A Negociação e Administração de Conflitos. Análise do filme Hotel Ruanda
Por: LeoMaga • 31/7/2019 • Artigo • 1.281 Palavras (6 Páginas) • 2.327 Visualizações
Atividade individual Matriz de análise | |
Disciplina: Negociação e Administração de Conflitos | Módulo: |
Aluno: Leonardo Brandão Magalhães | Turma: |
Tarefa: Análise da Negociação do filme – Hotel Ruanda | |
Introdução | |
O filme escolhido para análise do processo de negociação foi Hotel Ruanda, que tem como pano de fundo os conflitos políticos entre hutus e tutsis, ocorridos a partir do atentado que vitimou o Presidente do País e que mataram quase um milhão de pessoas em Ruanda no ano de 1994. O filme retrata a história verídica de Paul Rusesabagina, gerente do Hotel “Des Milles Collines”, na capital do País, que toma a decisão corajosa de abrigar sozinho mais de 1200 refugiados, da etnia Tutsi, minoria no País, que estava sendo vítima de um verdadeiro genocídio. Para proteger os refugiados do Hotel, Paul Rusesabagina emprega inúmeras técnicas de negociação e administração de conflitos que acabam por salvar as vidas de todos, inclusive de sua mulher e filhos. O presente trabalho visa decupar e identificar as técnicas usadas pelo gerente Paul Rusesabagina com as autoridades e rebeldes na tentativa de salvar as vidas dos refugiados. | |
Desenvolvimento – análise do processo de negociação representado no filme eleito | |
Classificação das Partes Envolvidas Ao perceber que teria ajuda muito limitada da ONU e do exército Belga para proteger os refugiados do hotel, dentre eles sua mulher e filhos, Paul Rusesabagina tem que negociar com diversos atores a proteção dos refugiados e impedir que eles sejam massacrados. No filme, são travadas várias e constantes negociações, tendo o gerente do Hotel na dimensão horizontal, lidando com as mais variadas autoridades e interlocutores. As principais partes envolvidas eram a ONU e suas forças de paz, representada pelo Coronel Canadense, que tentam realizar o papel de mediadores, os oficiais do exército de Ruanda, que deveriam tentar apaziguar o conflito, mas mostraram-se interessados em apenas lucrar com o levante provocado pelos Hutus, tendo sido interlocutores de algumas negociações; e os rebeldes da milicia Hutus Interhawe, grandes responsáveis pelo genocídio. Também participaram como atores no processo negocial como terceiros, o proprietário do Hotel, pertencente a um grupo Belga (Grupo Sabena) que intercedeu perante o governo a proteção do hotel e dos refugiados, que acreditava serem hóspedes do hotel e até os próprios funcionários do hotel, que também tiverem papel importante na proteção dos refugiados. Identificação das Fontes de Poder, Ferramentas e Táticas Segundo xxx et al “As bases de poder sustentam o grau de influência que uma parte pode ter em relação à outra e representa importante referência para a escolha do posicionamento estratégico”. Nesse passo, as fontes de poder do lado dos rebeldes residiam na força da violência, além do coletivo de insurgentes. Pelo lado dos oficiais do exército, notadamente, o General Bizimungu, do exército de Huanda, a força residia nas armas de fogo, e no controle dos soldados. Quanto ao gerente do hotel, sua fonte de poder residia no acesso ao caixa do hotel e às bebidas alcoólicas tão apreciadas pelo General Bizimungo, bem como o contato próximo com autoridades, seja do lado da milícia Interhawe, seja do General e do Presidente do Grupo Sabena, prorpietário do Hotel. As Ferramentas e táticas utilizadas pelo Gerente do Hotel foram o blefe, a persuasão, o conhecimento dos interesses das outras partes, na maioria das vezes ganhos financeiros, onde sabia barganhar muito bem, o conhecimento das fraquezas, como na negociação trava com o General Bizimungo, para que esse determinasse a proteção do hotel pelos soldados, onde sabendo da vontade do General de voltar à Escócia devido a sua paixão pelo Whisky Escocês, o Gerente Paul afirma que ele seria acusado de genocídio e jamais poderia deixar Ruanda, a não ser que alguém testemunhasse a seu favor dizendo que ele protegeu os refugiados. Acuado, o General acaba por aceitar dar proteção ao Hotel e impedir o massacre pela milícia Interhawe. Outro ponto que vale ser mencionado é que para conseguir o apoio do Grupo Belga proprietário do Hotel (Grupo Sabena), bem como retardar uma invasão pela milícia Hutu, o Gerente fez com que acreditassem que os refugiados eram hóspedes regulares do hotel. Avaliação das etapas de negociação Em uma negociação tradicional, as etapas da negociação: (i) são o planejamento, onde o negociador deve avaliar qual é o seu objetivo, com quem está negociando e qual o contexto da negociação, quais são os interesses próprios e o da outra parte, bem como quais são os atores envolvidos e quais concessões e argumentos podem ser realizados para se chegar ao objetivo; (ii) Execução, que pode ser dividida entre etapa de abertura, etapa de exploração e encerramento, onde devem ser alinhados os entendimentos para evitar problemas futuros, bem como (iii) a fase de controle, onde deve ser avaliado se o que foi negociado está sendo cumprido. Nas negociações travadas no filme, pode-se dizer que a fase do planejamento se deu durante o contato do gerente com os diversos atores no desempenho de suas funções no hotel, e onde pode conhecer seus interesses e fraquezas, bem como manter uma relação amistosa e de amaciamento com os atores principais do levante – líderes da milícia, coronel Canadense da Onu e o General Bizimungo. Na fase de execução as negociações foram as mais das vezes dramáticas e céleres, onde através da persuasão, blefes, barganhas e argumentos emocionais o Gerente ora conseguia liberar os refugiados da prisão e violência, ora conseguia proteção para evitar a invasão do hotel. A fase de controle era imediata, com a liberação dos refugiados e proteção do hotel e não durava muito, obrigando o Gerente a sempre buscas novas soluções para proteger os refugiados. Descrição da Comunicação Verbal e Não verbal A comunicação verbal e Não Verbal (de suma importância para qualquer negociação e, muitas vezes, tão ou mais importante que a comunicação verbal) se dava pelo lado da milícia e dos soldados geralmente pelo uso de ameaças verbais, agressões físicas, o porte das armas e olhares ameaçadores (comunicação não-verbal). Pelo lado do gerente, na comunicação verbal, geralmente se dava por persuasão e argumentos emocionais rápidos e certeiros. Quanto à comunicação não-verbal, muito provavelmente, era onde residia a força do Gerente Paul. Relembre-se que entre os refugiados estavam sua mulher e filhos, vizinhos e amigos portanto, negociava com toda paixão. Suas expressões, olhares, postura e gestual, até sua vestimenta (sempre de terno) mostravam que ele estava totalmente comprometido com o resultado da negociação – salvar vidas – e certamente Foram um diferencial para que alcançasse seus objetivos. Avaliação dos Aspectos Positivos da Negociação Observada e Sugestão de Melhorias Pelas peculiaridades das negociações onde de um lado se negociavam vidas humanas e de outro, em sua maioria, ganhos pecuniários e materiais (lado da Milícia e dos soldados) é complexo dizer que tenha havido uma negociação integrativa ou uma negociação baseada em princípios. O que se pode dizer é que o Gerente do Hotel sempre buscou entender os interesses das outras partes na negociação e utilizá-los para seus objetivos, muito mais nobres e complexos, conseguindo salvar mais de 1200 vidas, dentre elas sua mulher e filhos, vizinhos e amigos, valendo-se sempre de negociações, sempre dramáticas, mas que resultaram na proteção dos refugiados e do patrimônio do hotel, evitando um massacre até que a ONU conseguisse transportar a todos para a Tanzânia. Em virtude do sucesso dessa empreitada e de todas as dificuldades e obstáculos superados pelo Gerente, além da sua inegável perspicácia e criatividade para negociar é muito difícil a sugestão de melhorias, pois o resultado mais importante – salvar os refugiados do hotel – foram alcançados. Não é tarefa fácil imaginar como o Gerente poderia ter feito diferente ou ter agido melhor. Sua coragem, abnegação e inteligência foram quase perfeitas. Estabelecimento de um Paralelo com sua realidade profissional | |
Considerações finais | |
Referências bibliográficas | |
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