Os Efeitos do chumbo

O chumbo (Pb) é um metal cinza-azulado, encontrado em pequenas quantidades na crosta terrestre. Na natureza é encontrado em três formas: chumbo metálico, sais inorgânicos de chumbo e chumbo orgânico, que se diferem pelos aspectos toxicológicos de absorção, transporte e excreção (do metal) e pelo quadro clínico do paciente (OGA et al, 2008)

A toxicidade do chumbo gera desde efeitos claros, ou clínicos, até efeitos sutis, ou bioquímicos. Estes últimos envolvem vários sistemas de órgãos e atividades bioquímicas. Nas crianças, os efeitos críticos atingem o sistema nervoso, enquanto que nos adultos com exposição ocupacional excessiva, ou mesmo acidental, os cuidados são com a neuropatia periférica e a nefropatia crônica. Também os sistemas gastrintestinal e reprodutivo são alvo da intoxicação pelo chumbo (MOREIRA FR e MOREIRA JC, 2004)

A expressão “metal pesado” é comumente utilizada para designar metais classificados como poluentes, englobando um grupo muito heterogêneo de metais, semimetais e mesmo não metais como o selênio. O chumbo é um dos elementos com maior frequência na lista de metais pesados (CETESB, 2001).

Considerado não essencial, ou seja, não é um componente normal dos tecidos de organismos vivos, sua concentração é muito variável de um organismo para outro, sua ausência não causa nenhuma anormalidade conhecida e não participa de nenhuma atividade indispensável ao pleno funcionamento orgânico. Sua presença é, por outro lado, considerada danosa aos fenômenos químicos que suportam a vida (JOSINO et al., 1997).

Um dos casos decorrente da intoxicação por chumbo foi o ocorrido na China, na qual uma contaminação pelo metal proveniente de fábricas de papel alumínio no leste o país envenenou gravemente 103 crianças e atingiu centenas de outros moradores no último caso relatado sobre toxinas industriais. Essa contaminação na China é o último registro de um problema que tem atingido muitas cidades e vilas do país, onde os moradores vivem muitas vezes a poucos metros de fábricas mal regulamentadas, que competem entre si para produzir mais barato. O crescimento industrial chinês, porém, tem esbarrado em uma preocupação cada vez maior das pessoas com a saúde.

No Brasil, a ocorrência de contaminação por chumbo foi registrada na Bahia, na qual uma mineradora da região de Santo Amaro produzia toneladas de barras de chumbo e contaminou a população da cidade. Os resíduos provenientes dessa produção eram descartados de maneira inadequada e, deste modo, a cidade se transformou em uma "das mais poluídas por chumbo no mundo e com vários ecossistemas degradados".

Na região, segundo um levantamento feito pela equipe de pesquisadores do projeto iGEM, relacionado aos metais, no caso o chumbo, a população de 14 comunidades do interior do Estado do Amazonas sofre com o problema de contaminação por chumbo. Análises feitas em amostras de cabelos de ribeirinhos demonstraram que mais de 85% deles têm nível de chumbo no sangue acima do tolerado. Segundo Carrington et al. (1993) são tolerados, para crianças e mulheres grávidas, valores de ingesta diária aceitável (IDA) de 60 µg Pb/dia e 250 µg Pb/dia. Os principais sintomas associados à toxicidade por exposição ao chumbo incluem tremor, vertigem, entorpecimento, dor de cabeça, cãibra, fraqueza, depressão, distúrbios visuais, dispneia, tosse, inflamações gastrointestinais, queda de cabelo, náusea e vômitos, as quantidades de metal (chumbo) encontradas nos cabelos eram suficientes para causarem má formação cerebral em fetos, por exemplo.