A Análise Crítica

O país que hoje conhecemos como Brasil, teve seu início e sua formação de forma oposta ao que ocorreu na maior parte do mundo. Enquanto as revoluções agrícolas davam o pontapé para a criação das cidades e dos centros urbanos, por aqui, com a chegada dos portugueses, o foco se deu primeiramente na construção das cidades e só depois foi direcionado para o campo.

O que se pretendia com a formação das cidades, era trazer o modo de vida europeu para a América, como a cultura, língua, religião, arquitetura, leis, entre outros, para que tudo estivesse de acordo com as tradições e costumes da coroa. Nosso colonizador foi o responsável pelo desenho e formato das primeiras cidades aqui surgidas, que seguiam um padrão já conhecido por eles, um padrão de traçados regulares.

As cidades eram pensadas e desenhadas de forma geometricamente esquemáticas, como se formassem uma teia octogonal, com suas vias largas convergindo para o centro, com um formato arquitetônico herdado dos padrões renascentistas. O objetivo não era apenas a criação desses núcleos urbanos, mas sim que houvesse a fundação de novas capitais nas Américas, que seriam controladas pela coroa portuguesa.

Tomemos como exemplo a cidade de Salvador, desenhada em solo português, com uma malha geográfica pautada por simetria e geometria, e que se adaptava ao terreno brasileiro, formando uma espécie de tabuleiro. Contudo, o ritmo de urbanização da cidade foi maior que o esperado, e em decorrência disso, toda a simetria e geometria foram se perdendo, dando espaço ao traçado irregular, aos amontoados e desalinhados formatos que a cidade foi se tornando.

Se, a priori, o desejo era de uma arquitetura e organização urbana que remetessem ao renascentismo, com o crescimento das cidades, o aspecto foi se tornando cada vez mais remetido ao padrão islâmico, o qual era presente nas cidades portuguesas. Uma vez que não só a influência portuguesa foi trazida para a América, assim como várias outras características, agora tínhamos uma América portuguesa, que atuava de forma espelhada aos moldes colonizadores.

A atuação portuguesa se fazia presente por todo o território, tanto com sua parte civil quanto com sua parte religiosa, ambas de grande influência nas colônias. Com o advento dos proprietários de terras passando a ser os representantes do Estado português, houve uma maior expansão das atividades institucionais e também o surgimento de novos problemas acerca da delimitação de poder e atuação de atividades de âmbito público e privado, que se faz presente até os dias de hoje, onde temos grandes questões urbanísticas, políticas e administrativas necessitando de ampla reforma e correção para que ocorra uma efetiva melhora na sociedade brasileira.