Processo contra erro médico
Por: Rogerio Ferreira da Silva • 17/12/2018 • Abstract • 2.978 Palavras (12 Páginas) • 213 Visualizações
Sr Ricardo Hernane Lacerda Goncalves de Oliveira
DD Corregedor Adjunto do CRMMG
Em resposta ao Oficio SEPRO nr 4484/2014 (copia em anexo), venho manifestar que ‘e meu interesse, e grande interesse, figurar como denunciante na Sindicância nr 9864/2014, instaurada por esse Conselho em vista da representação de protocolo nr 18362/2014 da Promotoria de Justica de Juiz de Fora.
Assim sendo, e considerando a distância da sede desse Conselho e de minha residência, utilizo-me do presente para expressar essa vontade e ainda oferecer minha declaração inicial, onde relato passo a passo os fatos que culminaram no falecimento de minha genitora, que num prazo de três dias passou de paciente em condições de ser liberado para óbito. Dentre esses fatos observa-se alguns descalabros administrativos, desserviços prestados, falta de interesse, incompetência profissional, descaso com a vida humana. Falo com conhecimento de causa, visto que sou sobrinho de um grandioso medico, Dr Sebastiao Ferreira da Silva, falecido há dez anos, mas que sempre se mostrou humano e consciente com relação ao tratamento médico e paciente.
Passo então aqui a expor os fatos, colocando-me a disposição se for necessária alguma audição pessoal.
Minha mãe era portadora de alguns problemas crônicos de saúde, mas estavam todos sob controle medico: diabetes controlada, rins, hipertensão e tireoide.
Fazia controle no Posto de Saúde do bairro São Judas Tadeu e no Centro de Referência Hiperdia.
Desde o início do mês de abril a mesma estava demonstrando algum cansaço, após um mínimo de esforço. No dia 08 de abril, as 11:30 hs, eu a conduzi para um exame de rotina no Hiperdia. Tratava-se de um eco cardiograma. O médico responsável questionou-lhe há quanto tempo apresentava a respiração ofegante, e a mesma respondeu que desde o início do mês. O médico, após obter o resultado do exame, me procurou e recomendou que eu conduzisse minha mãe até a UPA norte, uma vez que apresentava sintomas de estar com embolia pulmonar. Disse também que se confirmasse tal quadro, ela iria permanecer na UPA por dois dias, fazendo uso de heparina, e que depois estaria liberada.
Conduzi-a até a UPA Norte, onde foi submetida a consulta com um clinico geral, o qual, de posse do eco cardiograma, recomendou que a mesma permanecesse internada, sob tratamento, até o parecer do cardiologista.
No dia 09 de abril compareci a UPA para visita-la, onde a mesma me disse que o cardiologista era o Dr Marco Aurélio, e que o mesmo manteve o tratamento contra a embolia, inclusive determinando o uso do oxigênio para auxiliar a respiração.
No dia 10 de abril, em outra visita, minha mãe me disse que o Dr Marco Aurélio lhe comunicara que pedira uma vaga no Hospital HTO, onde iria submete-la a uma tomografia, para confirmar o diagnóstico de embolia pulmonar, mantendo até então a medicação.
No dia 11 de abril, por volta de 17 30 hs, minha mãe foi transferida para o HTO. A transferência foi feita numa ambulância do Sistema. Ao chegar no HTO minha mãe, minha esposa Monica e eu ficamos numa sala de triagem no andar térreo do prédio, aguardando os procedimentos de internação. Compareceu um médico, que verificou sua pressão e batimentos cardíacos. Enquanto isso, minha esposa foi chamada para assinar a ficha de internação da minha mãe, visto que a mesma acompanhara minha mãe no transporte de ambulância, enquanto eu ia no carro particular.
Por volta de 19:30 horas minha mãe foi internada no quarto 200, leito 04 (alguns documentos constam 05).
Permaneceu internada.
Na visita do dia 13, domingo, meus irmãos, minha cunhada e minha esposa verificaram que a barriga de minha mãe parecia muito inchada, mas os enfermeiros acharam normal.
No dia 14 fomos informados que o Dr Marco Aurélio passara o posto de medico assistente do caso de minha mãe para o Dr Kleber Gudziki. Perguntei a minha mãe se o novo medico já fora visita-la e a mesma me respondeu que não.
No dia 15 de abril, por volta de 0730 hs, me dirigi ao NAIS/4, onde o médico atende pela PMMG, e me identificando como militar, o procurei e consegui contato, onde o mesmo me esclareceu que ainda não havia tido tempo de verificar a situação de minha mãe, pois estava com mais de cem pacientes, que era auxiliado pela Dra Silvia, mas que no dia posterior iria verifica-la e me daria um posicionamento.
Naquele mesmo dia, à tarde, no horário de visita, minha mãe me pareceu estar com os pés muito inchados, o que não era normal. Perguntei a ela se estava sentindo alguma coisa, a mesma me respondeu que não, mas que achava que sua medicação estava errada, pois estava acostumada com seus remédios e a quantidade que lhe estava sendo repassada era muito menor. Disse que inclusive estavam lhe medicando a hipertensão com CAPTOPRIL, o qual lhe era contraindicado. A indicação correta era o LOSARTAN, pois auxiliava a função renal.
De imediato procurei o Posto de Enfermagem, onde com muita má vontade me mostraram que o médico receitara Captopril; expliquei a situação e me mandaram procurar a Dra Silvia. Depois de subir ao terceiro andar, descer ao primeiro e ser informado que a mesma se encontrava no segundo, retornei ao posto de enfermagem do segundo andar, onde minha mãe estava internada, e questionei da enfermeira onde poderia encontrar a Dra Silvia para solicita-la a troca do medicamento; nesse momento, no Posto de enfermagem, se encontrava um senhor, o qual me perguntou o que eu queria com a medica; respondi que precisava que ela verificasse minha mãe e que trocasse o remédio; aquele senhor então me disse que eu podia ir embora, pois acabara o horário de visita e que ele daria o recado a medica, solicitando que entrasse em contato com minha mãe; perguntei o nome do mesmo e me disse se chamar Dr Arthur; como a enfermeira não se manifestou, acreditei na palavra do mesmo e me retirei.
Na quarta-feira, dia 16, ao comparecer a visita, a acompanhante particular que contratamos, Srta Virginia, me disse que o médico já havia passado e que não mais se encontrava no hospital. Deixei recado com a acompanhante que assim que o Dr Kleber chegasse, me avisasse via telefone.
Na quinta feira, por volta de 11:40 hs, a Srta Virginia me telefonou e avisou que o médico se encontrava presente. Dirigi-me imediatamente ao Hospital, lá chegando por volta de 12:00 hs. Permitiram que, mesmo não sendo horário de visita, eu contactasse o médico. Segui para o quarto e fiz contato com minha mãe, que se mostrava muito alegre, empolgada mesmo, pois segundo ela, a Dra Silvia acessara o resultado da tomografia e lhe dissera que expelira a embolia. Também fiquei contente e procurei o Dr Kleber. O mesmo me disse que minha mãe nunca tivera embolia, mas que tinha sim um bócio mergulhante, o qual, assim que possível, deveria ser operado, pois poderia aumentar de tamanho e impedir a respiração. Agradeci as noticia e questionei sobre a liberação de minha mãe, sendo noticiado pelo mesmo que ela deveria permanecer mais três dias no hospital, para normalizar a respiração. Entendi e ainda redargui se na segunda, dia 21, a mesma estaria liberada, ao que o médico respondeu positivamente. Aproveitei e comuniquei ao mesmo o problema relativo ao medicamento Captopril e ao Losartan, sendo que o mesmo assentiu e disse que iria trocar o medicamento.
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