Desenvolvimento e dependência
Resenha: Desenvolvimento e dependência. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: simonemaria • 14/6/2013 • Resenha • 810 Palavras (4 Páginas) • 361 Visualizações
Desenvolvimento e dependência
Ruy Mauro Marini[*]
Fuente: Archivo de Ruy Mauro Marini con la anotación "Artigo
publicado no Correio Braziliense, (1992)"
A crise do socialismo europeu, a revolução científico-técnica e a difusão da doutrina
neo-liberal puseram em xeque, nos anos 80, os pontos de referência de que se
valiam os meios políticos e intelectuais mais progressistas da América Latina para
pensar o futuro da região: os conceitos de desenvolvimento e de dependência. Seu
lugar é ocupado hoje por palavras de ordem, entre as quais se destacam a economia
de mercado, a inserção no processo mundial de globalização e a redução do Estado.
Os estudos sobre o desenvolvimento ganharam impulso depois da segunda guerra
mundial, graças sobretudo ao progressivo e muitas vezes conflitivo processo de
descolonização que então se verifica. A maioria das nações do globo, muitas delas
emergindo à vida independente, toma consciência do abismo que as separa de um
grupo de países que concentram a riqueza material e o conhecimento científicotécnico.
As tensões que isso provoca nas relações internacionais levam a que o
organismo encarregado de discipliná-las —a Organização das Nacões Unidas—
alente a elaboração de teorias destinadas a explicar e justificar essas disparidades.
Surgiram assim as comissões econômicas regionais das Nações Unidas, das quais a
mais atuante foi a da América Latina. A Cepal estabeleceu um esquema explicativo
para o subdesenvolvimento que, fiel ao padrão proporcionado pela ONU, o
considerava como uma etapa prévia ao desenvolvimento econômico pleno e (no que
ia além do que pretendia a ONU) um resultado das transferências de valor realizadas
no plano das relações econômicas internacionais.
A chave dessas transferências, que descapitalizariam a região e deprimiriam as
condições de vida de suas populações, seria a troca de bens com baixo valor
agregado, essencialmente matérias primas, por bens de maior valor agregado, de
origem industrial. Em conseqüência, a Cepal preconizava uma política de
industrialização, assegurada por um marcado protecionismo estatal. Sobre essa
base, entrariam a resolver-se os problemas sociais e a instabilidade política que
caracterizam os nossos países.
Reinando absoluta nos anos 50, a teoria desenvolvimentista da Cepal foi posta em
xeque quando, a princípios dos 60 e após um grande esforço de industrialização, os
países latino-americanos mergulharam em uma grave crise econômica, que não
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tardou em dar lugar a perturbações políticas. Foi nesse contexto que surgiram as
ditaduras militares, que se davam como objetivo resolver os problemas econômicos
à custa das liberdades políticas. E foi também quando, insistindo sobretudo nos
problemas financeiros e tecnológicos criados pela desnacionalização de nossas
economias, se constituiu a teoria da dependência.
Desenvolvimento e dependência, tanto para a Cepal como para a teoria da
dependência, eram questões ligadas à elevação do nível de vida das maiorias, à
defesa da democracia e das liberdades cidadãs e à luta pela soberania nacional. As
idéias que tomaram seu lugar preocupam-se principalmente com a competitividade
empresarial, com a liberdade de ação dos capitais privados e com a integração
subordinada a algum dos blocos econômicos que estão construindo os grandes
centros capitalistas.
Há, por trás disso, realidades objetivas. Os bens de menor valor agregado,
consistentes em produtos agrícolas ou minerais, que foram tradicionalmente os
pontos fortes da América
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