O TRANSPORTE

15. TRANSPORTE

                                                                 

                                                                                                  Mércio Jacobsen

15.1. Conceito

        É a movimentação ou fluxo físico de produtos ao longo dos canais de distribuição (movimentação de cargas de um local de origem até um determinado destino, envolvendo: Centros de Distribuição, Varejistas, Distribuidoras, Atacadistas, Representantes Comerciais, Lojas, B2B e B2C), se utilizando de seus modais para ligar unidades de produção ou armazenagem aos pontos de compra ou consumo (do início da cadeia de suprimento e chegando até o cliente). Deve contribuir, de forma expressiva, com o objetivo logístico de disponibilizar o produto certo, onde existe demanda potencial (no lugar certo), na quantidade certa, no momento certo e ao menor custo possível (financeiro, temporal e ambiental).

15.2. Modalidades de transporte

        Os modais (tipos de movimentação) considerados pelos agentes de transporte, transportadoras e associações de exportadores são cinco:

a) Transporte rodoviário.

b) Transporte ferroviário.

c) Transporte hidroviário (marítimo, fluvial e lacustre).

d) Transporte dutoviário.

e) Transporte aéreo.

        Cada uma destas modalidades costuma vender seus serviços diretamente aos usuários. Porém, em muitas oportunidades se tem a participação do agenciador de frete, que não possui nenhuma capacidade própria de movimentação, intermediando a venda de serviços de transporte. Também existem as figuras do serviço intermodal e multimodal (serão objeto de abordagem posterior), quando dois ou mais modais são requisitados num único despacho.

15.2.1. Transporte rodoviário

        O transporte rodoviário, que tem crescido vertiginosamente, é mais flexível que as outras modalidades, uma vez que pode movimentar uma grande variedade de materiais para qualquer destino (transporte porta a porta), de pequenas cargas, de forma parcelada. Com utilização adequada para curtas, médias e longas distâncias, tem a facilidade de poder efetuar coletas e entregas ponto-a-ponto, apresentando, assim, a maior disponibilidade entre todas as modalidades de transporte. Tem a possibilidade de fazer a conexão entre e com outros modais, no que concerne aos seus variados pontos de embarque e desembarque. Estas características o tem credenciado como o modal mais utilizado.

        Por outro lado se devem considerar seus elevados custos operacionais, apenas menores que do transporte aéreo, fazendo com que outros meios de transporte, com fretes menores, comecem a ter sua competitividade gradativamente ampliada.

        Apenas para reforçar, a utilização do transporte rodoviário é adequada para volumes menores, de carga parcelada, com prazos de entrega relativamente curtos.

15.2.2. Transporte ferroviário

        Destinado a produtos grandes, pesados ou de alta densidade, mas cujo prazo de entrega não seja preponderante (o transporte por trem pode ser demorado), o modal ferroviário se tem mostrado adequado para longas distâncias. Ao contrário, pequenas cargas, para pequenas distâncias, com lead time curto, raramente são indicadas para esta modalidade de transporte. O comboio pode ser composto por muitos vagões (podem ser compatibilizados para abrigar diferentes tipos de cargas sólidas, a granel e líquidas), cujo fator, aliado àqueles anteriormente citados, contribui para a possibilidade de praticar preços inferiores ao do transporte rodoviário e aéreo.

        No Brasil tem sido utilizado por siderúrgicas, indústrias de cimento, indústrias químicas e de plásticos, algumas com terminais ferroviários no próprio pátio. Também vem se revelando como a opção de transporte mais adequada para o escoamento da produção agrícola e mineral do interior do país para os portos.

                Contudo, é um tipo de transporte lento, com traçado de ferrovia prefixado e limitado, o que não permite a flexibilidade de movimentação das rodovias, sem a possibilidade de coleta e entrega ponto-a-ponto. As cargas precisam ser entregues e retiradas no terminal ferroviário, o que exige o recurso de outro modal para dar partida e continuidade à movimentação.

        Importante lembrar o processo de privatização das ferrovias brasileiras, iniciado em 1995, o que tem feito com que se apresentassem melhoras, embora que tímidas – esperam-se progressos mais significativos.

15.2.3. Transporte hidroviário

        Esta modalidade de transporte, cuja disponibilidade e confiabilidade são significativamente influenciados pelas condições meteorológicas, usa o meio aquático, natural ou artificial, para a movimentação de cargas em grandes volumes, cujo fator tempo seja secundário. Quando o usuário não está localizado nas margens dos portos exige a utilização de outro modal, combinadamente. Tem como aspecto preponderante o fator capacidade, por conseguir lidar com qualquer requisito de transporte, como tamanho e tipo de carga. Produtos como carvão, minérios, coque, cascalho, petróleo, areia, ferro e aço semiprocessados, grãos e cimento, relativamente baratos e não perecíveis, são transportados pelo modal hidroviário, um serviço normalmente lento, porém de preço mais baixo entre todos os modais. Vale frisar que o baixo valor específico dos produtos transportados faz com que seus custos de estoque não sejam excessivos, o que recomenda a utilização deste meio de transporte que, apesar de mais lento, é capaz de propiciar vantajosa recompensa econômica através da prática de fretes baixos. Deve-se destacar que bens de alto valor também compõem o portfólio deste meio de transporte, principalmente pelos operadores internacionais, que para tal costumam usar contêineres, os quais proporcionam a redução dos tempos de carga e descarga e a otimização do desempenho da operação intermodal/multimodal.

        Com relação à lentidão, se deve registrar que é o mais lento de todos os meios de transporte, comumente pela ocorrência de atrasos significativos em portos e terminais, pelo gerenciamento de contêineres e devido à alfândega.

        Na tabela seguinte tem-se a apresentação da classificação do transporte hidroviário, que se divide em diversas modalidades, as quais, pela sua importância, merecem cada qual uma abordagem própria.

Tabela 27 – Classificação do transporte hidroviário

TRANSPORTE HIDROVIÁRIO	a) TRANSPORTE FLUVIAL Costuma servir mais comumente para transporte     nacional e de médio alcance, utilizando rios e canais de navegação.
b) TRANSPORTE MARÍTIMO Ocorre através do transporte de cabotagem e do transporte internacional.	b.1) TRANSPORTE DE CABOTAGEM É feito entre portos nacionais, ao longo da costa.
b.2) TRANSPORTE INTERNACIONAL É o transporte além-mar (oceânico), servindo para a importação e a exportação, usando principalmente contêineres para acondicionar os produtos movimentados.
c) TRANSPORTE LACUSTRE Costuma servir mais comumente para transporte nacional e de curto alcance, utilizando lagos.