A Antropologia na Engenharia
Por: Bruna Rios • 19/9/2018 • Monografia • 4.064 Palavras (17 Páginas) • 1.071 Visualizações
Universidade São Judas Tadeu – Campus Butantã
Psicologia – Noturno Sala 401
Aluno: Bruna Tavares Ramos Rios RA 818233402
Antropologia Social e Cultural – Prof° Mauro Sergio Pereira Fernandes
Resumo do livro: “Antropologia: Uma Introdução” – Unidade 1
Por que estudar a história da antropologia?
A Antropologia é a ciência humana e social que busca conhecer a diferença e alteridade, então estudá-la pode nos fazer compreender que, longe de haver somente uma formação cultural que dê sentido às ações dos homens, toda e qualquer cultura é coerente em si mesma quando vista de forma total e a partir de seus próprios pressupostos. Mais ainda, podemos aprender que nossa cultura e sociedade não são as únicas, nem as mais verdadeiras, originais e autênticas; não obstante, a Antropologia nos ensina que todo e qualquer esquema cultural e ou classificatório é mais um dentro dos inúmeros outros, que também coabitam o mundo juntamente conosco.
A antropologia nos ensina a nos descentrarmos de nós mesmos assim como de nossa própria sociedade e cultura.
Como o antropólogo Marshall Sahlins disse, (1979, p.08), “o homem apreende o mundo a partir de esquemas simbólicos que ordenam o mundo, mas que jamais são os únicos possíveis”. Isto quer dizer que outros grupos podem organizar o mundo de forma diferentes da nossa, e nesse sentido sempre lidamos com diferentes mundo possíveis.
Os muitos começos da disciplina.
Pré-história da antropologia: nos Séculos XV e XVI, as notícias sobre os povos distantes eram produzidas por viajantes ou missionários. Nesse momento, delinearam-se duas ideologias concorrentes, a primeira se manifestava por uma recusa pelo estranho e a segunda, por uma fascinação. A primeira posição se fundamentava na idéia de que os povos primitivos eram selvagens dominados pela natureza, pelo clima, que não tinham história, nem hábitos culturais. Eram povos definidos pela falta. Ou seja, eles não tinham tudo o que nós tínhamos. Os defensores da segunda posição sublinhavam como esses povos tinham conseguido desenvolver sistemas políticos e econômicos que eram melhores que os nossos; assim como tinham alcançado um grau de harmonia com a natureza que nós não tínhamos.
Podemos perceber como por trás dessas duas posições há uma visão sobre o Ocidente; porque aqueles que tinham uma visão negativa, de recusa do estranho, tinham uma visão positiva sobre nós, sobre o nosso modo de vida. Pelo contrário, aqueles que viam as virtudes dos povos tradicionais tinham uma visão negativa do Ocidente.
No Século XVIII, a segunda posição derivou na idéia do bom selvagem; os povos tradicionais representavam os povos da natureza; que viviam livres e felizes gozando da vida.
Foi no Século XVIII que essas viagens de exploradores para conhecer o mundo adquiriram o caráter de pesquisas científicas. Somente na segunda metade do Século XIX é que o estudo do homem vai virar o que hoje se conhece como antropologia; somente nesse momento tomará a forma de uma disciplina científica. Para isso foi necessário que se produzissem algumas mudanças na forma de coletar os dados.
“Para que uma disciplina seja considerada científica tem que ter um objeto, um método e um paradigma, isto é, uma ideia chave que guie as observações”.
Também havia um método. Ele consistia em estudar os relatos das viagens nas quais se descreviam esses diferentes modos de vida. No final do Século XIX, com a incipiente profissionalização da disciplina, se percebeu que era necessária alguma forma de controlar esses relatos; uma dessas formas foi que os próprios antropólogos começassem sem observações. Com isso, começou a se definir o método da antropologia, conhecido como trabalho de campo (ampliaremos essa ideia nas páginas a seguir). Só estava faltando uma ideia norteadora para os observadores; essa ideia vai estar madura na segunda metade do Século XIX e foi o conceito de evolução*.
Para completar o contexto histórico-cultural em que se originou a disciplina antropológica temos que lembrar que, na segunda metade do Século XIX, se cristalizou uma nova situação geopolítica no mundo, que é a conquista colonial.
O que é antropologia?
Para completar o contexto histórico-cultural em que se originou a disciplina. Na definição mais geral de antropologia, talvez a clássica, é entendida como o estudo do homem. Qual é a especificidade da antropologia? A antropologia sempre busca um retorno reflexivo; se buscarmos entender como elas percebem o mundo é porque acreditamos que podemos aprender alguma coisa de nós mesmos com elas. Perceba que é a relação, acima de tudo, entre nós e elas, que está em jogo na antropologia. A percepção que temos de nós mesmos é mudada quando nos percebemos em relação aos outros; quando ao observar que os outros podem fazer as mesmas coisas, mas de forma diferente, nos indagamos sobre as nossas próprias maneiras.
Assim, podemos começar a pensar numa definição de antropologia como o estudo do outro em relação a nós. Essa relação nos permite pensar em uma das dimensões fundamentais da antropologia que é a dimensão comparativa. Sempre estamos comparando as culturas, não para dizer que uma é melhor que a outra, mas para poder perceber a diferença. É na relação de contraste, de comparação, que percebemos a alteridade. Assim poderíamos dizer que a antropologia busca produzir um conhecimento sobre nós, mas através do desvio pelo outro.
O que estuda a antropologia são diferenças e essas diferenças só são acessíveis através da relação.
Para poder entender a diferença, para poder estudar a alteridade precisamos da comparação, precisamos das relações. Quais são os elementos que a antropologia relaciona? Encontramos quatro níveis de relações: entre os indivíduos, entre as culturas, do homem com a sua cultura e das culturas com o meio ambiente.
Entretanto, para completar nossa definição precisamos de mais um elemento importante. O homem tem uma característica diferencial em relação a todos os outros animais: ele é ao mesmo tempo um ser biológico e um ser cultural/simbólico. Por um lado pertencemos à natureza, somos animais, mas, por outro, demos um passo fundamental que nos separou para sempre da natureza: inventamos a cultura. Depois desse movimento essencial de separação da natureza, passamos a ter uma diferença radical com o resto dos animais: a cultura.
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