Arquitetura de 1950 mudança dos paradigmas
Por: Cacafavara • 14/2/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 4.167 Palavras (17 Páginas) • 167 Visualizações
Arquitetura de 1950- mudança dos paradigmas
A arquitetura passou por momentos após a 2ª Guerra Mundial, como o movimento moderno, Brasília e pós Brasília, que fez com que seus paradigmas mudassem e que toda “unidade” fosse desconstruída. Isso gerou diferentes opiniões, alguns achavam que a “arquitetura brasileira” havia se perdido, outros acreditavam que ela só havia mudado.
“A inauguração de Brasília é sem dúvida um marco indiscutível na arquitetura brasileira e na sua historiografia – mas além de ser um ápice, ela parece indicar também a ocorrência de um ponto de mutação. Que, se não foi provocado, certamente foi alimentado por ela. É recorrente a sensação difusa, glosada por vários autores, de que após Brasília a “arquitetura brasileira”, de alguma maneira, “perdeu seu rumo”. Tal percepção deriva, principalmente, de um desejo desmedido de se manter intacta e intocada continuidade dos paradigmas que, pelo menos até o início dos anos de 1950, seguiam vigentes;” (BARROS, Maria Alice Junqueira, ZEIN,Ruth Verde, 2010, p.52)
Escola carioca: Seguia os antigos paradigmas com padrões corbusianos e racionalistas, trouxe características como liberdade formal e leveza estrutural. Dominou desde o fim dos anos 40 até pelo menos o advento de Brasília.
Surge então uma “nova” arquitetura, trazendo novos paradigmas e a identidade como algo mutável. Com ela surgiram tendências como o brutalismo, que teve forte influência na arquitetura paulista.
A arquitetura brutalista apareceu no período pós 2ª Guerra Mundial até pelo menos fins da década de 1970. Possui características como a utilização do concreto armado aparente, ressaltando o desenho impresso pelas fôrmas de madeira natural, técnica que passou a ser empregada com mais frequência na arquitetura civil na época, tanto como recurso tecnológico como em busca de maior expressividade plástica.
“Se observada em busca das mudanças, e não das continuidades, facilmente constata-se que a arquitetura brasileira (inclusive e principalmente as de alguns mestres da escola carioca) começa a passar por mudanças desde pelo menos meados dos anos de 1950; e que em fins da década de 1960 a “arquitetura brasileira” já havia assumido, para grande parte dos arquitetos brasileiros, outros significados, distintos daqueles que consolidara vinte ou trinta anos antes.” (BARROS, Maria Alice Junqueira, ZEIN,Ruth Verde, 2010, p.53)
Lina Bo Bardi e Affonso Eduardo Reidy
Lina Bo Bardi nasceu no dia 5 de dezembro de 1914 em Prati di Castello – Roma, se formou na Universidade de Arquitetura de Roma com o trabalho de graduação “Núcleo Assistencial da Maternidade e da Infância.” Em 1951 completa seu primeiro projeto arquitetônico realizado “a Casa de Vidro” em São Paulo.
Em 1958 Lina vai a Salvador para dar conferências na Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia, e é convidada para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) onde projeta o restauro do Solar do Unhão.
Retornando a São Paulo em 1966, retoma o projeto do MASP na Avenida Paulista, que após sua inauguração em 1968 virá a ser um dos marcos mais icônicos da arquitetura Brasileira.
Outras de suas obras foram o edifício do Sesc Pompéia de 1977, o Teatro Oficina de 1984, e a Casa do Chame-Chame.
Fig.1 - Casa de Vidro, 1951.
Fonte: http://institutobardi.com.br
Reidy nasceu em 1909 em Paris, mas cresceu e viveu toda a vida no Rio de Janeiro. Se formou arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes, em 1930. Foi estagiário de Alfred Agache e assistente de Gregori Warchavchik. Ele trabalhou a vida toda como funcionário público concursado da Prefeitura do então Distrito Federal e como professor universitário.
Sua obra foi marcada pela preocupação com o melhor aproveitamento do espaço, considerando especialmente a natureza e a paisagem dos locais onde seriam implantados os projetos, sua principal obra foi o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, construído em 1953, foi uma das primeiras obras em concreto armado aparente do Brasil. Outras de suas obras foram Museu Carmen Miranda de 1976, Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes de 1947.
Fig.2 - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1953.
Fonte: https://www.google.com.br/
“Mas ambos não compartilharam apenas uma posição relativamente excêntrica em relação aos seus momentos históricos e aos seus meios profissionais imediatos (Reidy no Rio de Janeiro, Lina Bo Bardi em São Paul): além disso, suas obras e trajetória profissionais parecem ter tido outros pontos de contacto, inclusive do ponto de vista formal, com coincidências bastante instigantes.” (BARROS, Maria Alice Junqueira, ZEIN,Ruth Verde, 2010, p.57)
A Utopia desnudando-se: O concurso de Brasília
A convergência e unanimidade aparente tem sua face revelada nos anos de 1950, onde se tem como exemplo disso o concurso para a nova capital, Brasília. O pluralismo formal aparece no concurso com vertentes arquitetônicas distintas, como, tradicional “(Le Corbusier do pré-guerra, escola carioca)”, internacional “(Aalto, Le Corbusier do pós-guerra, Mies Van der Rohe, etc)”, brutalismo e o estilo internacional corporativo dos anos 50.
Mesmo distintas há um traço de união, para a face ao “caos” urbano, onde responderia a questão do problema viário, que segundo o livro “entre nós assume importância desmesurada por seu ar eficiente, para o olhar de então – ou predatório, para o olhar de hoje”. Como as vantagens utópicas do urbanismo modernos estavam colidindo com as condições geográficas e históricas, que tinham variados graus de resistência de intervenções dessas ideias, para conseguir entender a importância da implantação do urbanismo moderno, porém com um dificultador de análise, que no livro diz que “ No Brasil, entretanto, é possível estuda-la de maneira quase laboratorial, em um caso exemplar, que nos permite uma melhor compreensão dos traços comuns“, sendo assim o concurso de Brasília, pois seria “ideal”, sem restrições de verba, estorvo, em um terreno plano, que não tem um peso histórico, com liberdade criativa para os arquitetos daquele momento.
Exceto Lúcio Costa, todos do concurso apresentaram uma proposta de uma cidade e não um projeto de uma capital
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