A vida de Sergio Bernardes
Por: Luiz Guilherme Eliziane Mendes • 27/8/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.267 Palavras (6 Páginas) • 474 Visualizações
SERGIO BERNARDES
Sérgio Bernardes é destacado como o melhor representante da segunda geração dos arquitetos cariocas brasileiros, sendo mais novo que Lucio Costa e Oscar Niemeyer, 17 e 12 anos respectivamente, sempre mantendo um bom relacionamento com os mesmos.
Nascido em 1919, carioca de Botafogo e filho do jornalista Wladimir Bernardes. Sua vocação começa desde cedo, aos treze anos Sergio abre uma oficina de maquetes. Adorava carpintaria e marcenaria. Realizou seu primeiro projeto aos quinze anos, em Itaipava, Rio de Janeiro, a residência de Eduardo Baouth, amigo de seus pais. Antes de completar o curso de arquitetura, Bernardes teve seu projeto do Country Club de Petrópolis publicado em número especial da revista L’Architecture d’Aujourd’hui. Graduou-se arquiteto em 1948 pela Faculdade do Rio de Janeiro, em meio ao clima de otimismo gerado pelo reconhecimento internacional da arquitetura moderna brasileira, e logo destacou-se junto aos seus principais expoentes Oscar Niemeyer, Lucio Costa e os irmãos Roberto.
Nessa sua primeira fase, na década de 1950, sua trajetória profissional é composta basicamente de casas, todas à maneira da escola carioca. Sergio era considerado o maior arquiteto de moradias privadas da elite carioca. Nessa fase, ele produziu uma série de projetos excepcionais. O mais famoso projeto dessa época é a residência Jadir de Souza (1951), que foi premiada na Bienal de Veneza.
Sergio Bernardes sempre foi um visionário e um inovador. Desde suas primeiras obras já havia uma intensa pesquisa de materiais, como pode ser visto na casa de Lota Macedo Soares (1953), com cobertura de treliças metálicas e telhas do mesmo material. Na metade da década de 1950, a obra de Bernardes começa a ganhar personalidade. Suas experimentações relacionadas aos materiais e métodos construtivos, criados e/ou desenvolvidos muitas vezes por ele mesmo, são reconhecidamente inovadoras. Ganhou diversos prêmios dentre os quais, em 1953, o Prêmio Jovem Arquiteto Brasileiro na 2ª Bienal de São Paulo com a Residência de Lota Macedo Soares; em 1954, a Trienal de Veneza com a Residência de Helio Cabal; e em 1958, com o Pavilhão da Feira internacional de Bruxelas, venceu em todas as categorias o que o levou a receber a condecoração de Chevallier de La Courone Belge. São desse período dois importantes projetos. Primeiro o pavilhão da CSN (1954), no parque Ibirapuera - cuja ponte sobre o lago é um fragmento. Ali ele explicita o que usaria em outras obras: estruturas metálicas inclinadas atirantadas por cabos de aço. A segunda obra foi o concurso para a Capela de São Domingos, em Perdizes, que não foi construída porque os padres a acharam ousada demais.
Após essa fase, Sergio Bernardes passa a ser conhecido por obras de maior escala, todas muito criativas. Entre elas, estão o pavilhão de São Cristóvão (1958), o pavilhão do Brasil em Bruxelas (1958) e o Espaço Cultural de Brasília (1972). O arquiteto, que nunca deixou de projetar casas unifamiliares, é autor também de célebres projetos de edifícios de apartamentos que inovam na proposta de morar em habitações coletivas, como o conjunto Casa Alta (1959), no Rio de Janeiro. A ideia era propor inteira flexibilidade de planta aos futuros usuários. Outro projeto bastante conhecido de Bernardes é o hotel Tambaú (1966), em João Pessoa, formado por uma estrutura circular, implantada em parte sobre a área de areia da praia. Nessa obra, Sergio deixa explicita seu ideal de que a arquitetura não deve existir para ser apreciada, e sim vivenciada, não agredindo a paisagem, e que se possível passe até despercebida.
Ao longo de sua trajetória, Sergio dedicou-se à produção, criação, à crítica, às reflexões e experimentações que transitavam por diferentes campos e tocavam as mais variadas escalas. Em 1974, criou o L.I.C. – Laboratório de Investigações Conceituais, com o objetivo de desenvolver estudos e pesquisas sobre os mais variados temas. Com suas novas propostas, que incluíam células submarinas, grandes portos, a “ampliação do chão de Fernando de Noronha”, cidades verticais etc. O Laboratório era no primeiro momento, uma maneira de difundir e divulgar entre os membros da equipe as soluções alcançadas para os problemas arquitetônicos que estavam sendo tratados pelo escritório. Visava ser um estimulador de pesquisa em vista ao projeto de arquitetura, enfatizando a pesquisa e o conhecimento na área de materiais e no desenvolvimento de pormenores.
RESIDÊNCIA LOTA MACEDO SOARES
“Sérgio Bernardes, com apenas 32 anos, elabora um dos mais radicais projetos de residência moderna. Um telhado de alumínio ondulado repousa sobre uma treliça metálica e finos pilares de aço, sobrevoando e protegendo a construção, que alterna espaços abertos e fechados. Planos de vidro, tijolos e pedra organizam os espaços: numa das extremidades estava o apartamento íntimo das moradoras, com nível um pouco mais elevado que os demais... as treliças, por exemplo, foram montadas no canteiro de obras a partir da dobragem de longarinas de vergalhões de aço usualmente empregados como estrutura interna das estruturas de concreto armado. Os vergalhões foram soldados em “zig-zag”, entre as compridas peças laterais. No acabamento final essas últimas foram pintadas de preto enquanto os trechos intermediários, em “v”, eram brancos... Essa “residência-galpão”, embora ainda artesanal, foi o primeiro experimento consistente do uso de estruturas metálicas no Brasil, prenunciando um fértil caminho que seria desenvolvido por Bernardes nos anos que se seguiram. A sobriedade e economia de suas formas retas e planos abertos incorporava a paisagem e a rusticidade dos materiais locais.”
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