A COMPARAÇÃO ENTRE UNIDADES HABITACIONAIS
Por: João Pedro Aguilar • 21/3/2020 • Monografia • 1.620 Palavras (7 Páginas) • 162 Visualizações
Nome: João Pedro Aguilar Nicolino RA: 5145409
Curso: Arquitetura e Urbanismo - 5º Período (NOTURNO)
CORRELAÇÃO ENTRE: FAMILISTÉRIO, "PEDREGULHO" e UNIDADE DE HABITAÇÃO DE MARSELHA.
Ao assistir os três documentários, pode-se afirmar que embora os três tipos de edificações sejam de períodos da história diferentes, os mesmos apresentam em seu contexto social a necessidade da habitação para uma população mais pobre da esfera social. Nota-se também grandes semelhanças entre programas de necessidades e que permeiam em um processo evolutivo e socioeconomico.
- Familistério
O Familistério de Godin foi uma tentativa de aplicação das teorias socialistas utópicas. A industria fundada por ele logo se difundiu e fez com que ele enriquecesse rapidamente devido ao contexto revolucionário da industria que se sustentava através da nova classe social proletária, que viviam em péssimas condições de vida e insalubridades. Com isso, Godin com objetivo de melhorar as condições de vida de seus proletários, inicia-se portanto sua engenhosa solução inspirada no falanstério de Fourier. A primeira etapa, a mais urgente, era segundo Godin a de melhorar as condições de alojamento e de vida das famílias, atribuindo-lhes condições, tais como: a luminosidade dos apartamentos, a circulação do ar, o acesso a água potável em cada pavimento, além da criação de lavanderias próxima ao curso de água, o que evita os odores da umidade nos alojamentos.
Nota-se também a importância em que Godin proporciona ao movimento cooperativo: lojas cooperativas instaladas por ele frente ao Familistério, porporcionam uma dinâmica na compra e venda de produtos, dos quais estes são repartidos equitativamente entre os moradores, além da enfase que ele promove à educação, ao lazer e a cultura criando escolas mistas e obrigatórias, uma biblioteca e um teatro. Era importante opor-se aos princípios do capitalismo, pois Godin estimou que o operário deveria possuir o estatuto social mais elevado, pois é ele que trabalha, e é ele que produz as riquezas. Para além dos aspectos materiais da obra, o Familistério devia conduzir a uma elevação moral e intelectual do trabalhador, permitindo-lhe encontrar a auto-estima e a independência par-a-par com a sociedade burguesa. No interior dos pátios, as varandas que dão acesso aos apartamentos são criadas para serem locais de encontro permanentes entre os operários, qualquer que fosse a sua posição na fábrica: operário manual, empregado de escritório ou quadro da empresa, a fim de permitir nascer uma real fraternidade entre beneficiários do Familistério.
O Familistério é construído notoriamente por tijolos apararentes e sua expressão formal se dá através de 3 prismas retangulares dispostos, de modo que formem uma conexão tripartida ligadas por blocos de corredores e em cada uma das 3 alas encontra-se um pátio livre. A nova tecnologia construtiva exclusiva e inedita adotada para Godin, foi a cobertura destes pátios. Ele adota uma solução de estrutura em trama de madeira que sustenta um composto de telhas em vidro que permite a entrada da luz solar, permitindo que todo o pátio interno fique iluminado durante o dia.
- Unidade de Habitação de Marselha
Em 1947, a Europa ainda sentia os efeitos da Segunda Guerra Mundial, e Corbusier foi contratado para projetar um conjunto habitacional para a população de Marselha relocada após atentados. Ao projetar para um número tão significativo de habitantes, o instinto natural é projetar horizontalmente espalhando-se sobre a paisagem. Em vez disso, Le Corbusier projetou a comunidade que poderia ser encontrada dentro de um bairro com uso misto, um edifício moderno, residencial e de grande altura. A ideia de Le Corbusier da "cidade jardim vertical" baseou-se em trazer a vila para dentro de um volume maior, permitindo aos habitantes terem seus próprios espaços privados. Fora desse setor privado eles poderiam fazer compras, comer, exercitar-se e reunir-se.
Sua expressão formal se dá através de um prisma retangular comprido deitado com o lado de base menor disposto no terreno sob pilotis, distribuído em 18 pavimentos com um total de 337 moradias duplex. Na qual se destaca, pois a técnica utilizada pelo arquiteto é o de encaixe desses apartamentos duplex, unidos e ligados por um corredor interno, no qual se encontra-se a circulação da edificação, além dos corredores-ruas que ele projeta afim de proporcionar o espaço coletivo, no qual ocorra atividades de serviço e comércio para os moradores. No terraço-jardim encontra-se a área de lazer e educação priorizada pelo arquiteto, no qual ele projeta uma creche, playground, uma piscina infantil, academia, um ginásio, entre outros... além da vista panoramica criada devido à altura da edificação. Nota-se portanto, a preocupação de Le Corbusier com a educação, o lazer, o coletivo e a cultura.
Foi construída em concreto armado aparente, que era o material mais acessível na Europa pós-guerra. No entanto, isso também pode ser interpretado como uma aplicação materialista com objetivo de caracterizar o estado condicional da vida após a guerra - áspera, desgastada e implacável.
Um dos aspectos mais interessantes e importantes do projeto é a organização espacial das unidades residenciais. Diferentemente da maioria dos projetos habitacionais que contam com um único corredor com unidades em cada lado, Le Corbusier projetou as unidades para abranger toda a largura do edifício, bem como ter um espaço de estar com pé-direito duplo reduzindo o número de corredores necessários para um a cada três pavimentos. Em cada extremidade das unidades há um balcão protegido por um brise-soleil que permite a ventilação cruzada através da unidade, fluindo pelos dormitórios estreitos até os espaços de pé-direito duplo; enfatizando um volume aberto, no lugar de uma planta aberta.
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