Paradigmas e Metodologias: Não Existe Pecado do Lado de Baixo do Equador
Por: paloma.raissa • 17/3/2016 • Resenha • 864 Palavras (4 Páginas) • 480 Visualizações
RESENHA
Paloma Raíssa de Assis
CARRIERI, Alexandre de P;LUZ, Talita R. da.Paradigmas e Metodologias: Não Existe Pecado do Lado de Baixo do Equador. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – ENANPAD, 22., 1998, Foz Iguaçu. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 1998. 1 CD-ROM
O texto “Paradigmas e Metodologias: Não Existe Pecado do Lado de Baixo do Equador” busca analisar qual é a consistência teórico-metodológica de dissertações de mestrado da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, no campo das Ciências Humanas e Sociais, especificamente os cursos de Sociologia, Ciência Política, Administração, Educação e Economia/Demografia. O trabalho consiste em analisar as metodologias utilizadas em cada uma dessas dissertações, com o intuito de verificar se havia conexão com os paradigmas adotados, confrontado com a metodologia utilizada na pesquisa.
O autor inicia a pesquisa elaborando um debate sobre os paradigmas nas ciências sociais, tendo como base, o posicionamento dos autores Burrel e Morgan (1979), que afirmam que “todas as teorias sociais são baseadas em uma filosofia de ciência e em uma teoria de sociedade.” Em seguida, discute-se o fato de que a ciência social é concebida em termos de quatro conjuntos de suposições relacionadas à ontologia, epistemologia, natureza humana e metodologia.
A ontologia discute as suposições sobre a essência dos fenômenos em questão, ou seja, saber se a realidade é objetiva ou subjetiva. O nominalismo e o realismo são as principais discussões da suposição ontológica. A epistemologia por sua vez, trata da base do conhecimento, de como ele pode ser obtido e o que pode ser considerado verdadeiro ou falso. As correntes principais dessa aborgadem é o positivismo e o anti-positivismo. A natureza humana considera a relação entre os seres humanos e seu ambiente. No cerne do debate sobre a natureza humana encontram-se duas concepções distintas: a determinista e a voluntarista. Por fim, a metodologia trata de como se conduz uma investigação e obter conhecimento do mundo social. Esta abordagem também possui duas vertentes distintas: a ideográfica e a nomotética.
Na sequência, estrutura-se uma discussão acerca dos quatro paradigmas científicos: Funcionalista, Interpretativo, Humanista Radical e Estruturalista Radical. Paradigmas são definidos como "pressupostos meta-teóricos básicos, que subscrevem um quadro de referência, um modo de teorizar e um modus operandi dos cientistas que operam dentro deles" (Burrel & Morgan, 1979:23). Na verdade, eles definem quatro visões do mundo social baseadas em diferentes pressuposições meta-teóricas com relação à natureza da ciência e da sociedade.
O paradigma funcionalista tem raízes na corrente de regulação de abordagem objetiva, caracterizando-se pela preocupação em explicar o status quo, a ordem social, o consenso, a integração social, a solidariedade, a satisfação de necessidades e a realidade. O paradigma interpretativo adota uma abordagem social da regulação e sua concepção de analise é subjetivista, busca oferecer explicar a realidade como ela é. Seu ponto de vista adere ao pressuposto de que o mundo é coeso, ordenado, integrado e, consequentemente, os problemas de conflito, dominação, contradição, potencialidade e mudança não são considerados no seu referencial teórico. Em terceiro, é ressaltado o paradigma humanista radical que possui como preocupação desenvolver uma teoria da mudança radical do ponto de vista subjetivo. Uma das noções básicas deste paradigma é de que o homem é dominado pelas superestruturas ideológicas com as quais interage e que criam uma ruptura cognitiva entre ele e sua verdadeira consciência. A ênfase teórica é colocada a mudança radical, nos modos de dominação, emancipação, privação e potencialidade. Por fim, o paradigma estruturalista radical, que concentra-se nas relações estruturais dentro do mundo social real, enfatizando que a mudança radical é construída na natureza e na estrutura da sociedade contemporânea.
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