A HISTÓRIA POR TRÁS DAS PUBLICIDADES
Por: Jasmine Luiza • 21/10/2018 • Artigo • 4.665 Palavras (19 Páginas) • 237 Visualizações
A HISTÓRIA POR TRÁS DAS PUBLICIDADES: patrimônio e paisagem da cidade.
SILVA, JASMINE L. S.
1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas. Departamento de Arquitetura e Urbanismo.
Rua Josefina Ferreira Bolzan, 82. CEP 37558-333, Pouso Alegre - MG
contato@jasminearquitetura.com
Resumo
O centro histórico da cidade de Pouso Alegre ainda é pouco reconhecido e notado pela população. A cidade que teve sua expansão urbana no início do século XX, hoje ainda guarda grande parte das suas construções da época, porém muitas obras ainda passam despercebidas aos olhos da sociedade principalmente devido ao excesso de poluição visual exercida pela publicidade comercial. Este artigo é resultado da pesquisa a respeito do patrimônio histórico de Pouso Alegre realizando junto a disciplina “Patrimônio e Restauro” no curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas, fazendo um aparado das construções pretende-se desviar o olhar àquelas edificações que fazem parte da história, mas que atualmente não são reconhecidas por seu valor arquitetônico. Realizando uma comparação com fotografias antigas, percebe-se que a avenida principal de comércio é onde se encontra maior parte das construções antigas, entretanto, a maioria das obras foram descaracterizadas para se adequarem ao novo uso comercial, salvo certas edificações que ainda cumprem sua função inicial, a maioria teve o pavimento térreo totalmente modificado por reformas.
Palavras-chave: Paisagem Modificada; Patrimônio Arquitetônico; Patrimônio de Pouso Alegre; Poluição Visual;
Introdução
O centro da cidade de Pouso Alegre, localizada no sul de Minas Gerais, é repleto de construções datadas do início do século XX, muitas das quais são desconhecidas a grande parte da população, porém trazem consigo uma longa bagagem histórica e arquitetônica que formam a paisagem cultural da cidade.
Alguns edifícios que hoje são tombados como patrimônios históricos municipais tem seu valor reconhecidos, por serem obras imponente e expressivas de seu tempo, são tratados com certo cuidado pelos órgãos públicos. Porém, a história pode ser vista por outros ângulos, encontramos algumas construções que marcaram época por sua arquitetura, mas que hoje passam despercebidas aos olhos desatentos de grande parte da população, muitas vezes encobertas por placas de publicidades e outras em que o uso comercial tem mais destaque que o próprio espaço físico. São edificações nem sempre nobres, pedaços da paisagem histórica que estão mascarados pela cultura do consumo.
Este trabalho faz parte do estudo sobre o centro histórico de Pouso Alegre condensando o olhar aos edifícios não reconhecidos como patrimônio municipal mas que são parte importante para compreender a paisagem cultural e histórica da cidade, realizado junto a disciplina de Patrimônio e Restauro da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas, objetiva compreender a paisagem propondo uma leitura histórica e arquitetônica do edifícios, colocando em pauta seus usos e estado de preservação para compreender os significados de sua presença na cidade.
Uma breve História da Cidade
A cidade de Pouso Alegre, localizado no sul de Minas Gerais as margens de rodovia Fernão Dias, surgiu principalmente por sua localização privilegiada, o processo de ocupação da região está associado ás bandeiras paulistas no fim do século XVI. O povoado surgiu através das lavouras e criações de gados que serviam de ponto de abastecimento a aventureiros que vinham a região em busca de ouro no Alto Sapucaí.
O local onde reconhecemos como centro histórico de Pouso Alegre dá-se início com a construção da capela construída em terreno doado por Antonio José Machado em 1796, nessa escritura há a primeira descrição dos limites da vila surgindo em torno da capela.
O passar dos anos foi transformando o pequeno povoado em uma região fértil e produtora, famílias ricas passaram a vir do campo para a cidade, o crescimento da área urbana exigiu modificações e benfeitorias que hoje são parte do nosso patrimônio municipal, obras que foram moldando a paisagem da cidade.
Evolução Urbana
O Largo da Capela foi tomando forma comprida com o passar dos anos e se estendia pela rua larga que terminava no rio Mandu, onde se construiu a primeira ponte de madeira. As casas de estilo barroco pobre, ligadas umas às outras por parede meia, começaram então a formar uma rua, ainda sem nome, mais tarde denominada Rua do Imperador.
Pouso Alegre começou a tomar as suas feições características, que, de certa forma, carrega até hoje. O padre José Bento como vigário da freguesia dirigia pessoalmente o alinhamento das ruas e tudo que se interessava à higiene e ao embelezamento do povoado, o traçado em grade, ruas estreitas e longas com calçadas também estreitas, continuam sendo característica do centro da cidade.
Até o ano de 1878, Pouso Alegre ainda não possuía iluminação urbana, a partir deste ano começou a ser usado 70 lampiões de querosene para a iluminação da vila que eram acessos ao anoitecer e extintos às 11 horas, porém durante a luz cheia não se acendiam os lampiões já que a claridade era suficiente.
O fim do século trouxe consigo certo desenvolvimento para a vila. Em 1895 a construção da estação ferroviária e inauguração na linha férrea trouxeram novo alento ao progresso da região. Começaram a construir os primeiros casarões e benfeitorias na cidade, alguns resistem no tempo até hoje, como é o caso do Teatro Municipal. Por volta de 1920, algum melhoramento urbanístico já se notava, como o ajardinamento da Praça Senador José Bento, o Largo coração de Maria, obras na avenida principal.
Em 1930 o prolongamento da Avenida Dr. Lisboa até a estação ferroviária, a mesma era fechada em sua extremidade pelo Hotel Avenida com uma passagem estreia ao lado para o Largo da Cadeia (quarteirão onde ficava o antigo Pouso Alegre Hotel). O quarteirão que se estendia até a Estação foi demolido dando lugar a avenida tomando a feição atual.
Patrimônio que são reconhecidos e como são tratados
As principais obras reconhecidas como patrimônio histórico são datadas no início do século XX, muitas delas são autorias do construtor Mário Gissoni, arquiteto paulista responsável por inúmeras obras arquitetônicas da época também nas cidades vizinhas. Suas obras são grandiosas com diversos motivos decorativos que representam as tendências e estilos do seu tempo.
Dos 23 bens protegidos por tombamento pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Pouso Alegre, 13 são registrados no IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais). Os registros foram feitos em abril de 1999 pelo Decreto Municipal, entre as obras arquitetônicas estão registrados os seguintes edifícios:
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