O ENSINO DE GROGRAFIA REGIONAL BRASILEIRA E O LIVRO DIDÁTICO: ABORDAGENS E PROBLEMAS
Por: Felipe Lima • 21/6/2019 • Trabalho acadêmico • 2.252 Palavras (10 Páginas) • 220 Visualizações
O ENSINO DE GROGRAFIA REGIONAL BRASILEIRA E O LIVRO DIDÁTICO: ABORDAGENS E PROBLEMAS
Icaro G. Batista da Silva
Resumo: este artigo teve como objetivo analisar os conteúdos referentes as regiões geográficas brasileiras apresentadas no livro didático e compara-las com os desdobramentos da categoria Região na concepção de autores da evolução do Pensamento Geográfico Brasileiro. Para tal trabalho, foi utilizado o livro didático do ensino fundamental EXPEDIÇÕES GEOGRAFICAS dos autores Melhem Adas e Sergio Adas, editora Moderna 2011. Foi realizado a leitura dos capítulos do livro referente as regiões brasileiras, consultas bibiográficas a respeito das correntes da geográfica clássica, moderna e pós-moderna, logo após foi feita a comparação e relação das regiões apresentadas no livro didático com a bibiografia consultada. A presente pesquisa concluiu que apesar das descrições detalhadas referentes as características físicas das regiões apresentadas pelos autores, são as correntes humanísticas e da Nova Geografia que exercem principal influencia na apresentação das regiões no livro didático.
Palavras chave: região, livro didático, ensino.
Introdução: O debate sobre o contexto da Região como categoria geográfica é bastante complexa e exerce uma função essencial no contexto clássico das correntes Geográficas. O ensino dessa categoria no ensino fundamental pode se tornar conflituosa em relação ao ensino, e a forma que a mesma é apresentada nos livros didáticos é primordial para o debate da formação dessas mesmas enquanto regiões.
O debate referente a região do Nordeste brasileiro inicia-se a partir do capítulo 17- “A Região Nordeste: o meio natural e a zona da mata”. O capitulo do livro, destaca de início a região nordestina sendo fruto de uma regionalização externa e interna a ela, e de caráter heterogênio, o que os autores relacionam com os conflitos sociais históricos liderados pelas elites populacionais econômicas que moldaram ali o caráter cultural de “pobreza” da região.[pic 1]
Percebemos então, a relação da questão da divisão regional interna levantada pelos autores do livro, com a terceira divisão de Vesentini (2012), a Pós-Moderna ou idealista, que bota em destaque as relações de conflito externos a região, que ao longo do tempo, liderados por elites da população nacional, moldaram as características apresentadas ao restante do Brasil, a região nordestina sendo como pobre e homogenia. Segundo Vesentini, essas características podem ser moldadas tanto culturalmente, apresentadas pelas músicas regionais, símbolos representativos como a vestimenta, a apresentação dos costumes, da língua e estereótipos regionais que elevadas ao patamar de representação da região, inferiorizam de forma nacional a mesma; ou como discursiva ou midiática que segundo o autor, foram responsáveis pela disseminação da região sendo como pobre economicamente e culturalmente ao longo da historia, oque resultou segundo ele na segregação regional da região ao restante do País.
Contudo, além da crítica a esse modelo de regionalização apresentado no livro didático, os autores não se restringem somente a esse modelo como única forma de regionalizar o nordeste brasileiro. Outro método que os autores utilizam para ilustrar esse modelo de regionalização da região, é a divisão que os autores denominam de “Sub-Regiões”, (Zona da mata, Agreste, Sertão, meio-Norte), que na concepção do autor, são as divisões de regiões tradicionais ou Lablachianas. A relação das ideias dos autores a respeito da região, com as de Vensentini, se dão pela apresentação das ocupações da população no território nordestino em relação a atuação e papel da natureza que influenciam nessas ocupações dos indivíduos ao longo da história.
Em termos gerais, as divisões das regiões nordestinas levando em consideração as características naturais, como relevo, vegetação, clima e solo, reforçam a ideia de divisão regional tradicional de Vensentini, de que a sociedade ocupa o território conforme os arranjos naturais. Porém, na visão Lablacheana, as relações entre homem e natureza que acabam influenciando diretamente no papel de escolhas das divisões regionais, exercem uma ideia de dicotomias bastante complexas em relação a esses fatores modeladores regionais. O livro didático cita a Zona da Mata como uma localidade rica economicamente, devido aos fatores humanos ali exercidos, favorecidos por questões naturais que segundo eles, são de total importância nos fatores sociais e econômicos
[pic 2]
O trecho exemplifica a ideia de divisão regional tradicional Lablacheana, que diz a respeito da região natural como a fornecedora de possibilidades para o homem, na relação homem x natureza. Portanto, o livro didático apresenta duas concepções de divisões regionais, a divisão tradicional, e a idealista, porém temos que levar em consideração todas as ramificações das problemáticas que dizem à respeito da divisão regional, ou seja, o livro não se restringe a essas ideias de divisões sendo como absolutas, porém, as coloca como principais atuantes no nordeste brasileiro.
Em relação a região Norte, os autores do livro didático exercem um discurso crítico em relação ao debate sobre a influencia da Amazônia na delimitação política da
região norte. O título do primeiro subtítulo do capítulo ilustra essa questão: “Região norte, ou Amazônia?” (pag.110). Contudo, os autores irão ao longo do capitulo (apesar de descreverem bem os aspectos naturais da região e deixarem claro o caráter único da região norte), destacarem o víeis politico (humano) como principal influenciador na divisão regional do Norte do país.
Esses fatores políticos que irão influenciar nas divisões regionais do norte, segundo os autores, terão como base, propostas econômicas de governo ao longo do tempo. As propostas ocorreram principalmente na metade do século XX, com a necessidade de unificar e ocupar a Região para uma melhor administração e proteção das extensas terras amazônicas, na década de 70, o governo cria a SUDAM, com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico local, e consequentemente, populacional. Anos mais tarde, é criada a Zona Franca de Manaus, modelo escolhido para elevar os níveis econômicos da região. Modelo que de certa forma, alavancou a ocupação populacional dos estados da região norte a partir dos anos seguintes, influenciando assim, na demarcação do territórios do Acre, e consolidação do Amazonas e Roraima ao estado nacional Brasileiro. Vensentini (2012), denomina esse processo de divisão regional de “Moderno”, modelo que leva em consideração o víeis econômico, de giro de capital, em decorrência da divisão do trabalho pelo capital. Essas relações serão responsáveis pela caracterização e desenvolvimento da região como modelo político, que por sua vez, ilustram a região subjetiva, por levarem em consideração fatores econômicos que nada expressam os valores naturais da região.
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