Agentes Psicotrópicos
Por: André Squissato • 16/5/2018 • Artigo • 3.358 Palavras (14 Páginas) • 436 Visualizações
Agentes Psicotrópicos
Introdução
Agentes psicotrópicos ou psicofármacos também chamados de agentes psicoativos ou psicoterápicos são modificadores seletivos do sistema nervoso central usados no tratamento de distúrbios psíquicos e incluem drogas que ou deprimem ou estimulam seletivamente a atividade mental.
Os distúrbios mentais e emocionais, apesar de não conter aceitação geral, estão relacionadas às aminas cerebrais, que coordenam e regulam os fenômenos bioquímicos, fisiológicos, psicológicos e clínicos. Essas aminas atuam como estimulantes ou como depressoras, e os efeitos que produzem são mediados por dois receptores cerebrais específicos: um distúrbio no seu mecanismo normal causa as psicoses funcionais. Visto que ainda não se determinou inequivocamente a etiologia das psicoses funcionais, os fármacos usados no tratamento destes distúrbios não são curativos, apenas aliviam os sintomas através de mecanismos ainda não completamente elucidados.
O local de ação destas drogas está localizado no hipotálamo, tronco cerebral e provavelmente em outras partes subcorticais do cérebro envolvidas na coordenação do comportamento emocional.
De acordo, porém, com a classificação terapêutica, a mesma organização divide as drogas psicotrópicas nos seguintes grupos: sedativos ansiolíticos, antipsicóticos (neurolépticos), antidepressivos, psicotogênicos (alucinógenos) e drogas para sintomatologia neurovegetativa. E adotando classificação farmacológicoterapêutica, dividimos os psicofármacos em: antipsicóticos, ansiolíticos, antidepressivos e alucinógenos.
- AGENTES ANTIPSICÓTICOS
Agentes antipsicóticos, conhecidos também como neurolépticos não só produzem calma em pacientes psiquiátricos gravemente conturbados, mas também os aliviam dos sintomas de suas doenças. Entretanto, ao contrário do efeito produzido pelos hipnóticos e sedativos, eles não embotam a consciência nem deprimem os centros vitais. Por esta razão, são usados em tratamentos prolongados de esquizofrenia aguda e crônica. Além disso, verificou-se que certas áreas do cérebro de pacientes esquizofrênicos apresentam número anormalmente alto de receptores para a dopamina e agentes neurolépticos. Os distúrbios mais comuns produzidos pela esquizofrenia estão geralmente presentes em vários graus: alucinações auditivas, ilusões e modos anormais de expressão.
As drogas neurolépticas podem ser divididas nas seguintes classes: derivados fenotiazínicos, derivados tioxantênicos, butirofenonas e difenilbutilaminas, e agentes antipsicóticos diversos, sendo que todos apresentam duas características estruturais em comum, que são essenciais para atividade antipsicótica alta (relação estrutura-atividade):
- Uma cadeia reta de três átomos de carbono unindo o nitrogênio anelar básico a um átomo de carbono, nitrogênio ou oxigênio, pertencendo este átomo a uma das seguintes frações: grupos benzila ou benzoíla, um sistema tricíclico fenotiazínico ou tioxantênico, cadeia lateral fenoxipropílica, cadeia lateral 2-fenilpent-2-ênica, anel cicloexano, da seguinte forma:
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Figura 1: Estrutura química comum de antipsicóticos.
- Um anel heterocíclico básico de seis membros, tal como piperazínico, piperidínico ou outro, substituído nas posições 1 e 4; os melhores substituintes na posição 4 são os grupos fenila, anilino, metila ou hidroxietila.
Devido a sua diversidade de estrutura química, todos os neurolépticos potentes, por apresentarem essas duas características químicas em comum, atuam ao nível molecular pelo mesmo mecanismo.
- Derivados fenotiazínicos
Sua cadeia lateral varia consideravelmente, mas a maioria dela apresenta um dos seguintes grupos: (a) dimetilaminopropílico (clorpromazina, triflupromazina); (b) piperidílico (mesoridazi-
na, tioridazina); (c) piperazinílico (acetofenazina, adapiprazina, butaperazina, carfenazina, flufenazina, perfenazina, proclorperazina, tietilperazina, tiopropazato e trifluperazina — estes são os que mais frequentemente causam reações extrapiramidais, atribuídas à presença do grupo piperazínico.
[pic 2]
Figura 2: Estrutura geral de antipsicóticos fenotíazínicos (R, R’= Radicais).
Dos estudos da relação estrutura-atividade conclui-se que, nos derivados fenotiazínicos e análogos, as características estruturais relacionadas com alta potência antipsicótica são:
- sistema anelar tricíclico com 6 ou 7 membros no anel central;
- uma cadeia de três átomos entre o anel central e o grupo amino terminal;
- um átomo ou grupo que atrai elétrons, como cloro, metoxi ou trifluormetila, em posição meta relativa ao átomo do anel central ligado à cadeia lateral.
Como bases livres, estes fármacos são insolúveis em água. Por esta razão, são usados geralmente como sais, especialmente cloridratos, que se apresentam como pós cristalinos, brancos, solúveis em água. Além da ação neuroléptica, alguns deles apresentam efeito antiemético ou potencializam o efeito de analgésicos, sedativos e anestésicos.
As fenotiazinas não são desprovidas de efeitos colaterais. Os mais graves são: reações extrapiramidais, devidas ao grupo piperazínico, e retinopatia pigmentária, devida a —S—CH3, grupo que substitui Cl na tioridazina e mesoridazina. Outros efeitos colaterais são: icterícia, dermatite agranulocitose, convulsões e alterações cutâneas e oculares. Todos os derivados fenotiazínicos apresentam uma característica físico-química comum: a fotossensibilidade, decorrente das reações químicas que sofrem por efeito da luz, formando, como intermediários, radicais livres intensamente coloridos e um íon fenazatiônio que, por hidrólise através de um intermediário, forma, como produto final, o sulfóxido do derivado fenotiazínico. In vivo, as fenotiazinas sofrem metabolismo extensivo. Por exemplo, o anel fenotiazínico é sulfoxidado e hidroxilado, principalmente nas posições 7 e 3. A cadeia lateral é mono ou didesmetilada e N-oxidada. Os metabólitos são excretados principalmente como glicuronídeos. Os principais representantes são a Clorpromazina e a flurenazina.
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