A Burocracia Neste 7 de Setembro
Por: Diego Sousa • 24/9/2021 • Resenha • 1.535 Palavras (7 Páginas) • 71 Visualizações
Burocracia neste 7 de Setembro
Estudar as organizações a partir do conceito de burocracia, nos remete a um grande salto na tentativa de entender o mundo em que vivemos. Interpretar a organização burocrática numa perspectiva sociológica, possibilita, entre outras coisas, orientar a ação dos estudantes de administração e de tecnologia da informação, na busca do que há de novo na modernidade ocidental. Max Weber é o grande teórico da burocracia, e compreender a vida organizacional pela ótica das organizações burocráticas nos permite desvendar as relações sociais, como relações de dominação e, portanto, relações de conflito e de poder. Este ponto de vista sociológico, desenvolvido por Max Weber, o grande teórico da burocracia, nos permite sacar as organizações burocráticas como produto de heranças culturais que vão sendo forjadas ao longo da história dos homens a partir da lógica da dominação e do poder. Com Max Weber, a análise organizacional atinge sua maturidade, deixando de lado aquela perspectiva evolucionista e funcional, onde tudo é natural para mergulhar no desvendamento das relações sociais e de poder. Este texto não está acabado, precisa de correções, mas tenho certeza de que pode ajudar nesta enorme tarefa de nos situarmos face à realidade que pretendemos transformar.
Burocracia em Weber
Para alem de uma preocupação funcional, o ponto de vista weberiano, coloca burocracia como sinônimo de razão ou como modelo de racionalidade adequado às necessidades do capital, enquanto adequação entre meios e fins. Weber não estava preocupado com a funcionalidade das organizações, mas em compreendê-las, enquanto modelo de racionalidade adequado ao capitalismo. Neste sentido, administração aparece não apenas como fenômeno técnico fruto das necessidades da empresa moderna a partir da revolução industrial, mas como fenômeno político, cuja gênese se encontra no Estado patrimonial por volta de 4.000 AC.
É nessa aventura sociológica que Max Weber, vivenciando um determinado período histórico (Alemanha entre guerras), vai construir uma tipologia do poder encontráveis nas diversas sociedades. São três os tipos de sociedades: tradicionais, carismáticas e racionais legais e em cada uma delas encontramos determinados tipos de poder ou dominação. Estas sociedades, encontráveis em períodos históricos os mais diferentes reproduzem determinadas relações de poder e dominação e daí as decorrentes formas organizacionais.
Ao definir relações sociais como relações de dominação, Weber está centrado na idéia de que o exercício da dominação se dá partir da crença que o dominado tem na tradição, no carisma ou na justiça da lei. Autoridade, aqui aparece como uma via de mão dupla, onde o dominado também é protagonista e por isso mesmo vai conferir poder ao dominante (aceitar), legitimando-o. Nas sociedades onde predomina o poder racional legal, Weber vai chamar de sociedades burocráticas, e as formas organizacionais aí encontradas são consideradas burocracias. Burocracia então é um tipo de poder racional legal, onde a dominação se dá pela crença que dominantes e dominados têm na justiça e na lei e por isso mesmo conferem legitimidade a um sistema de dominação baseado na razão e no direito.
Weber, no entanto, jamais conceituou burocracia, mas procurou descrever suas características: formalidade, impessoalidade e profissionalismo
No bojo de questões administrativas e de poder, os estudos de burocracia permitem desvendar nosso personagem principal, o burocrata, também chamado de tecnocrata, ou simplesmente, administrador profissional. Esse conceito é importante e por isso mesmo precisa ser aprofundado para entendermos o lugar, o papel e a função do administrador profissional sob o capitalismo. Cabe aqui apontar dois aspectos do que seja o papel do burocrata: por um lado a dimensão estritamente técnica e neutra do termo e por outro lado, sua dimensão ideológica, onde a competência burocrática está a serviço de interesses, enquanto poder em si mesmo.
Do ponto de vista funcional (racionalidade instrumental), as organizações formais, ou burocráticas são concebidas e modeladas pelos sistemas de organização e métodos, e definem atribuições, distribuem funções, impõem responsabilidades, estabelecem fluxos de trabalho e disciplinam o tempo nas fábricas e nos escritórios. Esta preocupação estritamente técnica revela uma concepção de administração que surgiu na virada do século XX como decorrência de necessidades técnicas de expansão do capital e vai consolidar o chamado paradigma taylorista-fordista de produção industrial, agora numa versão para escritórios.
Globalização e burocracia
A partir dos anos 80, com as transformações na ordem econômica e financeira no mundo (crise do dólar) e alavancadas pelo avanço nas tecnologias de informação e comunicação, novas formas de organização do trabalho vão aparecendo e configurando o que muitos autores denominam “sociedade informacional” (Faria, J. Eduardo. em O Direto na Economia Globalizada). São as decorrências da substituição do paradigma tayorista-fordista pelo paradigma pós-fordista ou de especialização flexível de produção. Mais adiante, no final do primeiro bimestre do curso, vamos caracterizar este modelo, dentro da Teoria de Sistemas Abertos. No momento estamos preocupados em evidenciar o contexto em que se dá este processo de mudança também conhecido como internacionalização da economia ou globalização. Neste processo, o papel do Estado e suas relações com o capital privado e a empresa transnacional, vão assumindo diferentes configurações. Como vocês percebem, estamos saindo um pouco da análise do processo produtivo e técnico, para uma análise das formas jurídico-políticas que consolidam as estruturas produtivas. Assim como uma argamassa que conforma um prédio, queremos desvendar a burocracia como fenômeno político. É o mundo das leis que regulamentam e asseguram o direito de propriedade, e dos contratos, viabilizando a dinâmica das trocas comerciais e de propriedade material e imaterial.
A emergência do chamado modelo de especialização flexível precisa ser entendida não simplesmente como uma decorrência natural, produto da evolução das formas organizativas. É preciso buscar os nexos causais que explicam esse novo paradigma de produção, a partir do esgotamento do potencial de expansão do modelo financeiro, produtivo industrial e comercial até então vigente. Os problemas de liquidez mundial, e a acentuada queda de preços das commodities, a retração da demanda e a redução dos investimentos provocam a deterioração da rentabilidade dos capitais tangíveis e intangíveis, especulativos e produtivos. Em resposta a esse cenário advém uma progressiva desregulamentação dos mercados financeiros, uma crescente revogação dos monopólios estatais e uma acelerada abertura do comercio mundial de serviços e informação.
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