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RESULTADOS ESPERADOS DA INCORPORAÇÃO ESTRUTURAL E RELACIONAL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO DESEMPENHO DAS EMPRESAS

Por:   •  17/5/2017  •  Resenha  •  3.893 Palavras (16 Páginas)  •  387 Visualizações

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RESULTADOS ESPERADOS DA INCORPORAÇÃO ESTRUTURAL E RELACIONAL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS NO DESEMPENHO DAS EMPRESAS

Introdução

Zajac e Olsen (1993), propuseram o conceito de valor de transação como ponto de vista alternativo aos custos de transação. Nesse sentido, a definição das estratégias entre empresas deveria considerar os benefícios mútuos entre os parceiros, de modo a retirar o foco exclusivo da análise em cima dos custos de transação para, ampliar o foco do embasamento da decisão para o valor total gerado pela parceria. Os autores preconizam que, no longo prazo, o valor da parceria é amplificado, em função de um aprendizado em conjunto, do desenvolvimento de confiança entre organizações e do melhor gerenciamento de conflitos. No entender de Dyer e Singh (1998), a ampliação desse valor está ligado à existência de um lucro normal ou rendas relacionais.

Investigação de relacionamentos entre empresas não só reconhece que os relacionamentos podem ser vistos como recursos, como, adicionalmente, compartilha da ideia de que a estrutura social desempenha um papel significativo no comportamento econômico, combinada com a noção de que a ação econômica está incorporada na estrutura social (Granovetter, 1985). Tal incorporação (embeddedness) é, na sua essência, um argumento contrário à lógica de abordar relações diádicas e decisões econômicas de maneira isolada, frequentemente retratada pela teoria econômica clássica (Baker, 1990). A lógica da incorporação sugere, que os laços sociais moldam as expectativas, as motivações e o processo decisório dos agentes na rede, incorporando aspectos ligados a confiança nas relações como condicionantes (Granovetter, 1985; Uzzi & Gillespie, 1999).

A incorporação estrutural reflete a estrutura dos relacionamentos interorganizacionais: posição dos atores na rede e outras características da estrutura dos relacionamentos (embeddedness estrutural), enfatizados, principalmente, por Granovetter (1973) e Burt (1992). Nessa ótica de análise, com frequência o interesse do pesquisador recai sobre o entendimento da natureza dos laços entre atores de uma rede e sua capacidade de desenvolver capital social.

A incorporação relacional possui uma perspectiva de coesão na rede e ressalta o papel dos laços imediatos e da confiança no acesso a informações de valor. Já a incorporação estrutural tem uma perspectiva posicional e vai além dos laços imediatos, ao enfatizar como a posição estrutural da empresa no mercado permite que ela tenha acesso a informações de valor (Gulati, 1998).

A incorporação estrutural está relacionada à densidade dos laços desenvolvidos pela empresa. A estrutura diz respeito, aos canais de comunicação que a empresa tem com outras empresas em uma rede. Desse modo, a incorporação estrutural combina as condições macroestruturais das trocas econômicas com os microfundamentos da tomada de decisão e comportamento (Uzzi, 1997). Um foco importante na incorporação estrutural é o tipo de relações que ligam os atores. Tais relações são usualmente classificadas em dois tipos: laços de curta distância e laços incorporados (North, 1990; Shipilov, 2005; Uzzi, 1997). Laços de curta distância ocorrem de maneira esporádica, sem qualquer contato social prolongado entre as partes, dando a entender que são pautados puramente em necessidades imediatas. Mesmo não havendo obrigações sociais entre os atores econômicos, nesse tipo de troca, a governança da relação está baseada em regras explícitas e claras, necessárias para reduzir a incerteza, que são asseguradas por mecanismos de punição para comportamentos desviantes (North, 1990). Já os laços incorporados referem-se a um tipo de relação que ocorre com um conjunto relativamente limitado de parceiros de troca, por um determinado período. A repetição bem sucedida de trocas faz emergir obrigações sociais recíprocas que atenuam a necessidade de regras baseadas em mecanismos formais de governança (Uzzi, 1997).

A incorporação relacional é analisada ao nível de cada díade, com base no estudo do conteúdo das relações. Ela reflete, o quanto de capital social coletivo, incluindo confiança e solidariedade, está sobreposto na relação, de modo a estimular ou inibir o comportamento da empresa (Granovetter, 1985; Zaheer, McEvily, & Perrone, 1998; Coleman, 1988), o que limita o oportunismo e a violação das expectativas coletivas (Rangan, 2000). O desenvolvimento da confiança e da solidariedade é visto, como um efetivo mecanismo de controle social, eliminando a necessidade de controles hierárquicos perante do risco de perdas de reputação (Ring & Van de Ven, 1992; Gulati, 1995; Dyer & Singh, 1998; Lado et al., 2008; Kuwabara & Sheldon, 2012). A literatura sobre o tema, divulga que a confiança possui um efeito positivo na relação comprador/fornecedor (McEvily, 2011). Apesar de sua conceituação ser convergente no nível individual (McEvily & Tortoriello, 2011), a grande variedade de abordagens dos trabalhos que examinam a natureza da confiança entre empresas inviabiliza a comparação entre os resultados encontrados e acaba por limitar o avanço do conhecimento da confiança intra-organizacional (McEvily, 2011). Questões relevantes para o campo, ainda permanecem em aberto: a confiança configura-se como resultado do comportamento colaborativo (Chen, Yen, Rajkumar e Tomochko, 2011), ou é antecedente a este comportamento (Nyaga, Whipple and Lynch, 2010)?

A maioria dos autores postula que o controle social gerado pela incorporação na rede substitui os mecanismos formais de governança (Jones, Hesterly, & Borgatti, 1997; Gulati, 1998; Gulati, Nohria, & Zaheer, 2000). Outros autores, como Poppo e Zenger (2002) e Stikin (1995), partem da premissa de que o controle social tem papel complementar aos mecanismos formais. Uma terceira corrente teórica explora o papel moderador que a imersão apresenta na rede, ao atenuar a relação positiva entre os riscos de transações e a adoção de mecanismos formais de governança (Ring & Van de Ven, 1992). Mesmo que de modos diferentes, defende-se que tanto a incorporação estrutural quanto a relacional afetam a ação econômica das firmas nas trocas relacionais, sejam elas horizontais (entre organizações similares) ou verticais (entre clientes e fornecedores). Entretanto, deve-se considerar hipóteses baseadas nos mecanismos dos diferentes tipos de imersão para relacionamentos que a firma desenvolve verticalmente a jusante e a montante, com clientes e fornecedores.

Considerando Hipóteses

- A primeira hipótese resulta da base da literatura de redes, que estabelece que a incorporação da firma na rede favorece a construção de mecanismos de capital social, como a confiança e a solidariedade (Gulati & Gargiulo, 1999; lado et al., 2008). A presença desses mecanismos na relação estimula ou inibe o comportamento das firmas participantes (Coleman, 1988; Zaheer et al., 1998; Granovetter, 1985; Kuwabara & Sheldon, 2012), permitindo o desenvolvimento de estruturas de governança entre empresas que favoreçam melhor desempenho (Dyer & Singh, 1998; Poppo & Zenger, 2002). A melhoria do desempenho é atingida pelo fato de a confiança e a solidariedade permitir maior fluidez à relação: melhor alinhamento dos interesses coletivos e objetivos comuns (Granovetter, 1985; Coleman, 1988), pelo compartilhamento de informações, pela disposição à flexibilidade dos membros (Johnston, McCutcheon, Stuart, & Kerwood, 2004), pela aquisição de capacidades organizacionais (Vasconcelos & Oliveira, 2012) e resolução conjunta de problemas entre as empresas (Gulati, 1995; Uzzi, 1996, 1997). É possível, apontar quatro mecanismos de ganhos, com base na incorporação relacional, que proporcionam desempenho superior aos membros da relação:

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