Autoconfrontações: Simples e cruzada.

Autoconfrontações: simples e cruzada.

Empregada em análises e procedimentos dentro de diversas situações do trabalho a autoconfrontação é um método que tem como objetivo fazer da vivência no trabalho o espelho para outra experiência, através da linguagem, onde a pessoa pensa sobre a atividade que realizada e a redefine. A autoconfrontação pode ocorrer de duas formas: simples ou cruzada.

Na autoconfrontação simples, o pesquisador cria um grupo de pesquisa e elabora as gravações durante a realização das atividades das pessoas que serão pesquisadas. È feito então a seleção de algumas imagens, incluindo as mais relevantes, sendo que são assistidas junto com o trabalho gravado, pedindo que o mesmo descreva o que ele vê no vídeo, criando um diálogo entre o objeto filmado, os parceiros envolvidos na tarefa e o pesquisador.

Na segunda versão, autoconfrontação cruzada, há a pesquisa a partir de dois trabalhadores. Realiza-se também a gravação das atividades dos dois, onde estes assistem aos vídeos um do outro e comentam sobre suas tarefas. As ações gravadas em vídeo ou áudio faz com que o pesquisador conduza o dialogo estimulando reflexões e conscientização sobre a atividade que realizam. A autoconfrontação se estabelece com a construção de sentidos por meio da imagem para a confrontação e ressignificação do eu através do outro. (BRASILEIRO, 2011). A realização desta confrontação permite uma nova interpretação da atividade, surgindo assim, o trabalho representado a partir da descrição do trabalhador sobre seu desempenho. Souza-e-Silva (2004, p. 104) descreve que se cria “um ciclo entre o que os trabalhadores fazem aquilo que eles dizem sobre o que fazem e o que eles fazem daquilo que eles mesmos dizem”, pois quando se confronta com o que faz busca a partir de uma reflexão interna, que o instigam e o leva a uma recriação do seu objeto de trabalho.

A autoconfrontação provoca uma sensação de estranhamento de algo que é familiar, através de uma conscientização. “O sujeito se dá conta daquilo que nele é diferente, não reconhecível como parte de si próprio” e, posteriormente, isso lhe permite assimilar e incorporar essa visão em sua consciência como algo familiar (SOUZA, 2003, p. 85). Há também o aspecto que diz respeito à distinção de papeis entre o analista e o trabalhador que assume a atuação principal no trabalho. A “atividade sobre a atividade em que se constitui a autoconfrontação não pode substituir a atividade mesma, uma vez que, nessa segunda fase, o processo de produção de sentido é realizado a partir do trabalho observado no suporte vídeo” (VIEIRA; FAÏTA, 2003, p. 33).

A autoconfrontação é, portanto, uma metodologia muito utilizada em pesquisas relacionadas ao trabalho, buscando compreender e descrever determinadas atividades, no nosso estudo busca-se compreender as ações realizadas pelo administrador.

Aplicação da Autoconfrontação

Administradores são profissionais que organizam, planejam e orientam o uso dos recursos financeiros, físicos, tecnológicos e humanos das empresas, buscando soluções para todo tipo de problema administrativo. Criam métodos, planejam atividades, organizam o funcionamento dos vários setores da empresa, calculam despesas e garantem a perfeita circulação de informações e orientações. O objetivo é evitar falhas de comunicação, escassez ou excesso de empregados, gastos desnecessários ou outros problemas que gerem desperdício, ineficiência, prejuízo à produção ou déficit orçamentário.

O exercício de autoconfrontação foi feito a partir da observação da administradora da