O software enquanto uma relação social
Por: Fabio Miranda • 16/4/2021 • Trabalho acadêmico • 917 Palavras (4 Páginas) • 113 Visualizações
FATEC de São Caetano do Sul
Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
Projeto de Pesquisa
“O software enquanto uma relação social: Richard Stallman, Bill Gates e Eric Raymond no centro do universo”
Pesquisador: Ricardo Baitz
Orientador: Ricardo Baitz
São Caetano do Sul
2011
O software enquanto uma relação social: Richard Stallman, Bill Gates e Eric Raymond no centro do Universo
Os programas de computador – softwares – são produtos da atividade intelectual. Além de constituírem um elemento fundamental para que qualquer computador se torne funcional, eles exprimem, por sua natureza, um complexo conjunto de relações sociais e uma visão de mundo. Vender software compilado protegendo a propriedade intelectual (software proprietário) tornou-se a contraposição necessária à distribuição de programas com liberdade de analisar o código fonte e modificá-lo (software livre), tendo como mediação uma combinação insólita entre os dois modelos (opensource – software vendido com direito de observar seu código-fonte).
Neste trabalho serão analisados três desenvolvedores de softwares e seus discursos: Bill Gates, Richard Stallman e Eric Raymond. Trata-se de revelar três formas diferentes de pensar o trabalho profissional e sua relação com o mundo.
Objetivo
Analisar e discutir três modelos de produção e distribuição de software, demonstrando as relações sociais contidas nestas diferentes formas de trabalho profissional e produção da mercadoria “software”.
Objeto
O objeto é o software de computador, e subdivide-se em:
- A produção e distribuição de software proprietário, livre e opensource;
- As relações sociais contidas na produção e distribuição dos softwares nestes três regimes.
Hipótese
A pesquisa possui, como hipótese, a possibilidade do software poder ser lido como uma relação social.
Outra hipótese é a identificação do software proprietário com os princípios postulado por WEBER em seu “A ética protestante e o espírito do capitalismo”.
Por sua vez, a pesquisa também possui como hipótese que o software livre se identificaria com o que PEKKA conceitua por “Ética Hacker”.
Como última hipótese, o OpenSource, ao tentar combinar software proprietário e software livre, distancia-se do software livre e apresenta simplesmente a continuidade dos negócios iniciados pelo software proprietário sobre novas bases, cultivando os princípios da administração: eficácia, economia, eficiência, etc.
Justificativa
O desenvolvimento e distribuição de software, embora possa ser feito por diferentes formas, possui na atualidade alguns modos consagrados de fazê-lo. Selecionamentos, a partir de três autores, formas diferentes de atuação profissional no desenvolvimento de programas (trabalho):
- Bill Gates, em sua carta aberta aos hobistas (GATES, 1976), expõe que para desenvolvimento de um mercado de software, todo programa deve ser vendido e os recursos oriundos dessa operação utilizados para implementar novos – e melhores softwares. Grosso modo, trata-se de uma visão de mundo que postula a necessidade em se remunerar o trabalho (WEBER), bem como a propriedade privada originada pelo trabalho (LOCKE).
- Richard Stallman, em “Free as in Freedom” (WILLIANS, 2002), apresenta que o motivo de iniciar um movimento por software com código aberto foi o fato de não poder modificar um simples driver de impressão de uma impressora oferecida como “brinde” a um laboratório do MIT. É, no entender de HIMANEN, uma ética que prima pelo compartilhamento e considera a coletividade, afastando-se do individualismo.
- Eric Raymond, em “A catedral e o bazar” (RAYMOND, 1999), discute porque software desenvolvido sobre o regime “aberto” (software livre) é mais eficiente e seguro que o modelo proprietário, e estabelece um ponto intermediário entre Bill Gates e Stallman à medida que enfatiza as potencialidades em se criar um mercado de desenvolvimento de software sob regime livre sem as “más implicações” que o modelo proprietário possui. Trata-se das bases do movimento OpenSource, que embora tenha nascido do movimento software livre, distancia-se deste por não possuir o mesmo apelo ideológico e suas quatro liberdades.
A importância dessa discussão é trazer, ao bojo da ciência, o software para além do seu aspecto técnico, introduzindo as relações sociais contidas em seu desenvolvimento e distribuição. Significa, ao seu tempo, introduzir a não-neutralidade à ciência da computação através de um objeto que somente em aparência é neutro: o software
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