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A Antropologia da Casa

Por:   •  22/11/2022  •  Relatório de pesquisa  •  1.313 Palavras (6 Páginas)  •  106 Visualizações

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As colaborações do habitar uma moradia original na COHAB Anil III

em São Luís do Maranhão.

Carlos Eduardo Lima Santos

Mayane Adriane Costa Cardoso

Bruno da Silva Azevedo

Antropologia da Casa

INTRODUÇÃO

O espaço é composto por elementos históricos responsáveis em determinar o seu caráter paradoxalmente, destacando seus diferentes níveis sociais e culturais, naquilo que lhe concerne, determinará o confronto entre modernidade e retrógrado; entre vida boa e vida ruim; entre segurança e insegurança; entre eficiência e insuficiência.

Ironicamente, a cidade compõe um lugar pronto para atender as necessidades das pessoas com um sistema de interesses globais, dessa forma, permite deixar à margem o “bem-estar” da sociedade.

Em outras palavras, a sociedade é constituída por várias partes, com interesses diferentes, e o advento da urbanização só fortaleceu a divisão dos espaços urbanos, tendo como consequência o desenvolvimento de um isolamento social dos grupos, e isso se traduz na organização e formação de áreas diferenciadas.

A casa nada mais é do que o produto final, porém não é estático e se relaciona diretamente com seus moradores, ela transpõe a identidade e demonstra para quem analisa os aspectos arquitetônicos. Além de ser apresentada como um espaço refletor do estilo de vida dos seus habitantes, ela está intimamente relacionada com as pessoas, pois a sua configuração depende das experiências pessoais, expectativas e preferencias do usuário.

DESENVOLVIMENTO

O processo de formação, constituição e urbanização da cidade de São Luís do Maranhão se difere do restante do Brasil, tendo originalmente como seus primeiros habitantes: os povos indígenas, onde eles se depararam com seres humanos, até então, desconhecidos, com características diferentes (língua, vestimenta, costumes, cultura, etc.). A cidade povoada por esses novos habitantes é fundada pelos franceses em 1612, são expulsos três anos depois pelos portugueses e a terra é moldada por um novo dono, posteriormente invadida por holandeses, sem sucesso, em 1641, os colonizadores são responsáveis pela primeira distribuição das quadrículas urbanas que atualmente ocupam a área do centro histórico da cidade, sendo a mesma adaptada à topografia local, assim, cumpria a sua principal função de ocupar e também respeitar as condições limítrofes locais.

A cidade possuía conexão significativa com o porto, sendo a única conexão ao resto do mundo do século XVII, dessa forma, a alteração do ambiente urbano por meio da renda ocorria através da dependência de êxito do ciclo econômico da região. A cidade até então tinha como função essencial: transportar as atividades produzidas no espaço rural. Em decorrência dos novos planos propostos para o país para a construção de rodovias tendo como objetivo a integração das cidades brasileiras, a cidade do porto perde relevância, impossibilitando grandes interversões urbanísticas devido à escassez de recursos. A partir da industrialização somada à disparidade entre a ocupação de terras e os proprietários das dela e ao uso das máquinas que substituíam os trabalhadores rurais assalariados alavancam a inversão na quantidade populacional entre urbano e rural, a provocação do êxodo rural.

A grande densidade alojada na área urbana produz um confronto entre a elite e dos operários, que usava de ideais sanitaristas, embelezadores, a segregação. É importante ressaltar que o ambiente ocupado: terreno, ganha relevância e forte valor agregado (variando de acordo coma utilidade do local, o deslocamento, as condições ambientais e a classificação). Dessa forma, os locais ambientais frágeis (encostas de morros, rios, etc.) e distantes do centro são os novos pontos de habitação.

A história das habitações de interesse social começa com a iniciativa privada por meio dos cortiços e anos depois com as vilas operárias tendo os donos das fábricas visando a permanência de seus operários próximo às fábricas, o Estado após a revolução de 30 começa a intervir sobre os serviços, os IAP (aposentadoria e Pensão) a princípio não se tratava da problemática habitacional, servindo como investimento dos recursos da Previdência Social na construção das instituições previdenciárias, a FCP (Fundação Casa Popular) e o BNH (Banco Nacional de Habitação) financiava os empreendimentos imobiliários.

A política habitacional não se restringe somente ao fornecimento de uma casa, mas também implica em diversas ações que chegam muito além do básico, principalmente se relacionarmos a cidade na totalidade. Habitar em uma cidade significa caminhar livremente, ter acesso aos equipamentos urbanos, ao espaço público, usufruir dos serviços básicos. A construção de novos conjuntos e bairros está diretamente ligada as condições e serviços ofertados.

A COHAB Anil III possui a maior densidade entre as séries do projeto Cohab Anil, mas em relação às áreas destinadas aos equipamentos urbanos e praças ele definitivamente não se destaca, embora possua a maior área com hectare, ressaltamos que esses fatores não são necessariamente influenciadores na composição do espaço.

O projeto inicial tem a razão entre a quantidade de moradores pela dimensão do terreno e resulta na densidade proposta para o local, e a situação da COHAB Anil III é inferior à 200 hab./ha.

Visando aprofundar-se mais no tema e coletar informações uteis para o melhor entendimento do assunto, foi realizada a entrevista de um morador do COHAB Anil III.

O morador de 45 anos, dono e proprietário de uma das poucas casas remanescentes do projeto original proposto para o bairro, a unidade habitacional apresenta pequenas alterações no muro de divisa para tornar o acesso para a casa mais prático e seguro, quanto a fachada, ela permanece intacta com pintura nova, plantas em vasos no seu perímetro e a cobertura ainda em modelo de cimento de amianto, não possui forro. Sua profissão e atuação como técnico em eletrônica, contribuiu com as ideias de alteração no muro. Em sua residência é atualmente composta por mais 5 pessoas dividindo o mesmo local, logo, a casa possui ampliações para os demais residentes. Segundo o relatado a casa tinha como sua proprietária a mãe e posteriormente com sua morte ele a herdou, sua posse é relativamente recente e o mesmo através de sua fala não apresenta incomodo em comentar sobre a fachada de sua residência. O aspecto sentimental e as considerações sobre mudanças são cogitadas agora que o morador está no patamar de dono dela, mas para ele as modificações não fazem parte do plano de projeção da unidade habitacional.  

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