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A Contabilidade Financeira

Por:   •  19/12/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.828 Palavras (8 Páginas)  •  133 Visualizações

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ATIVIDADE INDIVIDUAL

Matriz de atividade individual

Disciplina: Contabilidade Financeira

Módulo: 4

Aluno: Guilherme Carl

Turma: 11-21

Tarefa: Caso Magalu

Introdução

   O objetivo deste trabalho é utilizar os conceitos apresentados durante a disciplina de Contabilidade Financeira para analisar as demonstrações contábeis da MAGALU, um conhecido conglomerado de empresas brasileiras que tem sua principal atuação no segmento de varejo multicanal, operando lojas físicas, e-commerce e m-commerce.

   Para esta análise utilizaremos os demonstrativos financeiros (Balanço Patrimonial e DRE) dos anos de 2019 e 2020, para que possamos comparar e avaliar nos demonstrativos financeiros os reflexos dos acontecimentos dos referidos exercícios fiscais.

   A escolha do ano de 2020 foi particularmente interessante no sentido acadêmico em função de ter sido o primeiro ano de uma pandemia global que afetou fortemente diversos setores da economia. Tais impactos ficaram bastante evidentes nos indicadores financeiros avaliados, como mostrarei adiante.  

Análise horizontal

   A análise horizontal permite avaliar os resultados de uma empresa através da identificação de variações de saldo de contas contábeis entre períodos comparados (geralmente exercícios fiscais) para identificações de tendências, mudanças na operação da empresa, entre outras coisas.

   Avaliando os demonstrativos da MAGALU, destaco abaixo alguns indicadores que chamaram a atenção.

   Balanço Patrimonial

   O Ativo Circulante total apresentou um crescimento de 22% 2020 vs. 2019, porém apresentou uma mudança interessante em sua composição. O Caixa apresentou um crescimento importante no período (609%), refletindo uma iniciativa da empresa de reforço do caixa para enfrentamento das incertezas trazidas pela Pandemia. Para tal a empresa fez uma emissão de debentures que será comentada mais adiante. As mesmas incertezas e impactos gerados pelo fechamento de lojas durante 2020 impactaram as Aplicações Financeiras, que tiveram seu saldo reduzido em 73% no período analisado. Ainda dentro do Ativo Circulante, devemos destacar a conta Outros Ativos Circulantes, que apresentou um crescimento expressivo tanto em termos percentuais (488%) com em valor absoluto. Em consulta ao site de relação com investidores da empresa, identifiquei que a maior parte do que foi classificado na conta de Outros Ativos Circulantes é, na verdade, a soma de Contas a Receber de Partes Relacionadas, que, no caso da MAGALU, compreende negócios como LUIZACRED, LUIZASEG, NETSHOES, CONSÓRCIO LUIZA etc. A principal parte relacionada que responde pela maior parte da variação de saldo nesta conta é a LUIZACRED, divisão de cartões de crédito private label da MAGALU.

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O Ativo não Circulante apresentou crescimento de 16% no período avaliado, com crescimento de 37% na linha de Investimentos (participações em outras empresas) e 13% no Imobilizado. 

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   O Passivo Circulante apresentou um crescimento expressivo de 60% puxado principalmente pelas contas de Fornecedores (42%) e Empréstimos e Financiamentos (20.240%). Em ambos os casos, podemos dizer que estas variações refletem boa parte dos impactos da pandemia e os esforços da administração da MAGALU de renegociar contratos e fortalecer seu caixa.

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   O Passivo não Circulante apresentou variação negativa de 10% no período analisado, sendo o maior impacto na linha de Empréstimo e Financiamento (LP) que teve seu saldo reduzido em 98%, mostrando uma mudança no perfil da dívida da MAGALU que aumentou no curto prazo e reduziu no longo prazo.

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   DRE

   Embora a Receita de Vendas de Bens e/ou Serviços tenha crescido 41%, chama atenção que o Custos dos Bens e/ou Serviços Vendidos tenham crescido em 46%, fazendo com que impacto no Resultado Bruto (28%) não tenha sido proporcional ao aumento da receita de vendas.

   As Despesas com Vendas tiveram um crescimento de 43%, também acima do crescimento da receita de vendas, algo que pressiona de forma negativa os resultados. Além disso, houve importante redução das Receitas Financeiras (69%) o que também prejudicou o resultado na última linha.

   Como resultado tivemos uma redução de 58% no Lucro / Prejuízo do Período.

 

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Análise vertical

   A análise vertical é uma ferramenta que nos permite avaliar a participação das contas em um determinado grupo contábil em sua composição. Através desta análise podemos ter uma ideia do funcionamento da empresa, com ela está financiando suas atividades etc.

   No caso da MAGALU, quando olhamos para o Balanço Patrimonial, algumas contas chamam a atenção, entre as quais gostaria de destacar:

   - As Aplicações Financeiras fecharam 2020 correspondendo a 5,5% do ativo total, sendo quem em 2019 este percentual representava 23,9% do total;

   - A linha de Outros Ativos Circulantes, que corresponde a conta Contas a receber de Partes Relacionadas, apresentou expressivo crescimento, partindo de 2,5% do ativo total em 2019 para 12,5% em 2020, denotando o aumento da participação de outros negócios do grupo.

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   - Aumento expressivo do Passivo Circulante Total, que correspondia a 38,7% do Passivo Total em 2019 e passou a 51,6% do mesmo em 2020, puxado principalmente pelo crescimento do volume financiado por fornecedores (29,1% do ativo total em 2019 para 35% em 2020) e empréstimos de curto prazo (praticamente 0% do Passivo total em 2019 para 7,5%em 2020).  

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   Já na DRE pudemos perceber claramente a deterioração da margem da empresa, começando pelo fato de que os Custos dos bens e Serviços Vendidos saíram de 73% em 2019 para 75% da Receita de Venda de Bens e Serviços em 2020. Da mesma forma, as despesas / receitas operacionais saíram de 20% em 2019 para 22% para 2020, puxadas pelo aumento da despesa com vendas, que embora tenha se mantido como proporção da Receita Total, cresceu mais que a Receita de vendas no comparativo entre 2019 e 2020.

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Cálculo dos índices de liquidez

   De forma resumida, quando falamos sobre liquidez de uma empresa estamos nos referindo à capacidade que da mesma para saldar seus compromissos. Existem algumas formas de calcular a liquidez de uma empresa, que diferem, basicamente pelo que se leva em consideração como capacidade de pagamento (recursos) e compromissos a serem saldados.

   Independente do critério utilizado, chegamos a um índice onde, toda vez quem a liquidez de uma empresa é superior a 1, significa dizer que a empresa possui recursos para saldar os compromissos dentro dos critérios escolhidos. Abaixo um quadro com as fórmulas e os valores encontrados com os demonstrativos da MAGALU para os 4 principais tipos de liquidez que habitualmente são avaliados em empresas  [pic 11]

   Com podemos ver, todos os indicadores de liquidez da MAGALU pioraram quando comparamos os anos de 2020 e 2019. O principal fator para esta piora foi a pandemia, que gerou o fechamento das lojas físicas da MAGALU e teve um forte impacto no negócio como um todo, fazendo com que a capacidade de pagamento da empresa fosse afetada negativamente.

   Se considerarmos o indicador de liquidez imediata (o mais “ácido” ou extremo), vemos que a MAGALU não teria condições de saldar seu PASSIVO CIRCULANTE apenas com seu ATIVO DISPONÍVEL (caixa, aplicações e contas a receber). O mesmo ocorreu com a liquidez seca, onde também chegamos a um valor inferior a 1.

   Este impacto da pandemia levou a MAGALU a buscar algumas medidas para reforçar seu caixa, entre as quais podemos citar renegociação de contratos de aluguel e com fornecedores e emissão de debentures, cujos recursos foram destinados basicamente para o reforço da conta caixa, consequentemente, fortalecendo os indicadores de liquidez.

Cálculo da estrutura de capital

   

   A estrutura de capital da MAGALU foi claramente afetada pelo ano atípico que gerou, entre outras coisas, o fechamento de suas lojas, renegociações com fornecedores e outras alterações em seu modelo de negócios. O Passivo Circulante passou a ter maior participação no endividamento total da MAGALU, passando de 37,8% de 2019 da soma Passivo + PL para 51,6% em 2020. Isso fica claro no cálculo da composição do endividamento no quadro abaixo.

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Cálculo da lucratividade

   Se considerarmos o ano de 2019 como referêcnia, em especial por tratar-se de um ano “normal” e sem os impactos de uma pandemia, podemos ver o quanto as atividade da MAGALU foram afetadas. A simples perda de 2,47% na margem bruta, em um negócios que apresenta margem líquida próxima a 5%, já deixa claro que 2020 foi um ano complicado.

   Por outro lado, se pensarmos que praticamente todas as lojas ficaram fechadas a maior parte do ano, a adminisração da MAGALU fez um trabalho interessante na potencialização dos canais de venda virtuais, conseguindo suprir a falta das lojas físicas. De forma resumida, podemos dizer que o impacto na margem era esperado considerando-se o cenário. 

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Cálculo da rentabilidade

   Na mesma linha do comentário feito sobre a lucratividade, é importante consideramos que o ano de 2020 foi bastante desafiador para a MAGALU e outras empresas do mesmo segmento. Seu modelo de negócios é fortemente afetado pela situação econômica do país e, neste sentido, a pandemia e seus efeitos sobre o consumo e a renda não ajudam muito.

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Conclusão sobre a situação econômica e financeira da empresa

   

   Avaliando os indicadores da MAGALU, ficou bastante evidente o impacto que o cenário econômico trouxe para seu resultado, algo que é bastante comum em seu ramo de atuação.

   Claramente a empresa vinha com uma posição razoavelmente confortável em até 2019 e precisou se reinventar em 2020 paras seguir no jogo. Se por um lado o novo cenário com lojas fechadas impactou os resultados, a necessidade de reinvenção fez com que a migração para o canal online fosse ainda mais forte. Da mesma forma, todas as medidas que foram tomadas pela administração visaram a garantida de continuidade do negócio, reforçando seu caixa de forma direta e renegociando condições com fornecedores e inquilinos.

   Importante ressaltar que o aumento do endividamento de curto prazo não ajuda muito nos resultados e aumenta a pressão sobre os principais indicadores de liquidez da empresa. Talvez este seja um ponto onde a administração da MAGALU precise concentrar mais esforços, melhorando o perfil de seu endividamento.

   Em uma última análise, quando comparada com empresas como as Lojas Americanas e a Via Varejo, a MAGALU vem apresentando desempenho semelhante, alternando indicadores melhores e piores, mas seguindo basicamente a mesma tendência. De forma geral, embora tenha sofrido bastante, a MAGALU segue como uma empresa sólida, segue com investimentos em expansão e como uma das protagonistas do mercado brasileiro de varejo. Vejo o grupo bem-preparado para uma possível retomada na economia, mas, ao mesmo tempo, em condições de reagir rapidamente para readequar-se caso esta retomada não venha na velocidade esperada.

 

Referências bibliográficas

COUTINHO, Átimo de Souza et al. Contabilidade Financeira. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora FGV 2014

Demonstrativos Financeiros MAGALU. Disponível em https://ri.magazineluiza.com.br/ Acesso em 10/12/2021.  

        

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