O Mito do Progresso
Por: Dayanna Silva Santos • 12/10/2022 • Resenha • 1.052 Palavras (5 Páginas) • 153 Visualizações
DUPAS, Gilberto. O mito do progresso. Novos estudos, n. 77, São Paulo. CEBRAP, Mar. 2007. p. 73 -89.
Dupas identifica o mito do progresso, onde a elite usa de uma ideologia cuja intenção é de fundamentar a ideia de que a história tem um destino certo e afamado.
O autor analisa a quem o progresso serve e quais são seus riscos e custos de natureza social, ambiental e de sobrevivência, onde ele aponta os problemas desse progresso, mostrando-o como discurso dominante das elites globais, o que gera exclusão, concentração de renda, subdesenvolvimento, danos ambientais, restrição dos direitos humanos essenciais e dilemas éticos e morais, além de poder influenciar em catástrofes futuras.
Dupas segue tentando derrubar esse mito do progresso, procurando destacar elementos para a desconstrução do discurso hegemônico sobre a globalização ligada à ideia de progresso implacável, concluindo que esse progresso é um mito que apenas valida interesses econômicos e políticos de quem detém o poder econômico.
Dupas usa como principal metodologia uma pesquisa qualitativa com uma coletânea de diversos autores renomados, com seus conceitos e visões a respeito do significado de progresso, tendo como principais influências intelectuais da obra: Adorno, Bobbio, Frank, Freud, Gorz, Habermas, Hirschman, Hobbes, Lévi-Strauss, Löwi, Marcuse, Marx, Engels, Nietzsche, Rousseau, Weber, entre outros, trazendo uma visão rica sobre o tema abordado.
O artigo apresenta um conjunto de ideias críticas sobre o progresso e seu processo de evolução, sendo percebido como um caminho de levar à sociedade a prosperidade e a paz. Dupas se fundamenta em dois principais pila res: No conhecimento tecnológico e científico acumulado e na melhora espiritual e moral do ser humano, defendendo que o progresso está diretamente conectado ao desenvolvimento da ciência e esta impulsionaria o desenvolvimento das ações para edificar o futuro, sendo adicionadas também ao conceito de progresso, o bem estar social, a igualdade e a soberania popular por meio da evolução do sistema democrático.
Na circunstância apresentada, a liberdade se mostra imprescindível para se obter o progresso, embora que apenas ela não seja possível de caracterizar o progresso, visto que, os seres humanos seriam maus por natureza, portanto, a liberdade seria impossibilitada de levar os homens a um mundo de felicidade. Tomas Hobbes afirmava que seria necessária então a participação do Estado para evitar a guerra de todos contra todos, enquanto a felicidade ampla da sociedade não se alcançaria com desenvolvimento técnico, pois este traz consigo a pobreza, a miséria e a exclusão social.
Seria equivocado relacionar consumo à felicidade, considerando o conceito de reificação proposto por Karl Marx onde os objetos tomam significados à frente do sujeito, criando um cenário de alienação, sendo assim, “felicidade” e “paz” termos que não condizem com o conceito de progresso estabelecido pela sociedade contemporânea. No conceito em questão, conhecimento é poder, sendo capaz de fazer mudanças e criar novos objetos para consumo. Para o mercado, a vida humana e suas relações são indiferentes, as pessoas são vistas como meros objetos descartáveis, onde se definem medidas para um novo conceito de cidadania, uma cidadania mercadológica, se opondo ao conceito verdadeiro que teria como base as relações humanas e sociais.
Dupas destaca que a globalização despertou ainda mais o individualismo na sociedade, dificultando a criação de vínculos humanos e incentivando a competição, dinâmica essa que favorece unicamente os donos de capital que acabam por levar diversas vantagens, gerando-se assim o aumento da miséria, da desigualdade, do desemprego, o sucateamento dos Estados nacionais e a flexibilidade das relações de trabalho, fatores esses que levam à uma ambição relacionada ao consumo e também uma constante crise no sistema.
Outro ponto destacado pelo autor seria uma crise ambiental de proporções catastróficas, visto que, o planeta Terra não seria capaz de produzir matéria prima suficiente para a ascensão do desenvolvimento almejado, além de levantar outras questões relacionadas à produção em grande escala que poderia afetar à saúde com o uso indiscriminado de conservantes e agrotóxicos, a fragilidade dos planos de saúde e o aumento de doenças como o câncer e problemas psicológicos, sendo expostos como consequências do modelo de desenvolvimento imposto. Destaca-se também a degradação do meio ambiente como uma grande ameaça à vida, usando como argumento a corrosão da biodiversidade, a devastação das florestas, as mudanças no clima e o aquecimento global. Há um conflito entre as nações no que tange o combate do aumento desenfreado da poluição e a diminuição dos efeitos do gás estufa: Algumas tentam debater e assinar tratados para lutar contra tais problemas, enquanto outras não se envolvem seriamente nas questões abordadas.
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