O papel dos gestores de recursos humanos na construção da responsabilidade social corporativa
Tese: O papel dos gestores de recursos humanos na construção da responsabilidade social corporativa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: juniorc18 • 15/11/2013 • Tese • 2.747 Palavras (11 Páginas) • 652 Visualizações
O PAPEL DO GESTOR DE RECURSOS HUMANOS NA CONSTRUÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL
Patrícia Werlang
RESUMO
Este trabalho objetivou investigar o papel do gestor de RH na construção da responsabilidade social empresarial. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória que possibilitou traçar o entendimento dos entrevistados sobre o construto Responsabilidade Social. Também foi possível identificar, na visão dos gestores de RH, os valores organizacionais que levam ao desenvolvimento da responsabilidade social empresarial, descrever as principais ações internas e externas desenvolvidas pelos gestores de RH, bem como, identificar os requisitos necessários para atuar neste campo. Por fim, os entrevistados apontaram os resultados organizacionais obtidos a partir do desenvolvimento de ações socialmente responsáveis.
INTRODUÇÃO
O desafio do gestor de RH nas organizações é desenvolver políticas de gestão que tenham como foco o desenvolvimento do ser humano como pessoa, profissional e cidadão. Desta forma, sua inserção tem um caráter estratégico para organização, na medida que deve ter uma visão sistêmica da mesma considerando, não somente o corpo funcional, mas todas as relações que a empresa estabelece com a sociedade, consumidores, fornecedores e acionistas.
Assim sendo, o presente artigo tem como objetivo investigar o papel dos gestores de recursos humanos, tendo como pano de fundo a responsabilidade social. Identificar qual o entendimento destes profissionais sobre o tema, bem como o posicionando diante desta nova lógica, constitui-se em informações que poderão contribuir para o aprimoramento da gestão da responsabilidade social nas empresas.
Aprofundando um pouco mais a importância deste estudo, deve-se salientar que o comportamento socialmente responsável por parte das empresas não representa apenas um fortalecimento da imagem da empresa perante os acionistas e os consumidores, mas também um diferencial relevante na retenção e contratação de novos talentos, além de outros fatores que serão abordados ao longo deste trabalho.
1 O novo contexto: rumo a responsabilidade social?
A partir da década de 80, verifica-se um forte movimento de internacionalização das economias capitalistas que se convencionou chamar de globalização. Um dos traços marcantes deste processo é a crescente movimentação de empresas transnacionais e multinacionais. A partir deste movimento foi possível observar um novo desenho na alocação geográfica dos recursos e por conseqüência uma forte concentração de renda.
Segundo NETO & FROES (2001), este rearranjo espacial das atividades produtivas no mundo, através da fragmentação e migração de cadeias produtivas, criou um novo tipo de globalização, de efeitos perversos e que culminou com a elevação dos custos ecológicos e sociais. FURTADO(1999 apud NETO & FROES, 2001) denominou este processo de “lógica do complexo multinacional” que se traduz na busca da maximização das vantagens do seu negócio e não nas vantagens relativas próprias do pais região ou local.
Empresas, empresários e governos conscientes dos riscos envolvidos na adoção indiscriminada da nova lógica econômica globalizante buscam caminhos para atenuar seus efeitos e diminuir seus riscos sistêmicos. NETO & FROES (2001) salientam que a saída para este impasse está no desenvolvimento de uma nova lógica, denominada de racionalidade social, tendo como características: as empresas como principais agentes; foco na comunidade; ênfase na prática da solidariedade; desenvolvimento da comunidade a partir das ações sociais empresariais; e a empresa como um investidor social.
A operacionalização da lógica da racionalidade social ocorre através do exercício da responsabilidade social, sendo considerada um processo dinâmico a ser conduzido com vigilância permanente, de forma inovadora e dotado de mecanismos renovadores e de sustentabilidade. Segundo NETO & FROES (2001), existem três estágios de responsabilidade coorporativa:
• Gestão social interna – tem como foco as atividades regulares da empresa, saúde e segurança dos funcionários e qualidade do ambiente de trabalho;
• Gestão social externa – refere-se ao ônus das externalidades negativas ao meio ambiente (poluição, uso de recursos naturais, etc), à sociedade (demissões, comunidade ao redor da empresa) e aos seus consumidores (segurança e qualidade dos produtos).
• Gestão social cidadã – abrange questões de bem estar social. A empresa inseri-se socialmente na comunidade, promove o desenvolvimento social e atua no campo da cidadania, mediante ações de filantropia e a implementação de seus projetos sociais. Neste estágio a empresa desenvolve ações sociais que extrapolam o âmbito da comunidade local e que se estendem à sociedade como um todo.
Através da descrição destes estágios é possível perceber a amplitude das ações internas e externas que as organizações devem desenvolver para serem consideradas socialmente responsáveis. GARAY (2001) salienta que as organizações ao agirem adicionam a suas competências básicas um comportamento ético (ética é a base da cidadania empresarial e se expressa através dos princípios e valores adotados pela organização) e político, através da participação junto ao Estado, a sociedade civil organizada e grupos de cidadãos, das decisões e ações relativas a construção de formas de melhor enfrentar os problemas sociais que hoje atingem a todos.
No Brasil é crescente as iniciativas por parte das empresas, organizações do terceiro setor e do poder público que estão fomentando ações no campo da responsabilidade social. Pode-se citar o exemplo do Estado do Rio Grande do Sul que através da lei nº 11.440/00, de 18 de janeiro de 2000 institui um certificado de responsabilidade social para empresas estabelecidas no âmbito do estado. Este certificado é entregue através do Prêmio Responsabilidade Social–RS. Na primeira edição, em 2000 participaram 22 organizações. Já na edição de 2001, foram outorgados 87 certificados de responsabilidade social para aquelas empresas que prestam contas à sociedade de suas atuações sociais por meio de Balanço Social. Vale ressaltar que destas empresas, três receberam o Troféu Responsabilidade Social Destaque RS, por seus projetos exemplares, considerando-se as categorias pequenas, médias e grandes organizações.
Constata-se que as empresas estão começando a se movimentar no sentido de realizar
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