Adolfo Ignacio Calderón

O estudo das novas universidades surgidas no Brasil, revela a utilização de novos termos e categorias, até há pouco tempo impensáveis de serem utilizados na abordagem do ensino superior, tais como “mercado”, “cliente” e “produto”. É interessante verificar a rejeição de amplos setores acadêmicos à possibilidade de compreender o aluno universitário como um cliente-consumidor, a aversão em considerar o ensino universitário como um produto/serviço que é comercializado, ou seja, o ensino como uma mercadoria. Sem dúvida alguma, tratam-se de questões polêmicas, que geram grandes discussões em qualquer espaço acadêmico, uma vez que se contrapõe a um paradigma de universidade que até alguns anos atrás era hegemônico, no qual o ensino universitário era abordado enquanto direito social e serviço público não lucrativo. Isto fica evidente em estudos e pesquisas produzidos sobre o ensino superior privado, como aponta Helena Sampaio, em sua tese de doutorado defendida na USP em 1988, O Setor Privado de Ensino Superior no Brasil, boa parte da literatura acadêmica sobre a expansão do ensino superior no País, traz consigo uma visão negativa sobre o ensino superior privado, revelando a tensão entre ensino público e ensino privado, gerando como desdobramento dessa visão “a luta contra tudo que o adjetivo ‘privado’ pode evocar: privatiza- ção, fundação (pessoa jurídica de direito privado), mercado, terceirização de serviços, relação com o setor produtivo, entre outros” (p. 167). Gestão de Instituições de Ensino Superior é mais um livro que se une à recente bibliografia que aborda as novas competências e novos modelos de gestão que as IES devem adotar dentro do processo de institucionalização do mercado de ensino superior. O mérito dele radica no fato de ser um livro totalmente pragmático e escrito a partir da realidade brasileira. Deixando de lado qualquer tipo de puritanismo academicista, os autores apontam um modelo de gestão tendo como eixo principal a necessidade que as universidades têm de se adaptar a uma nova realidade: a emergência do mercado de ensino superior e, dentro dele, do princípio da concorrência, isto é, da competição. Nesta perspectiva Tachizawa e Andrade apontam: A competição pode surgir inesperadamente de qualquer lugar. Isto significa que as organizações, entre elas as instituições de ensino superior – IESs, não podem mais sentir-se excessivamente confiantes com as fatias de mercado e as posições competitivas conquistadas. (…) Com mercados e seus protagonistas em constante modificação, a possibilidade de que as IESs possam estabelecer vantagem competitiva duradoura não existe mais. Nenhuma instituição de ensino superior, enfim, pode-se dar ao luxo de descansar sobre seus louros; cada qual tem que inovar incessantemente para poder competir e sobreviver (p. 22). No Brasil, o cenário marcado pela radicalização do princípio da competição é uma realidade recente, típica dos anos 90, que se manifesta no contexto da crise fiscal do Estado, sob a hegemonia neoliberal. Se tomarmos como referência a cidade de São Paulo, podemos afirmar que a institucionalização do mercado, ao longo da década de 90, deu-se de forma acelerada e em um curto espaço de tempo, sendo que a concorrência extremadamente acirrada é vista por alguns como um caso de “verdadeiro canibalismo explícito”, no qual cada universidade tenta ganhar mais espaço e conquistar uma fatia maior no mercado, valendo-se, para isto, de todos os recursos disponíveis na área de publicidade e marketing, revelando desta forma a profissionalização e agressividade das propagandas utilizadas para conquistar o consumidor. Neste novo contexto de mercado, Tachizawa e Andrade apontam um modelo sistêmico de gestão estratégica estabelecido com o intuito de apresentar um suporte à gestão de uma instituição de ensino típica, entendida “como um conjunto de decisões assumidas a fim de obter um equilíbrio dinâmico entre missão, objetivos, meios e atividades acadêmicas e administrativas” (p. 55). Na tentativa de sintetizar as principais questões colocadas pelos autores, podemos afirmar que o modelo de gestão por eles proposto baseia-se em quatro itens principais: compreensão do meio ambiente, estabelecimento da ligação entre a missão e o efetivo atendimento das expectativas do cliente, a filosofia da qualidade, a gestão estratégica. A compreensão do meio ambiente está relacionada com as condições ambientais nas quais as IESs estão inseridas, da adequação ou não a estas condições depende a sua sobrevivência. Dentre estas variáveis podemos mencionar as variáveis econômicas (mudança cambial, taxa de juros etc.), as variáveis legais (LDB, medidas provisórias sobre mensalidades escolares), as variáveis demográficas (crescimento populacional, as novas gerações etc.), variáveis tecnológicas (uso de computadores e outras práticas). O estabelecimento da ligação entre a missão e o efetivo atendimento das expectativas do cliente diz respeito ao atendimento das demandas das organizações empregadoras dos alunos formados pelas instituições de ensino, ou seja, do mercado. Em outras palavras, as IESs devem utilizar uma série de instrumentos quantitativos e qualitativos para assegurar a formação de profissionais que atendam aos requisitos do mercado. Como podemos observar, neste livro o conceito de cliente é diferente daquele adotado por outros autores que consideram como clientes os alunos, os quais compram e utilizam os serviços prestados pelas IESs. A filosofia da qualidade se refere a princípios de qualidade preestabelecidos, com a finalidade de atingir e preservar um equilíbrio dinâmico entre objetivos, meios e atividades no âmbito das instituições de ensino. Sobre a questão da qualidade, os autores destacam a adoção da filosofia da qualidade total e certificação ISO 9000 no âmbito das organizações. Sobre a gestão estratégica, os autores apontam que se trata de um processo contínuo e adaptativo, através do qual uma IES define e redefine sua missão, objetivos, metas, bem como as estratégias e meios para atingir seus objetivos dentro de um determinado período de tempo. Finalizando esta resenha, ressaltamos a importância que tem este livro para os professores e executivos que atuam na gestão acadêmica-universitária, pois se trata de um livro chave que, sem dúvida alguma, muito contribuirá no processo de profissionalização da gestão universitária atualmente em curso.

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