A Degradação do Trabalho no Século XX
Por: HenriqueGomes95 • 1/12/2017 • Trabalho acadêmico • 6.210 Palavras (25 Páginas) • 419 Visualizações
“Trabalho e Capital Monopolista” – A Degradação do Trabalho no Século XX[pic 1]
- Harry Braverman
- Introdução
- I Parte: Trabalho e Gerência
1 Trabalho e Força de Trabalho
2 As origens da Gerência
3 A Divisão do Trabalho
4 Gerência Científica
5 Principais Efeitos da Gerência Científica
6 A Habituação do Trabalhador ao Modo Capitalista de Produção
- II Parte: Ciência e Mecanização
7 A Revolução Técnico-Científica
Harry Braverman (1920-Agosto de 1976)
Foi um escritor estadunidense adepto da teoria socialista. Algumas vezes usava o pseudônimo de Harry Frankel.
Começou a vida de trabalhador por um aprendizado de 4 anos como caldeireiro. Passou 7 anos como caldeireiro em um estaleiro naval (considerado por ele uma empresa que representava o produto mais acabado de dois séculos de revolução industrial, por reunir muitas máquinas). A caldeiraria proporcionou base para aprendizado de outros ofícios, o que lhe permitiu, mesmo com as evoluções tecnológicas, conseguir emprego em outros ramos. Trabalhou mais 7 anos em funilaria, metalúrgicas, e em fábricas de chapas metálicas e aço.
Foi militante no movimento socialista, assimilou o modo de ver marxista, que não é contra a ciência e tecnologia, mas sim contra sua aplicação como métodos de dominação de uma classe sobre a outra. Braverman era filiado ao Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP, na sigla em inglês).
Apesar de ter grande estima pelo método tradicional de produção, declara-se um modernizador, acreditando que a transformação do processo de trabalho é inevitável e necessária ao progresso da humanidade.
Procura, a todo momento, reforçar a ideia de que não é um nostálgico das antigas condições de trabalho, mas que sua nostalgia decorre de uma época que ainda não existiu, na qual, para o trabalhador, a satisfação do ofício, originada do domínio consciente proposital do processo de trabalho, será combinada com os prodígios da ciência e criações da engenharia, de modo que todos se beneficiem desta combinação.
Trabalhou com jornalismo socialista, como redator e executivo em editoras, observando processos administrativos como o marketing, contabilidade e distribuição. Percebeu a transição dos sistemas tradicionais de administração para os sistemas computadorizados.
No início dos anos 1960, Harry Braverman trabalhou como editor para a Grove Press, onde foi fundamental para a publicação da “Autobiografia de Malcolm X”. O livro mais importante de Braverman foi “Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho no Século XX”, o qual examina o efeito degradante do capitalismo sobre o trabalho na América. O livro foi publicado em 1974.
Braverman morreu de câncer em Agosto de 1976.
Introdução
Logo na introdução do livro “Trabalho e Capital Monopolista”, o autor afirma que, primeiramente, o livro foi concebido como um estudo das alternâncias ocupacionais nos Estados Unidos, visando analisar a estrutura e as mudanças referentes à classe trabalhadora.
Braverman percebeu que existiam duas visões que dominavam a literatura formal e comum de sua época. Por um lado, existia a ideia de que o trabalho moderno exige níveis cada vez mais elevados de instrução, adestramento, emprego de maior inteligência e esforço mental. A outra visão era de que o trabalho tornou-se cada vez mais subdividido em operações mínimas, de baixo teor intelectual, sendo a tendência do trabalho moderno, pela dispensa de cérebro e alta burocratização, alienar setores cada vez mais amplos da população trabalhadora.
O autor não encontrou na bibliografia estudos que conciliassem essas duas visões gerais por meio da especificação da maneira pela qual várias ocupações evoluíram, inclusice em detrimento de outras. Assim, aliou ao seu interesse inicial a análise da evolução do processo de trabalho dentro das ocupações , bem como as alternâncias de trabalho entre as ocupações. Ao longo de seu projeto, o autor viu-se empreendido em um estudo do desenvolvimento do modo capitalista de produção através dos últimos cem anos.
O autor, que participou dos meios de trabalho manual e nos escritórios modernos, utilizou a experiência do contato com ambos os mundos, fabril e administrativo, para produção de sua obra. Destaca-se que o fez buscando não interferir no caráter científico desta.
Assume que o livro foi composto sobre a influência intelectual de Marx.
Percebe a separação entre administradores e administrados no âmbito industrial. Acredita que tal problema possa ser enfrentado com eficácia por meio da análise concreta e histórica da tecnologia e da maquinaria, bem como das relações sociais, de modo a entender como esses elementos se reúnem nas sociedades existentes.
Considera o capitalismo como um tecido feito através dos séculos, de modo que, por isso, este parece-nos natural, inevitável e eterno.
Defende que toda a classe trabalhadora deve ser estudada, não apenas uma parte selecionada arbitrariamente. Não trata da consciência, organização ou atividades, mas sim da classe trabalhadora como uma classe em si mesma, e não para si mesma.
Será discutido no livro, o modo de produção capitalista, a maneira pela qual os processos do trabalho são organizados e executados, bem como o desenvolvimento destes ao longo dos anos. Possui como objetivo o estudo dos processos de trabalho da sociedade capitalista e do modo específico pelo qual eles são constituídos pelas relações de propriedade inerentes ao capitalismo.
I Parte – Trabalho e gerência
Capítulo 1 – “Trabalho e Força de Trabalho”
O trabalho humano é consciente e proposital, ao passo que o trabalho dos animais é instintivo. Assim, o trabalho como atividade proposital, orientado pela inteligência, é produto especial da espécie humana e a espécie humana é um produto especial desta forma de trabalho. “Ao agir assim, sobre o mundo externo e transformá-lo, ele ao mesmo tempo modifica sua própria natureza” – Marx. O trabalho que ultrapassa a mera atividade instintiva é assim a força que criou a espécie humana e a força pela qual a humanidade criou o mundo como o conhecemos.
...