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A ARQUITETURA E MODERNISMO

Por:   •  18/10/2022  •  Artigo  •  843 Palavras (4 Páginas)  •  136 Visualizações

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PLÍNIO S. B. MOTA JR  2019

ARQUITETURA PARA ALÉM DO AMANHÃ: dos limites da arquitetura social às novas energias utópicas da arquitetura insurgente

RELAÇÃO DA ARQUITETURA E MODERNISMO NO BRASIL

Utilizando desses mesmos termos, Carrasco mostra que o processo de modernização não é territorializado homogeneamente no espaço urbano, em virtude das particularidades do território, isto é: na articulação entre as partes e o todo, o nível de produtividade a ser atribuído para cada parte é colocado a partir de uma média socialmente estipulada. Isso obriga que diferentes mercadorias que são produzidas em condições diferentes de articulação sejam realizadas de acordo com os “parâmetros de produtividade socialmente estabelecidos no nível da totalidade da produção” (CARRASCO, 2012, p. 24).

CARRASCO, André de Oliveira Torres. Os limites da Arquitetura, do Urbanismo e do Planejamento Urbano em um contexto de modernização retardatária: As particularidades desse impasse no caso brasileiro. 2011. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo – FAU-USP, São Paulo.

A cidade latino-americana moderna é, portanto, resultado desse processo de modernização que acumula interposições importantes de serem entendidas. Visto como meios de associação ao mercado financeiro, os instrumentos de planejamento (por meio da arquitetura e urbanismo) utilizados, bem como os investimentos de infraestrutura, representaram o direcionamento da expansão imobiliária para garantia de maiores rentabilidades na produção da cidade (CARRASCO, 2012). Integração que se perpetuaria nas décadas seguintes, orientando a expansão urbana

De qualquer forma, é importante considerar, como avaliam Andreoli e Forty, as particularidades do intercâmbio da cultura arquitetônica europeia no Brasil, ou seja, a partir das condicionantes dos movimentos históricos de vanguarda da Europa, o que as teorias modernas encontram no Brasil é, principalmente, “uma sociedade sem uma cultura burguesa desenvolvida para rejeitar” e “[uma] economia sem infraestrutura industrial” (ANDREOLI; FORTY, 2004, p.16). Além disso, a arquitetura moderna da vanguarda de 1920, principalmente da Bauhaus de Walter Gropius, tinha como ponto central a “intenção de ser socialmente libertadora”, o que justificou seu envolvimento com a esfera do trabalho, com a vida dos trabalhadores, e com a transformação “das vidas dos oprimidos” (ANDREOLI; FORTY, 2004, p. 17). Para Andreoli e Forty, mesmo não sendo “plausíveis” para o Brasil os termos do Modernismo europeu e, apesar das disparidades, a linha traçada pelo movimento brasileiro foi de uma “arquitetura socialmente transformadora” (ANDREOLI; FORTY, 2004, p.19).

ANDREOLI, Elisabetta; FORTY, Adrian. Arquitetura Moderna Brasileira. Nova York: Phaidon Press Limited, 2004

e. A demanda aos arquitetos brasileiros pautava-se, de maneira geral, em “enfrentar as dificuldades impostas pela forma particular de desenvolvimento do processo de modernização nacional, e não se servir das instabilidades geradas por esse processo para dar vazão as suas posições subjetivas” (CARRASCO, 2011, p.103-104).

Pode-se dizer que a herança do debate sobre a arquitetura moderna brasileira é a percepção sobre a influência dessa produção sobre o setor produtivo urbano, por meio do planejamento urbano, estabelecendo, junto com o mercado imobiliário e de incorporações, além do próprio Estado, as transformações do espaço urbano para alcançar a máxima rentabilidade na produção desse espaço. Com a perda da dimensão mais ampla da visão moderna das cidades, fruto da crise da arquitetura moderna, e com a reestruturação da produção capitalista mundial, que incluiu uma fratura na constituição do Estado, as cidades foram fragmentadas e reordenadas, livremente, conforme os interesses econômicos. Mais grave ainda é que as margens da Urbanização promovida junto à arquitetura moderna passaram a se constituir em cidades ilegais em virtude das políticas neoliberais que se instituíram nos países de economia periférica. Assim, os territórios ilegais foram, e ainda são, a alternativa de moradia da maior parte da população brasileira, ainda que pouco considerados nas políticas urbanas. P.87

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