Arborização urbana

Introdução        

        Desde os primórdios existe a interação homem x natureza, mas em alguns momentos da história essa relação foi deixada de lado levando em consideração apenas a beleza da natureza e não a sua funcionalidade no cotidiano do ser humano. Em alguns momentos a criação de jardins e trabalhos paisagísticos nas cidades eram basicamente para “embelezar” o quadro, mas notou-se que a sua necessidade e benefícios eram de suma importância para o bem estar não só visual mas também na qualidade de vida no que se refere a saúde.

        Com o crescimento da área urbana, tem surgido o interesse pela parte administrativa das cidades em desenvolver a arborização principalmente no tocante de qualidade e preservação dos espaços de circulação visando melhor qualidade de vida, progresso e desenvolvimento urbano. Dependendo das suas proporções atua intimamente na melhoria do micro- clima e na amenização da paisagem acinzentada das cidades. Embora seja muito bonito encher as cidades com árvores e praças, temos que tomar muito cuidado, observando e usufruindo ao máximo desses espaços não edificados, porém, levando em consideração o entorno, estética, cultura da população e funcionalidade dessas áreas. Como já dizia Le Corbusier na Carta de Atenas que todo bairro residencial deve contar com a superfície verde necessária para ordenação de jogos e desportos.

        As cidades brasileiras, em sua maioria, possuem áreas arborizadas, mas estão pouco organizadas e as espécies vegetais geralmente usadas nem sempre estão bem implantadas causando problemas principalmente as que se localizam no sistema viário e nas redes elétricas e subterrâneas.

        A importância da vegetação urbana tem importantes funções nas cidades e para o homem, podemos listar algumas como: bem estar psicológico, melhor efeito estético, sombreamento, proteção e direcionamento dos ventos, diminui a poluição sonora e do ar, minimiza o impacto da água das chuvas no solo, ajuda a diminuir a temperatura já que absorve radiação solar, refresca o ambiente com sua transpiração e preserva a fauna.

        Pensando em todos esses benefícios, vimos que a arborização não é importante e sim necessária para sobrevier em nosso planeta super povoado e urbanizado, mas para isso precisa-se pensar em estratégias para esse desenvolvimento e em alguns casos adaptações.

Metodologia

Planejamento da Arborização

        O plano de arborização tem inicio com a escolha das espécies vegetais de acordo com o clima local e tenta manter a fauna já existente, buscando vegetação nativa ou frutífera, depois contamos com a análise do local, compatibilizando o local observando se tem instalações elétricas, se fica próximo das vias de transito e o recuo do meio fio. Existem normas a serem seguidas de âmbito nacional, por exemplo:

        - Áreas Urbanas sem arborização e rede elétrica: para postes de rede elétrica, usa as calçadas norte e oeste com árvores de pequeno porte e as leste e sul com árvores de médio porte, se houver canteiro central podemos colocar árvores de médio a grande porte.

        -Áreas Urbanas com rede elétrica e sem arborização: na calçada que tem rede elétrica, podemos intercalar os postes com árvores de pequeno porte e nas que não tiver podem ser plantadas árvores de médio porte desde que respeite os recuos e a paisagem local.        

-Áreas Urbanas edificadas, arborizadas e eletrificadas: avaliar os postes que foram inseridos nas calçadas norte e oeste e se a vegetação existente corresponde às normas, ou seja, se as árvores são de pequeno porte ou se forem maiores, se atrapalham a rede elétrica, caso isso aconteça se faz necessária a substituição dessa árvore por uma de menor porte evitando riscos futuros.

Temos que levar em conta, além dos fatores acima citados os tipos de arborização que podemos encontrar nas cidades, pois com esse dado podemos especificar melhor o tipo de vegetação que será introduzido para que não cometamos erros nem riscos no futuro.

-Arborização de parques: fica livre a implantação de árvores de todos os portes, levando em consideração que em parques não existe transito de carros, apenas de pessoas e os postes que forem inseridos nesse local devem ser os de iluminação para pedestre e a rede elétrica geralmente é subterrânea feita na circulação de pedestres para que seja de fácil manutenção.

-Arborização de áreas privadas: são os jardins particulares como quintais, jardins de hospitais, clube, indústrias entre outros e nesse caso temos que pensar no espaço que temos e no local para que não seja prejudicial ao conforto ambiental.

-Arborização nativa residual: vegetação já existente no local e que por suas características florísticas, faunísticas e hídricas influenciam no micro-clima que é essencial para o complexo urbano.

Mas nem tudo é tão simples assim, esses fatores mencionados acima são de análise técnica que podemos observar facilmente e que se forem seguidos podemos executar o projeto de forma prática. Existem também alguns fatores negativos que só com um trabalho mais minucioso poderemos avaliar que são: compactação do solo, depósito de resíduos ou entulhos no subsolo, poluição do ar, suspenção de resíduos de indústrias no ar, poluição de escapamentos.

Depois de tudo isso estudado podemos passar para o planejamento da arborização e uma arborização bem planejada é muito importante, independente do tamanho da cidade, pois é muito mais fácil planejar do que remanejar. E como um dos principais locais de implantação da arborização é o sistema viário, vamos pensar nele agora em como planejar sem erros. Para um bom planejamento, alguns fatores devem ser considerados:

        - Condições do ambiente: conhecimento das condições ambientais locais para o sucesso da arborização, pois a planta só alcança seu clímax se estiver num ambiente ideal, ou sofrerá mudanças em seu desenvolvimento.

        - Características da espécie: esse item dispensa comentários depois de tudo que já relacionamos nesse trabalho e nos cuidados que devemos tomar ao escolher nossa árvore.

        - Largura das calçadas: não é muito bom arborizar em ruas estreitas ou com menos de 7 metros, pois diminuirá seu espaço provocando insatisfação e mal estar. Deve se analisar também se não há necessidade de recuo das construções ao redor, que é outro fator imprescindível.

        - Fiação subterrânea ou aérea: esse é o fator mais importante do planejamento. A rede aérea tem vários estágios de tensão e ficam em níveis diferentes nos postes, então temos que pensar em árvores de pequeno porte para não atrapalhar a fiação nem sua manutenção. Já nas fiações subterrâneas a preocupação aumenta com as raízes que podem interferir na estrutura e obstrui-las então a medida tomada é que as árvores sejam implantadas a 1 ou 2 metros de distância.