O que é metodo, teoria é técnica ?

O que é método, teoria e técnica?

Para Bourdier, o campo científico, enquanto sistema de relações objetivas entre posições adquiridas (em lutas anteriores), é o lugar, o espaço de jogo de uma luta concorrencial. O que está em jogo especificamente nessa luta é o monopólio da autoridade científica definida, de maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e de agir legitimamente (isto é, de maneira autorizada e com autoridade), que é socialmente outorgada a um agente determinado. Segundo Malinowski em qualquer ramo do conhecimento, os resultados de uma pesquisa científica devem ser apresentados de maneira totalmente neutra e honesta. Se pensarmos na ciência histórica, nenhum autor esperaria ser levado a sério se envolvesse as suas fontes em mistério e falasse do passado como se estivesse adivinhando.

Para Bourdieu, a teoria da ciência e de suas transformações predispõem-se a preencher funções ideológicas nas lutas dentro do campo científico (ou nos campos que pretendem a cientificidade, como o das ciências sociais) porque elas universalizam as propriedades ligadas a estados particulares desses campos. Para Campos, devemos ter em mente que o quadro teórico será composto por todos aqueles autores e conceitos que nos norteiam o pensamento e, espera-se, continuarão a fazê-lo ao longo da pesquisa. Não que as discussões historiográficas não sejam bem vindas; muito antes pelo contrário, elas só enriquecem a inserção da pesquisa a ser feita num debate maior, no âmbito historiográfico, além de mostrar aos avaliadores a seriedade do trabalho que se apresenta. Segundo Lakatos o critério universal para a avaliação de teorias segue-se de seu princípio de que “a metodologia dos programas de pesquisa científica é “mais adequada para a aproximação da verdade em nosso universo real que qualquer outra metodologia”.(Lakatos e Musgrave (1974), p. 93.)

Para Bourdieu método é a prática de sondagens com amplas amostragens, as operações de análise estatística dos dados e formalização dos resultados, instaurando, como medida de toda prática científica, o padrão mais favorável às suas capacidades intelectuais e institucionais. Reciprocamente, os conflitos epistemológicos são sempre, inseparavelmente, conflitos políticos; assim, uma pesquisa sobre o poder no campo científico poderia perfeitamente só comportar questões aparentemente epistemológicas. Segundo Chalmers deve-se discutir a metodologia científica a partir de dois pontos de vista: o primeiro relativo ao trabalho a ser feito dentro de um único programa de pesquisa, o outro relativo à comparação dos métodos de programas de pesquisa competitivos. O trabalho no interior de um único programa de pesquisa envolve a expansão e a modificação de seu cinturão protetor pela adição e articulação de várias hipóteses. Segundo Campos a elaboração do enfoque metodológico e documental não exige pouco do pesquisador; muito pelo contrário, o nível de exigência e coerência continua sendo o mesmo. Porém, o trabalho se faz de forma mais aliviada justamente porque neste momento, é dada a hora de se explicitar a respeito de como a documentação disponível será tratada. Num primeiro momento, é necessário que tenhamos à disposição uma tipologia do nosso corpus documental. Não necessariamente a análise das fontes em si mas, num primeiro momento, a tipologia destas. É necessário, primeiramente, demonstrar conhecimento da documentação a ser pesquisada. Embora ela ainda não tenha sido dissecada e analisada, sabemos do que se trata; em suma, sabemos por que caminho estamos trilhando.

Para Minayo técnica é o procedimento para atingir um objetivo final, para atingir o objetivo de organizar uma pesquisa social, um projeto de pesquisa. Para a autora são os caminhos trilhados para ter o projeto organizado e estruturado em mãos, é todo o procedimento que leva a construção, e estruturação do projeto. Segundo Campos a técnica e estruturação de um projeto deve obedecer a alguns aspectos formais, no que diz respeito à coerência e viabilidade do que se propõe fazer na pesquisa. Para o autor devemos ter sempre na lembrança o fato de que um projeto é, antes de qualquer coisa, uma proposta de pesquisa. Promete-se algo que ainda não foi feito, mas que será realizado através da estruturação técnica.

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