Artigo Acadêmico - EOLO MAIA
Por: Jayne Moura • 5/10/2016 • Trabalho acadêmico • 3.161 Palavras (13 Páginas) • 654 Visualizações
ÉOLO MAIA E A ARQUITETURA PÓS-MODERNA MINEIRA
DEMATTEI, Mariana¹; DOMINGUES, Leila¹; GANZELA, Juliana¹; MOURA, Jayne¹; VALETA, Ivor¹; SANTOS, Leandro; COSTA, Korina².
1-Acadêmicos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unoeste, matriculados na disciplina de Arquitetura Contemporânea.
2-Docente da Unoeste da disciplina de Arquitetura Contemporânea.
RESUMO
O presente artigo constitui uma pesquisa qualitativa, do tipo revisão bibliográfica que analisa vida e obra do arquiteto Éolo Maia, um dos grandes nomes da produção arquitetônica brasileira do período pós-ditadura, fazendo parte de um grupo de arquitetos que tinham sua arquitetura caracterizada como pós-modernismo mineiro. A partir da Capela de Santana do Pé do Morro e de demais obras, busca-se traçar as características que teve sua arquitetura em diferentes fases e contradições devido as suas referências e assimilações em suas obras, além de identificar a relação de sua obra com a paisagem e sua produção com as dos demais arquitetos do seu tempo com o contexto arquitetônico presente de pós-ditadura e tentativa de superação do movimento moderno que se fazia latente e também a sua significância para o período.
Palavras chave: Pós-modernismo brasileiro, Capela Pé do Morro, Três Arquitetos, Maia Arquitetos, Construção da paisagem.
INTRODUÇÃO
O Brasil passou por um período ditatorial que teve início com o golpe militar em 1964, junto a isso, vieram as repressões e censura, no qual atingiu a liberdade de expressão que acabou afetando também o campo da arquitetura, com o fechamento de revistas e até mesmo o impedimento regular das associações profissionais. (MARQUES, 1999)
A partir de 1979 com uma abertura de expressão retomam-se os debates. Nesse período também ressurgiram as revistas de arquitetura, como por exemplo a AU na qual trataria de uma análise crítica sobre a evolução da produção arquitetônica e urbanística brasileira do período. Em Minas Gerais também há a revista Pampulha que além de reforçar as discussões, também divulgava projetos de arquitetos mineiros, entre os quais destaca-se Éolo Maia. (GONÇALVES E BARROS, 2016; MARQUES, 1999)
Para tratar da arquitetura desse período pós-ditadura, é necessário antes fazer um resgate de sua evolução desde antes desse período de estagnação no país. É possível estabelecer paralelos entre o Brasil e outras nações latino-americanas tanto no campo arquitetônico quanto no social e político, essas nações que antes tinham sua arquitetura baseada em padrões europeus e posteriormente americano, buscavam uma renovação, a qual se fez lenta. (BENEVOLO, 2007)
Os países latino-americanos alcançaram grande desenvolvimento de suas arquiteturas modernas, tendo nomes de destaque internacional como Niemeyer no Brasil e Barragán e Felix Candela no México. Porém, com a chegada dos regimes militares não só no Brasil, mas em várias nações, houve um congelamento da evolução arquitetônica, o Brasil por exemplo teve nomes ilustres exilados por compartilharem ideais de esquerda, como Vilanova Artigas e Oscar Niemeyer. Durante o período, houve tentar manter uma modernização, a qual fracassou. (GONÇALVES E BARROS, 2016; BENEVOLO, 2007)
Junto a falência do discurso modernizador militar, houve uma assimilação de debates internacionais sobre o pós-moderno os quais estavam envolvidas as teorias de Robert Venturi e Aldo Rossi. Isso então gerou-se um sentimento anti-moderno e a busca de uma nova expressão arquitetônica. (GONÇALVES E BARROS, 2016)
O regime militar instalado no Brasil em 1964 provocou vinte anos de estagnação cultural, mas, ao mesmo tempo, também isolou a área de arquitetura do movimento pós-moderno que envolvia todo o mundo naquela época. (BISSELI, 2011, s/p)
A chamada “arquitetura pós-moderna” brasileira se reflete em grande parte na adoção dos elementos formais mais óbvios da manifestação norte-americana do “movimento”. Não existiu o debate com o mesmo vigor, devido à grande tradição moderna, mesmo bastante desgastada.
No caso brasileiro, destacamos o surgimento do grupo de arquitetos mineiros, que hoje consolida-se como o mais expressivo da pós-modernidade brasileira, e procuramos sugerir algumas razões para este fenômeno. Por fim, discutimos o caráter contraditório desta produção, relacionando-o inclusive com o novo elo que se estabelece nos tempos que correm entre cultura e política. (MARQUES, 1999)
Éolo Maia, por sua vez, adota como estilo alguns elementos da arquitetura do americano Michael Graves entre outros (Maia utilizou um largo repertório de referências em sua arquitetura). Ainda que criticada pela fragilidade de sua base teórica, a adoção do “pós-modernismo” como estilo teve o importante papel de atenuar a hegemonia da arquitetura moderna no Brasil, apontando a possibilidade de novos rumos. (PAIM et al, 2016)
“Não me classifico como nada, porque não tenho nada predeterminado, só sei que quero fazer arquitetura com prazer e contemporaneidade. A vida é muito dinâmica, eu mudo todo dia, e a arquitetura é uma expressão cultural que se reflete em meu trabalho. As fórmulas se tornam uma chatice, e a ânsia de estar na onda é um erro. Não se pode ser fechado, dogmático. É preciso ter liberdade total. ” (MAIA em ROCHA, 2002)
- ÉOLO MAIA
O arquiteto brasileiro Éolo Maia nasceu em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, no ano de 1942, cidade onde descobriu a arquitetura (ROCHA, 2002). Foi na cidade natal que iniciou seus estudos com cursos técnicos na Escola de Minas, mas foi na UFMG em Belo Horizonte em 1963 que deu início à sua jornada na arquitetura, graduando-se em 1967. Na época, ainda sob a repressão militar, suas obras haviam conceitos espaciais e plásticos do brutalismo, como também o emprego de materiais em aspecto crus, como seu primeiro projeto a Residência Marcos Tadeu (1966-1967), que em 1970 recebeu prêmio na III Premiação Anual do IAB-MG. (SANTA CECILIA, 2009)
Trabalhou no início da carreira com João Filgueiras Lima Lelé e Villanova Artigas. Esse período marcou sua primeira fase com intensivo uso de concreto armado, pela construção de volumes prismáticos e regulares. É exemplar dessa fase a Residência João Henrique Grossi, 1969, em Belo Horizonte. No início dos anos 1970, passa a ter como influência predominante a obra de Louis I. Kahn (1901 - 1974), lançando mão de aberturas em formas geométricas puras, como na Residência Renan Alvim, 1971, em seguida, parte para a exploração de volumetrias mais livres, como o prisma triangular da Residência Hélio Carvalho, 1978, ambas em Belo Horizonte. (SANTA CECILIA, 2009).
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