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Análises sensoriais, físico-químicas e microbiológicas de amostras de méis de Apis mellifera da região dos Cocais Maranhenses.

Por:   •  30/3/2016  •  Artigo  •  4.128 Palavras (17 Páginas)  •  262 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A criação racional de abelhas constitui-se em uma atividade em que se consegue obter bons resultados econômicos, ecológicos e sociais. Essa atividade, desenvolvida ao longo do tempo por pequenos e médios produtores, vem despertando o interesse de muitos criadores e instituições do Brasil.

Particularmente, no Maranhão, a atividade apícola tem sido colocada como uma das áreas estratégicas para promover o desenvolvimento da agricultura familiar no Maranhão.1 Atualmente, diversos projetos de apicultura estão sendo desenvolvidos e apoiados de maneira planejada pelas agências de fomento à pesquisa, em parceria com o Estado e Instituições de Pesquisa.

Um dos maiores entraves ao sucesso da apicultura no Estado do Maranhão tem sido o desconhecimento do perfil da qualidade dos produtos aqui produzidos, dificultando aumentar a produtividade e realizar a atividade dentro dos padrões exigidos pela legislação.

Pouco se tem discutido sobre a qualidade do mel proveniente das diversas floradas silvestres e os parâmetros envolvidos nesta caracterização.

Como a flora apícola do estado do Maranhão é muito diversificada e varia de uma região para outra, é fundamental conhecer a composição e a qualidade dos méis produzidos em cada região para caracterizá-los e estabelecer padrões.2

As características físicas, químicas e microbiológicas dos méis de Apis mellifera produzidos no Estado do Maranhão, ainda são pouco conhecidas, necessitando de caracterização, principalmente porque as regiões tropicais estão relacionadas a altas taxas de umidade e temperatura,3 o que favorece a produção de méis que fogem ao padrão da legislação.

O presente trabalho objetivou estabelecer o perfil da qualidade do mel da abelha Apis mellifera dos municípios de Codó e Itapecuru-Mirim, localizados na Região dos Cocais Maranhenses, o que contribuirá para o estabelecimento do perfil do mel produzido no Estado.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados na Universidade Estadual do Maranhão, utilizando-se os laboratórios de Análise do Mel e Análises de Solos, e na Universidade Federal do Maranhão, utilizando o laboratório da Central Analítica de Química. Foram analisadas nove amostras de méis de Apis mellifera obtidas na região dos Cocais Maranhenses, nos municípios de Codó (microrregião Codó, altitude de 47 m, geograficamente na porção leste maranhense, coordenadas latitude 04º27'19" sul e a uma longitude 43º53'08" oeste de clima equatorial, com temperatura média anual de 27,4 °C e índice pluviométrico anual de 1526 mm e de Itapecuru-Mirim (altitude de 35 m, microrregião Itapecuru-Mirim, localizado na mesoregião do leste maranhense, coordenadas latitude 3°23'33" sul e uma longitude 44°21'31" oeste, de clima equatorial, com temperatura média anual de 27,3 °C e pluviosidade média anual de 1632 mm.4

As amostras foram obtidas por dois métodos: junto aos apicultores e associações, que acondicionavam os méis em recipientes próprios, e pelo pesquisador, diretamente das colmeias e em seguida, centrifugados, filtrados, decantados e acondicionados em recipientes apropriados e armazenados ao abrigo da luminosidade para a utilização nas análises.

O mel oriundo de Codó (A1 e A5) foi retirado de colmeias de Apis mellifera localizadas no Sítio dos Padres, pertencente à Paróquia Santa Filomena, com vegetação de campo e floradas silvestres, predominantemente de assa-peixe (Vernonia polyanthes). As amostras (A2, A3 e A4) foram coletadas no Sítio 3 Irmãos, com florada predominante de cajueiro (Anacardium occidentale). No município de Itapecuru-Mirim, as amostras foram coletadas no povoado Magníficat (A6 e A7) e no povoado Carmo (A8 e A9). Em dados da literatura, o levantamento da flora apícola do município de Itapecuru-Mirim comprovou que a família mais representativa foi Mimosaceae com quatro espécies, seguida por Caesalpiniaceae, Rubiaceae e Flacourtiaceae.5

Avaliação das características físico-químicas e microbiológicas

Em todas as amostras coletadas foram realizadas análises físico-químicas que determinam cor, ºBrix, umidade, acidez, açúcares redutores, sacarose aparente, açúcares totais, minerais e cinzas e hidroximetilfurfural e para as análises microbiológicas determinando bolores e leveduras e coliformes (totais e fecais) seguindo a metodologia  oficial.6-9

 

ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS

A pesquisa de identidade preliminar do mel a partir de suas características físico-químicas foi realizada por meio da determinação da característica sensorial cor e das medidas de maturidade e deterioração.10

Neste trabalho, para a determinação da cor e da maturidade do mel foram realizadas as análises quantitativas: cor, ºBrix, umidade, açucares redutores e sacarose aparente; na determinação de deterioração, acidez e hidroximetilfurfural; e na determinação de pureza: minerais.

Cor

Medida pelo método espectrofotométrico utilizando comprimento de onda a 560 nm, e como padrão a escala de Pfund que classifica a cor de branco d’água a âmbar escuro.11 

As determinações de cor foram feitas com amostra de mel liquido puro em Espectrofotômetro UV-VIS Modelo: Cary 50 Marca: Varian a 560 nm, em uma célula de 1 cm usando-se como branco a glicerina pura.

° Brix

Brix é uma escala numérica que mede a quantidade de sólidos solúveis em uma solução de sacarose. A escala de Brix foi derivada originalmente da escala de Balling, recalculando a temperatura de referência de 15,5 °C. É utilizada uma tabela de conversão do índice de refração do líquido para a escala Brix.

Umidade

Determinada por refratometria, segundo método nº. 969.38b,7 adotado como metodologia oficial do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.10 O princípio deste método consiste na determinação do índice de refração do mel a 20 ºC, que é convertido para o conteúdo de umidade através da tabela de Chataway, utilizada como referência, a qual, por sua vez, fornece a concentração como uma função do índice de refração. Neste utilizou-se refratômetro de mesa modelo Abbé.

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