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A Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética

Por:   •  14/6/2018  •  Resenha  •  1.568 Palavras (7 Páginas)  •  430 Visualizações

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CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Petrópolis: Vozes, 2015, 141 p.  

Ana Cristina Mendonça Rocha[1]

O autor Cortella é filósofo, escritor e professor universitário. O seu livro produz grande desconforto, levando o leitor a questionar sua obra, se deve substituir o hábito de fazer coisas sem um sentido maior pelo sentimento de construção de uma obra. O livro foi estruturado em três partes: gestão, liderança e ética, sempre subjetivando o comportamento de um líder. De forma sucinta, e com capítulos pequenos o livro provoca discussões e questionamentos sobre as bases para a construção de uma sociedade de fato sustentável. Além de conceitos básicos de vida, a leitura instrui a liderança no trabalho, como o mundo corporativo atual percebe seu funcionário e quais condutas realmente pensamos que temos.

A primeira parte abordada é de Gestão, nela mostra a origem da palavra trabalho, e como este se constituiu durante toda a história da humanidade, ou seja, em forma de castigo, o trabalho veio se construindo dentro da sociedade como um fardo a que deve ser carregado, tanto que Platão um dos maiores influenciadores filosóficos desprezava o trabalho manual. Todavia o autor mostra que devemos substituir isso pela realização de uma obra, pois se não nos encontrarmos naquilo que fazemos seremos pessoas alienadas, o que gera uma grande frustração. Assim ao se reconhecer em sua tarefa, mesmo sendo algo cansativo, mas que lhe dará resultado, estrará mudando o conceito de trabalho como penitência para ideia de realização de uma obra. De certa forma, isso explica a busca por espiritualidade dentro do campo corporativo.

Uma das partes mais sugestivas, assim por dizer, é quando Cortella recorre a física quântica para, procurar a cura para casos crônicos de arrogância e responde a pergunta: “Você sabe com quem está falando?”. Inicia com a explicação do maior lugar existente, o universo. E que “você” seja quem for, é apenas um dos 6,4 bilhões de indivíduos, pertencentes a uma única espécie, entre 3 milhões já classificadas, que vive em um planeta, que gira em torno de uma estrela, que é uma entre 100 bilhões de estrelas que compõem uma galáxia, que é uma entre outras 200 bilhões de galáxia num dos universos possíveis e que vai desaparecer, e isso, responde a pergunta “você sabe com quem está falando?”.

O autor fala sobre o lado bom de reconhecer que não se sabe, pois ao fazer isso demonstra-se inteligência e uma grande característica para mudar, que é a humildade, logo pessoas arrogantes que acham que sempre estão certas acabam causando a perda de aprendizado por não saber ouvir o outro. Mas também, mostra que o estoque de conhecimento é necessário através da educação, para isso ao formar pessoas com autonomia exige que elas desenvolvam a sensibilidade, a capacidade de acumulação de conhecimento e informação, a habilidade de apropria-se desse conhecimento e dar a ele aplicabilidade. Não só, com o investimento no funcionário, que causa a este um certo reconhecimento, pois ao ajuda-lo a ter uma perspectiva de futuro acaba gerando uma lealdade relativa com a empresa. Afinal, todos querem aumentar a empregabilidade, porém nem todos estão dispostos ao sacrifício, surgindo assim a “síndrome de Rocky Balboa”.

Todos têm medo de mudanças, contudo é necessário enfrentá-las, pois acomodar é perecer.  O autor mostra de forma simples as peculiaridades que uma pessoa deve ter para aproveitar as oportunidades sendo a coragem, a audácia e a capacidade de antecipação, para se alcançar o êxito.  Nos capítulos seguintes mostra que a melhoria de pequenas partes pode otimizar o todo, resultando na eficiência, portanto percebe-se que pequenos problemas podem causar grandes estragos. Então tudo deve ser feito com cautela e ímpeto, ambos na medida certa para que assim possa equilibrar a tensão da flexibilidade com a rigidez, já que enfrentar o desequilíbrio momentâneo é a garantia de estabilidade futura. Uma das questões mais interessantes que o autor trata é a dificuldade de gestão pessoal, porque muitas pessoas se desgastam ao máximo apenas para manter um alto padrão de consumo e acaba que a vida se torna uma ocupação contínua desgastante, e acaba não sendo realmente vivida.

A segunda parte é sobre liderança, onde faz-se uma sutil explicação que o fundamental é tudo aquilo para chegar no essencial, que é a amorosidade, amizade, lealdade, sexualidade e religiosidade. Pois um bom trabalho é aquele que o funcionário reconhece que participa de um conjunto importante para realização de uma obra. O indispensável é exaurir a insatisfação e mostrar o resultado da obra, além de identificar essa obra como algo magnífico. O Cortella também afirma que liderança não é um dom, é uma virtude, isto é, qualquer um pode ser líder basta estar nas circunstâncias e ocasiões certas, transformar sua força intrínseca em força atual. Entretanto a coisa que atrapalha qualquer processo de liderança é supor-se já sabedor, conhecedor e iluminado, isso culmina na arrogância em satisfazer-se consigo mesmo e se considerar invulnerável levando-se ao declínio. Por isso o autor esclarece que nem todo chefe é líder, todavia alguns líderes são chefes, mas o contrário não é automático. Assim, um bom líder, deve sempre satisfazer a obra em equipe, deixar claro o que realmente importa, renovando-se no outro e não satisfazendo a si mesmo, pois ao se satisfazer acaba entorpecendo, paralisando, e aí acaba “dançando”.

Mesmo em tempos velozes, aonde o ritmo e a estratégia mudam constantemente, deve-se aspirar a busca pelo melhor, algo diferenciado que distancie do comodismo, em achar que já está pronto. Por isso liderança se torna algo vital, porque ao invés de expirar, ela inspira pessoas, ideias, projetos; o líder é aquele que infla vitalidade, anima, mesmo a situação sendo complexa. Ao se sentirem animadas e plenamente integradas a uma obra, torna a realização daquela atividade algo mais revigorante, apesar de cansativo, mas nunca estressante.

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