INTRODUÇÃO
Neste século onde as informações correm o mundo em questão de segundos, e as inovações tecnológicas são renovadas em questão de semanas, as empresas devem repensar seus métodos de avaliação da gestão, sob pena de ficar fora do mercado. As empresas, tradicionalmente se preocupam em acompanhar exclusivamente as medidas financeiras de desempenho, geradas pela contabilidade gerencial, baseados em registros do passado. Este conceito de gestão é semelhante a dirigir um veículo à noite em estrada acidentada, com os faróis voltados para traz. Neste sentido sabiamente Wendell Holmes opinou "A melhor coisa do mundo não é o lugar onde estamos, mas sim para onde estamos indo." As medidas financeiras, embora importantes, foram evoluindo até o conceito de Valor Econômico Adicionado (EVA). Paulo R. Niven (2007) afirma que ao analisar o EVA, pode se concluir que apesar dos ganhos uma empresa pode estar destruindo o capital do acionista, caso o custo do capital associado aos novos investimentos seja consideravelmente alto. Dados esses questionamentos o Balanced Scorecard criados por R. Kaplan e Norton, surge como uma solução para a gestão estratégica nas organizações, entretanto, como em qualquer sistema, há autores e empresários que tecem elogios e críticas ao sistema.
VANTAGENS
As empresas Brasileiras, principalmente as médias e pequenas, trabalham o dia a dia, não tem o hábito de fazer um planejamento estratégico, quando muito elaboram anualmente um orçamento, com base em dados passados. O acompanhamento por outro lado, é defeituoso pelo atraso de dados contábeis, os quais nem sempre são fidedignos. O Balanced Scorecard oferece uma oportunidade de estabelecer um foco no futuro, através do acompanhamento estratégico, análise dos "players" e estabelecimento de objetivos e metas acompanhadas "pari passo" por métricas envolvendo as quatro perspectivas Financeiras: Clientes, Processos Aprendizado e Crescimento O Balanced Scorecard traz inúmeras vantagens, pelo equilíbrio entre as medidas financeiras e não financeiras, através do alinhamento estratégico, pelas quatro perspectivas indicadas por Kaplan e Norton. Em uma pesquisa por Ernst Young em 1999, constatou-se que em média os critérios não financeiros perfazem 35% da decisão do investidor, o que demonstra a importância de sua medição para a organização e para o acionista. O BSC apresenta outra vantagem, por provocar uma mudança cultural, ao envolver internamente toda a organização em um aprendizado estratégico, para que todas as ações sejam focadas nos objetivos equilibrados de curto e longo prazo. Kaplan e Norton estabelecem que o fato inovador do Balanced Scorecard seja sua capacidade de aprendizado estratégico à medida que os indicadores de desempenho possam assumir a forma de teste. Desta forma é possível estudar e revisar indicadores e suas relações de causa efeito no acompanhamento das metas, ou seja, não é um documento de gestão estático como muitos críticos assim o definem. A mudança na política e cultura da organização, a visão de longo prazo, o acompanhamento nas mudanças no ambiente externo e a participação interna são benefícios que podem criar um diferencial competitivo. O BSC cria uma sinergia na organização em relação os objetivos estratégicos, ao desenvolver uma responsabilidade cooparticipativa na perseguição dos objetivos. Em unidade que estamos desenvolvendo o BSC, demonstrou que os funcionários, obtiveram uma motivação adicional ao participar do desenvolvimento. Há um maior engajamento das pessoas na busca de soluções para melhoria e competitividade.
DESVANTAGENS
Apesar da maioria das empresas que implantaram o BSC, estarem satisfeitas com o resultado, algumas críticas de empresas e autores estão relacionadas mais por defeitos de implementação do que da validade da técnica.
ATTADIA; CONEVARDO & MARTINS 2003 Destaca: "A dificuldade de definir medidas de desempenho não financeiras, medidas de desempenho preditivas, integrar a perspectiva por meio de ralação causa x efeito. Kaplan e Norton 2007 "As medidas que faltam em geral não é um problema de dados. Elas revelam um problema gerencial. Se não conseguir medir, você não conseguirá gerenciar." Realmente a dificuldade existe, como em qualquer situação nova, como é o caso do BSC, porém com o envolvimento dos vários setores da empresa é possível sanar esta dificuldade através do processo de aprendizado estratégico onde a empresa pode ir ajustando seus objetivos e métricas não financeiras, até sua consolidação. Ouvimos sempre reclamações de executivos de Recursos Humanos, que a empresa não dá a importância estratégica para este setor. Temos respondido que quando esses profissionais alinharem este setor às estratégias da empresa, demonstrando a importância de suas ações por métricas que justifiquem os benefícios gerados nos resultados financeiros, a organização mudará essa visão distorcida. FERNANDES 2003 Destaca o consenso na literatura, indicando os pontos fracos: relação de causa efeito são unilaterais, mapa não é operacional, não contemplando delays entre relação de causa efeito; e mapa não é experenciavel, impossibilitando simulações confiáveis. Outra desvantagem está relacionada à cultura das empresas ainda de conseqüência históricas que é a visão de curto prazo, para geração de lucros ao acionista. Esta visão distorcida gerou uma das maiores crises financeira mundiais dos últimos 50 anos, com conseqüência ainda não devidamente resolvida. Outra desvantagem indicada por empresários é o tempo empregado no desenvolvimento, entretanto Kaplan e Norton (2007) deixam bem claros, os prejuízos na demora e atraso na do BSC "Quando vemos organizações retardando suas ações por não estarem, seguras de terem escolhido os indicadores certos, ou por não existirem dados disponíveis a algumas medidas nosso conselho é simplesmente Siga em Frente. De inicio ao processo de aprendizado do gerenciamento apoiado num conjunto equilibrado de vetores de desempenho e de resultado". Outro questionamento de empresários é de que se trata de mais um modismo, tais quantas outras técnicas passadas, que demanda tempo, dinheiro, envolvimento de pessoas, para organizar aquilo que a empresa já faz empiricamente. A maior desvantagem que vimos em nosso processo de implantação em curso, é que ao envolver toda a organização nesse processo cujos resultados são previstos para longo prazo, é que os participantes nem sempre tem o conhecimento necessário para avaliar as conseqüências financeiras de curto prazo sobre o que é proposto. Dessa forma quando não houver recursos financeiros imediatos para se adotar uma solução proposta, gera a sensação de que a empresa não está comprometida com o projeto. Outra desvantagem que deve ser trabalhada é que para a implantação do BSC, é necessário na maioria das vezes, mudarmos radicalmente a cultura da empresa, criando assim uma dificuldade maior para a concretização.
CONCLUSÃO
A crise financeira de 2008 demonstra que a economia globalizada gera um desconforto, pois qualquer problema ocorrido em determinado mercado ou país contamina o mundo inteiro, obrigando as empresas estarem atentas a essa volatilidade. Nesse sentido o BSC é uma poderosa ferramenta de acompanhamento estratégico de longo prazo, com metas e ações desenvolvidas em cada etapa a partir de seu "start up" No mercado atual o aumento da concorrência e as exigências do consumidor estão mudando e, cada vez mais a demanda é por qualidade e diferenciação, mesmo quando a concorrência é por preço. As alterações tecnológicas e escassez de determinadas habilidades e mudanças sociais não podem ser desprezadas. É evidente que qualquer mudança de paradigma é objeto de críticas e demonstrações de vantagens e desvantagens. Os resultados na aplicação de Balanced Scorecard e o histórico de sucesso em empresas no mundo inteiro demonstram que as desvantagens apontadas são mais em razão da má aplicação da técnica do que propriamente do método apresentado. Ao desenvolver o BSC, Kaplan e Norton (2007) estabelecem algumas barreiras para a implementação da técnica, que não podem ser desprezadas, tais como: 1) Visões e estratégias não executáveis 2) Estratégias não associadas às metas de departamentos, equipes e indivíduos. 3) Estratégias não associadas à alocação de recursos a longo e curto prazo 4) Feedback tático não estratégico
Ou seja, as desvantagens e críticas ao sistema, decorrem mais por problemas e defeitos na sua aplicação ou da falta de interesse na mudança cultural do que do BSC. Mesmo não desprezando as eventuais críticas, cujas origens devem ser administradas, concluímos que o BSC é um importante instrumento para acompanhamento estratégico, tão necessário nos dias atuais, para enfrentamento nas turbulências e volatilidade do mercado.
Celso Tauscheck, Administrador pós graduado em finanças, sócio diretor da Total Consultores Associados Ltda. Celso@totalconsultores.com.br
BIBLIOGRAFIA
KAPLAN S ROBERT E NORTON P. DAVID - A ESTRATÉGIA EM AÇÃO (2007) Takeshy Tachizawa - João Benjamim da Cruz Jr - José A. Oliveira Rocha - Gestão de Negócios (2003) Paul R. Niven - Balanced Scorecard passo a passo (2007) Uma Análise Crítica ao Modelo de Gestão Estratégica BSC nas Organizações - Izabel C.G. Dias e Idalberto José Neves JR (2004). |