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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E SOCIAL CORPORATIVA (RASC) COMO ESTRATÉGIA: A EVOLUÇÃO DOS CONCEITOS

Por:   •  28/1/2016  •  Artigo  •  6.430 Palavras (26 Páginas)  •  892 Visualizações

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Responsabilidade ambiental e social corporativa (RASC) como estratégia: A evolução dos conceitos

Autor: André Sarmento Spalenza

1. RESUMO

Com o interesse crescente pelo tema Responsabilidade social corporativa (RSC), englobando também os aspectos ambientais, a responsabilidade ambientas e social corporativa (RASC) passa a ser alvo de pesquisas. Como argumenta Vasconcelos, Alves e Pesqueux (2012), este tema tem evoluído muito nos últimos 40 anos, e tendo em vista, o objetivo das empresas de legitimar seu ganhos e buscar a vantagem competitiva, o tema, como aponta Onaran (2010), passa a ter grande proximidade com a área da estratégia. Tendo em vista essa proximidade, o trabalho sugere a seguinte questão: De que forma os conceitos de estratégia se relacionam com a responsabilidade ambiental e social corporativa (RASC) na busca da vantagem competitiva? Para tanto realiza-se uma revisão teórica, apontando uma prévia sobre a evolução dos conceitos de RSC, juntamente com a responsabilidade ambiental, e a evolução dos conceitos de estratégia e uma aproximação teórica entre estes dois temas. A abordagem teórica estratégica utilizada na comparação é a da Visão baseada em recursos, . Com a aproximação teórica realizada, conclui-se que a RASC é utilizada na forma de estratégia para legitimar as atividades da empresa, não para, realmente, um bem social.

Palavras-chave: Responsabilidade ambiental e social corporativa (RASC). Estratégia. Visão baseada em recursos (VBR).

2. INTRODUÇÃO

É crescente o interesse pelo tema Responsabilidade social corporativa (RSC), e como apontam Vasconcelos, Alves e Pesqueux (2012), este tema sofreu grande expansão e modificação nos últimos 40 anos. Surgido na década de 50, e evoluindo até os dias atuais, a RSC tem a função de atender a sociedade no que esta demanda, a fim de legitimar as estratégias empresariais na medida que a sociedade passa a exigir que isso seja feito. A RSC, como aponta Flamer (2013) e Faria e Souerbron (2008), passam a incorporar também aspectos ligados ao meio ambiente, sendo chamada então, nesse trabalho, de Responsabilidade ambiental e social corporativa (RASC).

Relacionando estratégia e RSC, vemos que as empresas, em sua maioria, tem como principal função atingir o maior índice de lucro possível; poucas tem a efetiva consciência social altruísta de fazer o bem social, sem ganhar nada em troca (ONARAN, 2010). A ideia de agir de modo sustentavelmente responsável, que passa a ser uma exigência social (MARX, 1980. ONARAN, 2010), se associa ao fazer estratégico, afim de utilizar algo que é exigido pela sociedade de forma a legitimar práticas e alcançar a vantagem competitiva. A noção de RSC, como vemos em Vasconcelos, Alves; Pesqueux (2012) vem como precedente de uma nova estratégia, que deve ser implantada em todas as empresas, para que seus atos sejam legitimados socialmente.

Como aponta Whittington (2003), a área da estratégia evoluiu muito nos últimos 40 anos, e continua evoluindo, sendo a estratégia de uma visão baseada em recursos (BARNEY, 1991) uma alternativa de estudo surgida da insatisfação da área de estratégia tradicional vista, principalmente, por Anssof (1990); Mintzberg e Walters (1985). Vendo a aproximação entre a área da estratégia e a da RSC (ARAGÓN-CORREA; SHARMA, 2003), é identificado que esta, uma vez que as duas evoluem juntas, a aproximação entre a RSC e a VBR também pode ser feita, pois, como foi dito por Aragón-Correa e Sharma (2003) e também por Arend e Lévesque (2010), a VBR é uma abordagem estratégica que considera os recursos naturais e sociais no fazer estratégico, se importando assim com as pessoas e com o meio ambiente.

Tendo em vista o lucro pretendido pelas empresas e o alcanço da vantagem competitiva, alinhado a exigência da sociedade para ações cada vez mais sustentáveis, o trabalho propõe a seguinte questão teórica: De que forma os conceitos de estratégia se relacionam com a responsabilidade ambiental e social corporativa (RASC) na busca da vantagem competitiva? A abordagem estratégica utilizada é a visão baseada em recursos, pois como aponta Aragón-Correa e Sharma (2003) e também por Arend e Lévesque (2010), esta abordagem tem grande aproximação com o tema responsabilidade empresarial e socioambiental, por indicar a importância da responsabilidade social na utilização dos recursos na busca de atingir a vantagem competitiva.

O estudo se justifica, partindo dos estudos, apontados, dentre outros, por WCDE (1987); Onaran (2010); Buarque (2008), de que a responsabilidade social empresarial e socioambiental (RASC) é um movimento  que legitima os negócios da empresa. A RASC é uma exigência social, e sua pseudo-adoção acarreta prejuízos para a empresa, caso descoberta.

O objetivo do artigo é fazer uma aproximação teórica entre a área da estratégia, com especial atenção para a visão baseada em recursos, e a responsabilidade social corporativa e ambiental. Esta aproximação teórica é feita em linhas gerais, e não tem como objetivo adentrar em detalhes. O trabalho busca, em um primeiro momento, contextualizar o porque e como a RASC é vista como estratégia. Em um segundo momento, o artigo faz uma breve explicação sobre os conceitos estratégicos, com teorias tradicionais de processo (MINTZBERG; WALTERS, 1985. ANSOFF, 1990) e depois faz uma explicação sobre a VBR e sua importância para os estudos organizacionais. Após a descrição estratégica, é traçado um breve histórico a respeito da evolução dos conceitos de responsabilidade social corporativa englobando também os aspectos ambientais. O trabalho é finalizado com as principais conclusões do autor.

3. UMA ANÁLISE SOBRE ESTRATÉGIA E A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E SOCIAL CORPORATIVA (RASC).

Escândalos ambientais vieram à tona, no Brasil, envolvendo empresas que dispõem de um certificado da ISO 14001, dentre os exemplos marcantes, amplamente divulgados pela mídia, destacamos: Em junho de 2000, o depósito e a queima de resíduos perigosos (entre outros, dioxinas e furanos) da fábrica de montagem da Fiat em Formiga (FOLHA, 2000), e, em julho do mesmo ano, a vazão de quatro milhões de litros de óleo da refinaria da REPAR nos rios Iguaçu e Barigui (GAZETA MERCANTIL, 2000). Mais recentemente veio a tona o caso da Chevron, em 2011, que é uma empresa americana, que provocou vazamento de petróleo no Campo do Frade e afundou o óleo com areia em vez de retirá-lo (VEJA, 2011).

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