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FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL

Por:   •  11/5/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.455 Palavras (14 Páginas)  •  152 Visualizações

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Um BRAZIL vai conversar hoje com o economista colombiano Daniel Gómez, que chefia o departamento de pesquisa de competitividade no Fórum Econômico Mundial, o Daniel tem um doutorado em economia na universidade de Chicago, e o fórum é uma instituição internacional que promove a discursão sobre a importância da competitividade progresso econômico, desenvolvimento econômico dos países.

Muito obrigada por estar aqui conosco.

(Repórter) O que significa para um país ser competitivo e porque governos deveriam se preocupar com isso?

(Daniel) Claro. Então, o Fórum Econômico Mundial produz desde 1979, o índice de competitividade Global, que é nosso ranking para monitorar a competitividade por todo o mundo. Definimos competitividade como o conjunto de fatores e instituições que determinam a produtividade de um país. Porque isso é importante? Porque a produtividade é o principal fator para determinar o crescimento, nível de renda futura, e em geral, o bem-estar. É a condição necessária, mas talvez não suficiente, para melhoria do bem-estar das pessoas.

(Repórter) Pode nos explicar como funciona?

Como a competitividade leva ao progresso econômico?

(Daniel) Claro. Quando pensamos em crescimento econômico, pode-se crescer porque investiu-se mais no processo produtivo com capital, trabalhadores, empregos e terras, ou pode-se crescer por fazer as coisas de forma diferente e melhor, aumentando a produtividade usando-se menos recursos. Por isso é tão importante pensar em como aumentar a produtividade. Isso é a competitividade, todas essas condições que permitem que você faça as coisas de forma melhor. Produzir mais com menos e aproveitar o máximo os recursos escassos.

(Repórter) Na última década, nos acostumávamos a ouvir especialistas e instituições, como o Fórum Econômico Mundial, falando sobre como a abertura econômica é importante para a eficiência e, portanto, o crescimento dos lucros mas, recentemente, aparentemente, houve uma resposta popular contra esse discurso que muitos países em desenvolvimento adotaram nas últimas décadas ao abrirem suas economias ao comércio exterior e aos investimentos. Alguns analistas mencionaram a saída do Reino Unido da União Europeia como um exemplo dessa resposta. Outra mais recente seria a eleição de Donald Trump nos EUA com um discurso praticamente antiglobalização. Você vê essa resposta popular como um sinal de que talvez a globalização tenha fracassado em entregar prosperidade econômica a alguns segmentos da sociedade?

(Daniel) Certamente está claro que a globalização teve um efeito negativo, mas, em geral, teve um impacto muito positivo globalmente. Ao analisarmos os efeitos dos processos de globalização, vimos milhões de pessoas sendo tiradas da pobreza na China, na Ásia, na Índia, quando os países se integraram e começaram a participar na economia global. Em geral, acho que teve uma redução na desigualdade com a queda da pobreza, mas houve um aumento da desigualdade dentro de certas sociedades e certos países. Eu acho que essa é a experiência de certos países industrializados como o Reino Unido, os EUA, onde, é claro, há choques a certas profissões, ocupações e grupos, que tendem a produzir algo fora do país, por exemplo. O impacto é muito similar, ao impacto da tecnologia. Quando aparece uma nova tecnologia, o efeito é muito similar ao do comércio. O comércio desloca o processo de produção tanto quanto a tecnologia, então acho que nosso desafio agora é descobrir como proteger os ganhos da globalização enquanto resolvemos os problemas causados. E alguns desses problemas são causados pela transição dos processos e como respondemos aos aspectos de distribuição desses processos. Acho que isso exige uma série de políticas domésticas que acompanhem as políticas do comércio exterior para que funcione para mais pessoas. Isso tem muito a ver com as estratégias de competição que achamos importantes e que defendemos no nosso índice de competição. Para se beneficiar dessa abertura, é preciso ter condições de competição com boas instituições, infraestrutura, capital humano adequado, treinamentos, saúde, adoção e transferência tecnológicas, todas as condições que permitem que se beneficie do comércio ... Mercados que funcionem bem, mercados de trabalho que funcionem, mercados de bens que funcionem, mercados financeiros ... Todas essas condições servem para formar um ciclo virtual para gerar incentivos à inovação, que, em troca, aumenta o crescimento. Quanto mais se tem condições adequadas mais pessoas podem se beneficiar desses processos. Acho que o maior problema é como podemos melhorar nossas políticas domésticas para acompanhar a globalização e fazer com que mais pessoas se beneficiem disso.

(Repórter) Sem fazer isso, o risco é a globalização continuar a gerar esses desequilíbrios que você mencionou na distribuição de renda?

(Daniel) Sim, é importante ter mente que a distribuição de renda global se tornou menos desigual. Em alguns países, dentro das sociedades, há os grandes perdedores desse processo de globalização de acordo com os dados do banco Mundial. São a classe média dos EUA e em alguns lugares da Europa. A classe média ganhou proporcionalmente menos, parte dela pode não ter perdido, mas ganhou menos. Os grandes vencedores foram as classes mais baixas dos países emergentes e as elites globais. Nós temos dois grupos claros de vencedores e um grupo de perdedores muito vocais, relativamente, desse processo em que estamos, na produção, por exemplo, que está desintegrada verticalmente e atomizada por diversas correntes globais. São necessários processos de ajuste, são necessárias várias políticas como a reciclagem da educação, melhores redes de segurança e respostas a esses deslocamentos. Acho que é um desafio maior fazer dar certo para mais pessoas em todo mundo.

(Repórter) Mas não acha que, com esses acontecimentos, como a saída do Reino Unido da EU e a eleição de Donald Trump nos EUA, não é mais provável vermos alguns países recuando um pouco da liberação econômica?

(Daniel) Essa é uma tendência que reconhecemos no índice deste ano.

(Repórter) É verdade, vocês mencionaram no último relatório.

(Daniel) Essa é uma das nossas 3 mensagens. Vimos que nos últimos 10 anos há uma tendência, uma percepção de uma menor abertura das barreiras não-tarifárias. Mais regulação na alfândega, mais regras e leis, mais leis de igualdade, então várias barreiras que não existiam antes. Acho que há uma ameaça de que o protecionismo voltará. Foi também um tópico na ultima reunião do G20. Os países do G20 implementaram mais medidas protecionistas do que medidas de liberação nos últimos 5 anos. Acho que o desafio é encontrar formas de abordar essas preocupações sem perder os grandes ganhos que vieram da globalização. Eu acho que o mundo emergente tem um maior papel nisso, porque foram grandes vencedores nesse processo. Vimos grandes quedas na pobreza no mundo todo nos últimos vinte anos e muito disso se deu pela maior participação em mercados globais.

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