Programação VBA
Seminário: Programação VBA. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Jovam • 8/10/2014 • Seminário • 3.044 Palavras (13 Páginas) • 256 Visualizações
É impossível não se surpreender com as intrigas e os mistérios da elaboração do quadro
de Leonardo Da Vinci, em que nada é o que parece ser. Enquanto Da Vinci dá as últimas
pinceladas, um investigador é enviado a Milão para decifrar o verdadeiro significado que está
por trás de A última ceia. Por que Jesus Cristo deixa os sacramentos da Eucaristia de lado? Por
que alguns dos discípulos encontram-se de costas para o mestre? Onde está Judas? E Da Vinci,
o que ele faz entre os discípulos?
Objeto da polêmica: O quadro A Última Ceia, de Leonardo da Vinci.
A trama: Contado todo em flashback, o livro retorna ao ano de 1497, data que marcaria
a finalização da obra de Leonardo da Vinci – iniciada dois anos antes. Frei dominicano,
Agustín Leyre, é convocado a Milão para investigar o conteúdo do quadro. Em plena era da
Inquisição e auge da intepretação simbólica, o religioso começa a entender as primeiras
tentativas do pintor em adicionar enigmas e filosofias racionais num templo católico. No
entanto, o que Agustín descobre o leva ao exílio no Egito, onde teria escrito declarações nas
cavernas Yabal al-Tarif. Qual descoberta teria abalado um inquisidor?
Exórdio
Na Idade Média e no Renascimento, a Europa ainda conservava intacta sua capacidade
de entender símbolos e ícones ancestrais. As pessoas sabiam quando e como interpretar um
capitel, uma expressão num quadro ou um prodígio na estrada, apesar de só a minoria ter
aprendido a ler e a escrever.
Com a chegada do racionalismo se perdeu aquela capacidade de interpretação e, com
ela, boa parte da riqueza legada por nossos antepassados.
Este livro acolhe muito desses símbolos da forma como foram concebidos. Mas
também, pretende devolver nossa capacidade de compreendê-los e nos beneficiarmos de sua
infinita sabedoria.
Não me lembro de adivinhação mais obscura e perigosa do que aquela que me acometeu
naquele Ano Novo de 1497, enquanto os Estados pontifícios observavam como o ducado de
Ludovico, o Mouro, estremecia de dor.
O mundo era então um lugar hostil, furta-cor, um inferno de areias movediças em que
quinze séculos de cultura e fé ameaçavam ruir sob a avalancha de novas ideias importadas do
Oriente. Da noite para o dia a Grécia de Platão, o Egito de Cleópatra ou as extravagâncias da
China exploradas por Marco Polo mereciam mais louvores do que nossa própria história
bíblica. Aqueles foram dias agitados para a cristandade. Tínhamos um papa simoníaco – um
diabo espanhol coroado sob o nome de Alexandre VI que comprara descaradamente a tiara no
último conclave –, príncipes subjugados pela beleza do paganismo e a maré de turcos armados
até os dentes à espera de uma boa oportunidade para invadir o Mediterrâneo ocidental e
converter todo mundo ao islamismo. Bem se poderia dizer que nossa fé jamais estivera tão
indefesa em seus quase mil e quinhentos anos de história.
E ali se encontrava este servo de Deus que vos escreve – examinando com cuidado um
século de mudanças, uma época em que o mundo alargava diariamente suas fronteiras e exigia
de nós um esforço de adaptação sem precedentes. Era como se a cada dia a Terra se fizesse
maior, forçando-nos a uma atualização permanente dos conhecimentos geográficos. Nós,
clérigos, já intuíamos que deveríamos tomar providências para pregar a um mundo povoado
por milhões de almas que jamais ouviram falar de Cristo, e os mais céticos previam um
período de caos iminente, provocado pela chegada de nova horda de pagãos.
Apesar de tudo, foram anos excitantes. Anos que contemplo com certa saudade em
minha velhice, neste exílio que me devora pouco a pouco a saúde e as recordações. Minhas
mãos já quase não reagem, a vista fraqueja, o ofuscante Sol do sul do Egito turva minha mente
e só nas horas que precedem a primeira luz da manhã sou capaz de organizar meus
pensamentos e refletir sobre a espécie de destino que me trouxe até aqui. Um destino a que
nem Platão, nem Alexandre VI, nem os pagãos são alheios.
Mas não apressarei os acontecimentos.
Basta dizer que agora, enfim, estou sozinho. Não sobrou nenhum dos secretários que
tive um dia, e hoje apenas Abdul, um jovem que não fala minha língua e acredita que sou um
santarrão excêntrico que veio morrer em sua terra, atende às minhas necessidades mais
elementares. Vivo mal, isolado nesta antiga tumba escavada na rocha, rodeado por poeira e
areia, ameaçado por escorpiões e quase sem movimento nas duas pernas. Todos os dias o fiel
Abdul deixa neste cubículo um pastelão ázimo e o que por sorte sobra em sua casa. É como o
corvo que durante sessenta anos carregou no bico trinta gramas de pão à Paulo, o Eremita, que
morreu com mais de cem anos nestas mesmas terras. À diferença daquele pássaro de bom
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