AS VANTAGENS E OS CUIDADOS PARA SE INVESTIR EM MORADIA NAS ÁREAS CENTRAIS
Por: Malu Carvalho • 14/3/2018 • Resenha • 666 Palavras (3 Páginas) • 240 Visualizações
AS VANTAGENS E OS CUIDADOS PARA SE INVESTIR EM MORADIA NAS ÁREAS CENTRAIS
No século XX o elevado índice populacional nas grandes cidades e metrópoles do Brasil consolidou e radicalizou o padrão periférico, precário e excludente de ocupação que alcançou em péssimas condições de vida urbana de enorme parcela desses habitantes. A péssima qualidade do “morar urbano” se expressa na arquitetura, nos materiais de construção, na infraestrutura imediata e na localização da habitação no tecido urbano. Diante disso, nas últimas três a quatro décadas, diversas regiões centrais de cidades grandes e metrópoles brasileiras perderam população permanente, segundo o IBGE. Além disso, o Censo identifica que temos cerca de 6 milhões de imóveis vagos diante de um déficit quantitativo um pouco menor.
A área central de uma cidade se distingue pela multifuncionalidade de elementos e obras que o compõe, afirmando seu valor como centralidade também pelo aglomerado de várias funções distintas que aí se encontra, contudo, as temporalidades diferentes não ofuscam a importância competida ao comércio por varejo que sustenta a dinâmica do centro formando uma teia urbana. A localização privilegiada da moradia social no centro da metrópole traz benefícios para o trabalhador e sua família de diversos pontos de vista: facilidade de acesso aos postos de trabalho, aos serviços públicos e sociais, mais tempo para investir na família, em descanso, estudos e lazer, entre outros. O centro é marcado pela diversidade – em termos de usos, moradores, faixas de renda, formas de ocupação, de sua própria arquitetura e morfologia urbana – o acesso à moradia passou a ser oferecido em diversas modalidades, por meio de locação, arrendamento ou venda, com várias formas e fontes de financiamento. Essas iniciativas têm sido promovidas tanto por agentes públicos e investidores privados, desde incorporadoras de porte até pequenos construtores que reformam e revendem prédios antigos.
Nos dias atuais a quantidade de unidades habitacionais vazias em áreas centrais chega a cerca de 5 milhões, embora não se possa fazer essa conta de forma tão direta, pois não é processo simples recuperar esses imóveis e reabilitá-los, pois há muitas complicações jurídicas quanto à propriedade, preço fundiário, infraestrutura obsoleta, falta de domínio técnico para a reabilitação, quanto a materiais, técnicas, mão de obra, são fatores que elevam os custos e inibem a formação de um mercado específico de reabilitação, como ocorreu, por exemplo, na Europa, a partir do pós-guerra. O caminho para a moradia na área central passa, portanto pela potencialização dessa diversidade, para consolidar um ambiente urbano com riqueza de opções, oportunidades de convivência, urbanidade e qualidade de vida.
Morar no centro é possível, incentivar pessoas de diferentes estratos sociais a morarem nesse local também. Como atração para novos habitantes, a oferta de moradia em um local com infraestrutura e próximo ao emprego já é tentadora; valem ainda a localização, os equipamentos culturais, as oportunidades de trabalho, educação, entretenimento e lazer, e o comércio especializado; para maior atrativo, devem-se promover os valores culturais e urbanísticos do centro. Para tudo isso é necessário esforço concentrado do poder público, com objetivos claros, associando-se de maneira sinérgica ao mercado imobiliário. O lema da diversidade aproveita vocações presentes no centro: cultura, comércio e serviços, e qualidade urbanística. Tal diversidade consagraria o papel agregador e democrático da região central, e poderia ser uma base para sua requalificação, inclusive no que se refere à habitação, que constitui outra vocação do centro e um elemento indispensável nesse processo.
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