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O ENSINO DE QUÍMICA E CIÊNCIAS PARA ALUNOS SURDOS

Por:   •  14/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.815 Palavras (8 Páginas)  •  170 Visualizações

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VI ENCONTRO DE RODA DE ESTÁGIOS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA LICENCIATURA EM QUÍMICA.

ENSINO DE QUÍMICA E CIÊNCIAS PARA ALUNOS SURDOS

Michele Moraes de Souza (michele.moraesdesouza@gmail.com) - FURG

Nycollas Stefanello Vianna (nycollasv@hotmail.com) - FURG

Jaqueline Ritter (jaquerp2@gmail.com) - FURG

1 CONTEXTO DO RELATO

Este trabalho partiu de uma disciplina chamada Educação Química VIII, ministrada no último semestre do curso de Química Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).

Cada vez mais se têm tentado trabalhar nas escolas da Educação Básica (Nível Fundamental e Médio) a inclusão das pessoas surdas. No Brasil, já foram conquistados vários espaços relacionados à educação e ao uso da sua língua: a Língua Brasileira de Sinais – Libras, de tal forma que marca o início de uma conquista da cultura e identidade para comunidade surda garantindo seu direito como cidadão pela sua inclusão em Escolas de Educação Regular. Porém, para que essa inclusão ocorra é fundamental que todo o corpo escolar tenha conhecimento sobre a surdez, sua cultura, os aspectos educacionais ligados ao surdo, bem como que os professores estejam preparados para um trabalho adequado junto a esses alunos. Neste trabalho em questão, será dado enfoque ao ensino de ciências e química para a temática inclusão, com isso faz-se a seguinte pergunta: Quais estratégias didáticas utilizadas para o ensino de ciências e química para alunos surdos? (SOUZA e SILVEIRA, 2011).

2 DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES

A partir das aulas e das discussões na disciplina de Educação Química VIII foi sugerido pela professora que escolhêssemos um tema para pesquisa e escrita de um artigo envolvendo como palavra-chave principal a ‘Química”. Como o tema inclusão atualmente está sendo muito discutido e por ser de extrema importância sua abordagem nas escolas regulares foi escolhido o tema que se relacionasse com a inclusão de surdos nas escolas e como ensinar ciências e química usando a Língua Brasileira de Sinais. Para fazer o levantamento bibliográfica utilizamos o Portal de Periódicos da Capes, e para uma boa pesquisa tivemos em aula um treinamento no Portal Periódicos da Capes aprendendo a utilizar todos os recursos de busca disponíveis no site.

Ao fazer uma busca no Portal Periódicos da Capes, buscando como palavras chave “inclusão de surdos no ensino” foram encontrados 198 trabalhos. Diante de tal amostra, foi feita uma nova busca refinando mais as palavras chave para se ter uma busca mais específica. Assim, colocou-se como palavras chave: “inclusão de surdos no ensino de química”, e foram encontrados 11 trabalhos, destes foram lidos os resumos e as principais ideias e fez-se uma nova triagem, selecionando 5 trabalhos que foram utilizados para o desenvolvimento deste trabalho.

Ainda não existem muitos trabalhos que apresentem estratégias didáticas para ministrar aulas no ensino de química e ciências na educação básica. Por essa razão, faz-se necessário fazer um levantamento bibliográfico com inserções de novas contribuições para as aulas de química e ciências para que alunos surdos possam aprender e interagir com os demais sem que sua deficiência prejudique seu aprendizado.

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RELATO

Aprendizagem dos alunos surdos

É de extrema importância pesquisas que envolvam a inclusão de surdos no ensino de ciências e química, o que remete à construção de terminologias específicas para química e ciências em Libras e propostas de estratégias e materiais didáticos. Assim, mostra-se essencial pensar e planejar aulas, materiais didáticos e também recursos de avaliação adequados e dedicar ao aluno surdo uma metodologia de ensino onde o conhecimento esteja visualmente acessível, a fim de possibilitar uma verdadeira aprendizagem.

Vygotski (1997) investigou o desenvolvimento da criança deficiente a partir dos pressupostos gerais sobre o desenvolvimento das funções psicológicas, buscando melhor compreendê-las e defini-las, valendo-se da discussão das implicações dos aspectos sócio-culturais e emocionais. Portanto, mais que desvios em relação a determinados padrões, a criança deficiente apresenta, como qualquer outra criança, um tipo peculiar, qualitativamente distinto de desenvolvimento.

Neto et al 2018 concluíram em seus estudos que é necessário assumir uma concepção de surdez não pela ausência, mas visando a afirmação da linguagem, inserida numa visão histórico-social mais abrangente que delimita as concepções de indivíduos e sociedade. Uma proposta educacional para surdos deve considerar, entre outras questões fundamentais, as implicações linguísticas. Mas também deve considerar as necessidades formativas dos professores para que estes possam estar aptos a atribuir ressignificado a sua prática pedagógica.

Cabe salientar que o apoio da família também é fundamental para o aluno surdo, já que maioria deles nasce em famílias ouvintes, sem contato com a LIBRAS. A forma como a família se posiciona em relação as diferenças do surdo poderá ajudar ou não no processo de aquisição da linguagem. Caso a família ouvinte opte pelo não-aprendizado da LIBRAS e recursos médicos (como próteses, implantes cocleares etc., dependendo do caso) não estejam disponíveis para essa criança, ela ficará restrita aos sinais domésticos criados para a comunicação familiar e terá grandes dificuldades em sua escolarização (Oliveira e Benite, 2015). Assim, os alunos surdos podem chegar à sala de aula sem língua constituída, e suas formas de comunicação são geralmente situadas pela comunicação não verbal. A sala de aula é um ambiente baseado na comunicação verbal, e isso acabará refletindo na apropriação do conhecimento (OLIVEIRA; MELO; BENITE, 2012).

Uso de fotografias e desenhos como metodologia de ensino

Fernandes et al. (2017) propuseram atividades de avaliação escolar para alunos surdos no contexto do ensino de química. As atividades propostas foram embasadas no uso da fotografia e na produção de desenhos e levou a promover uma avaliação dos saberes químicos relacionados ao conteúdo de fenômenos químicos e físicos e balanceamento de equações químicas. Os resultados mostraram que as atividades propostas foram significativas para a aprendizagem e contextualização dos saberes, reforçando o potencial das estratégias como métodos avaliativos que privilegiam a visualidade dentro do paradigma da educação de surdos. Com relação ao uso de fotografias, os alunos apresentaram suas fotografias relacionando com a temática de fenômenos físicos e químicos. Nesse momento, os alunos realizaram a atividade em formato de teatro com as fotografias, as quais foram transformadas em placas. Os desenhos atuaram como uma ponte para que os professores pudessem observar como foi a aprendizagem e o entendimento dos alunos sobre o conteúdo que havia sido conversado. A fotografia e os desenhos demonstraram serem alternativas satisfatórias para avaliar a aprendizagem dos alunos surdos investigados a respeito dos contextos trabalhados em sala de aula.

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