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Segunda Teoria do Aparelho Psíquico de Sigmund Freud (1923)

Por:   •  31/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.499 Palavras (10 Páginas)  •  334 Visualizações

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Segunda Teoria do Aparelho Psíquico de Sigmund Freud (1923)

ID é um local do aparelho psíquico de qualidade exclusivamente inconsciente que tem uma lógica organizada por leis próprias e singulares. É regido pelo princípio de prazer: quer satisfação (expressão livre dos desejos, das emoções e ações) sem levar em consideração limites do mundo e a sensibilidade do outro. Ele impõe exigências ao ego para agir buscando satisfações imediatas oriundas das descargas das pulsões sem reflexão alguma sobre as consequências dessas ações. O ID é a expressão da singularidade de cada um.

EGO é aquela parte do ID que foi modificada pela influência direta do mundo externo, por intermédio do sistema Pcpt.-Cs (perceptivo e consciente). É regido pelo princípio de realidade: quer alcançar prazer ao indivíduo, mas levando em consideração as regras do mundo, as exigências internas e os limites que o social impõe. O princípio da realidade aceita o adiamento do alcance do prazer para conseguir um prazer que traga menos consequências a pessoa. Ele busca negociar com as pessoas no mundo e internamente, com as duas instâncias que lhe impõem muitas exigências. O EGO não controla as decisões do sujeito. Há muitas exigências internas que ele não controla, além de todas as exigências do mundo externo. O ID e o SUPEREGO não se subordinam a ele. O EGO é objeto de adaptação contínua e isso lhe gera tensão e ansiedade.

SUPEREGO é uma diferenciação dentro do EGO. Ele é um sistema que internaliza as proibições (exigências sociais), os limites, a autoridade e os ideais do sujeito através de um processo de identificação com “objetos” eleitos por ele (pessoas, símbolos, crenças e ideais culturais). Ele é regido pelo princípio da realidade e impõe muitas exigências ao ego. Ele demanda que o ego cumpra os deveres morais e alcance os ideais com que ele se identifica.

CONFLITOS PSÍQUICOS

No livro “A morte de Freud” de Mark Edmundson (2009), o autor apresenta como Freud explicou a divisão do aparelho psíquico e as formas de lidar com ela.

Para Freud, os psiquismos humanos não são inteiros, mas divididos em partes, e estas partes estão geralmente em conflito umas com as outras. Então, é comum ao ser humano, a vivência de tensão, que se manifesta como ansiedade que é muito difícil para o indivíduo explicar ou sanar. O indivíduo nunca se sente inteiramente bem, em parte porque, praticamente o tempo todo, uma instância poderosa está negando as demais. Pode-se, por exemplo, lutar pelo sucesso e, desta forma, suavizar o superego. Mas, ao mesmo tempo, o id ficará insatisfeito, e gritará por prazer, e o ego se sentirá pressionado, porque, por maior que seja a pressão do superego, ele não pode viver apenas em função de suas exigências de realização e sucesso, pelo seu senso de dever. Só que quando a dissonância interna se torna forte demais, o resultado é possivelmente a neurose e o adoecimento.

Outra causa de grande sofrimento interno é a ambivalência pulsional (amar e o odiar o mesmo objeto, que pode ser algo, alguém externo e a si mesmo) que leva o ego a reprimir esse pensamento e desejo agressivo do id e o superego a produzir culpa. Negar a satisfação imediata da pulsão, expressão do amor ou da raiva, por exemplo, faz o indivíduo acumular tensão e raiva, em que o superego pode se apropriar dessa raiva e condenar o sujeito, que teria gestos auto agressivos, ou canalizar a agressão para o mundo exterior. Pode também o ego sublimar essa tensão agressiva em ações criativas ao sujeito e que interessem a sociedade, que será explicado mais adiante.

O aparelho psíquico está, em geral, em um estado de tensão. O id, ou o “isso”, quer o que quer, e não aceita facilmente um “não” como resposta. Comporta-se como se fosse faminto. Não reconhece limites e quer o prazer que imaginariamente vislumbra. Muitas vezes quer o que não pode e não se satisfaz com o que tem.

O superego, ou o “supereu”, o agente da autoridade interna, muitas vezes vigia duramente o id e os seus múltiplos desejos. O superego, de fato, com frequência castiga a mente simplesmente por desejar coisas proibidas, mesmo que ela não aja de acordo com esses desejos. É uma instância psíquica que apresenta restrições sociais, pois internalizou leis, frequentemente não escritas, que a vontade coletiva trabalha para impor ao indivíduo. O superego é a sociedade viva dentro do sujeito que se fortalece com suas próprias energias vitais. Então, a luta contra a norma social seria sempre uma fonte de ansiedade, pois se perde espaço e reconhecimento social.

Por fim, o ego, ou o “eu”, tenta fazer a mediação entre o id e o superego, mas o faz com grande dificuldade, com confusão, em parte porque ambas as instâncias funcionam muitas vezes fora do âmbito da consciência do ego. E Freud afirma que o superego, como o ego, pode ser inconsciente. Além disso, o ego deve navegar em um mundo exterior frequentemente hostil. O ego serve a três mestres (a realidade, o id e o superego) e é, consequentemente, ameaçado por três perigos: do mundo externo, da libidinosidade do id (busca imediata do prazer do id) e da severidade do superego. Três tipos de angústia correspondem a estes três perigos, pois a angústia é expressão de uma fuga do perigo. Esses três tipos de angústia (a real, a neurótica e a moral) são bem explicados no texto modelo psicanalítico.

A humanidade chegou a diferentes soluções ao problema dos conflitos internos e do sofrimento que inevitavelmente acarretam. Freud aponta que muitas dessas soluções podem ser descritas como formas de inebriamento, tais como o uso do álcool, a contemplação de algo bonito, da arte, a vivência da paixão, o deslumbre com a fama, a emoção de ficar um pouco “alto” quando se brinca com uma criança ou com um animal de estimação. O que o inebriamento geralmente faz é aplacar (suavizar) o superego e torná-lo mais suave, menos severo em seus julgamentos, e por isso mesmo mais suportável. O álcool, por exemplo, relaxa as exigências do superego, mas a ressaca do dia seguinte trás sofrimento. Esse sofrimento é oriundo dos efeitos tóxicos do álcool, mas também da reafirmação raivosa do superego, que pune o ego por tê-lo deposto, e agido (e pensado e desejado), de formas tão vergonhosas na noite da véspera.

A contemplação de algo bonito acalma o tumulto interior. Da mesma forma, quando se ouve ou se conta uma piada, os desejos proibidos se manifestam, mesmo que por um breve momento. Quando se acredita em uma verdade absoluta, conforme muitos ensinamentos

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