CULTURA E MEMÓRIA EM TERRITÓRIOS POPULARES DE SALVADOR
Por: Rodrigo Bitencourt • 12/11/2018 • Relatório de pesquisa • 6.037 Palavras (25 Páginas) • 234 Visualizações
FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
CULTURA E MEMÓRIA EM TERRITÓRIOS
POPULARES DE SALVADOR
Artigo de trabalho final para a disciplina
Política, Democracia e Direito à Cidade II
Alunos: Daniel Daniel Marostegan e Carneiro
Larissa Dantas Rocha
Rodrigo Bitencourt Ribeiro
Salvador
Dezembro, 2018
SUMÁRIO
1. Apresentação .................................................................................... 3
2. Cultura e Memória a partir do que? ................................................... 4
- A universidade pública e a interação com a realidade ...................... 11
- A interação: potências e limites ………….......................................... 15
- Considerações finais ......................................................................... 18
- Referências …......................………………………………………….... 20
Apresentação
Este artigo é resultado das atividades realizadas dentro do intercâmbio entre estudantes e professores da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAUFBA), através de seu Programa de pós-graduação (PPGAU) e estudantes e professores da Unidade de Planejamento para Desenvolvimento da BARTLETT (DPU), no período de 29 de abril a 11 de maio do ano 2018, na cidade de Salvador. Uma característica marcante desse intercâmbio foi o envolvimento e a participação de estudantes e professores da BARTLETT, que embora seja uma escola Inglesa localizada em Londres, tem na composição de seu corpo docente e discente pessoas oriundas de diversos países, incluídos aí europeus, latino americanos e asiáticos.
As atividades do intercâmbio em 2018 envolveram a intenção de articular diferentes dimensões que atravessassem as realidades de sete territórios populares da cidade de Salvador, e que em diferentes níveis já haviam tido ou estavam tendo interações com o grupo de pesquisa Lugar Comum. Os canais de entrada nos territórios ocorreram através de contatos com lideranças populares que atuam com distintos níveis e formatos de organização nos seus territórios, sendo eles: Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH) - atuante na luta por moradia no centro antigo da cidade; Ocupação Guerreira Maria Felipa do Movimento Sem Teto da Bahia (MSTB) - que atua na luta por moradia na região do CIA Aeroporto; Acervo da Laje, que atua com memória e cultura no bairro de São João do Cabrito/Plataforma; Associação Amigos de Gege, que atua com mobilização comunitária no bairro Gamboa de Baixo; Ocupação Luísa Mahin, que atua na luta por moradia no bairro do Comércio e Associação Nordeste de Amaralina, que atua entre diversos aspectos com cultura no bairro; Associação Arte Consciente, que atua com cultura e esporte no bairro de Saramandaia.
O grupo que elaborou este texto é composto por estudantes de pós-graduação brasileiros, matriculados na disciplina Política, Democracia e Direito à Cidade - módulo II, e que tiveram como principal objetivo nos estudos de campo, compreender e analisar a dimensão da cultura e da memória em cada um dos territórios citados, em articulação com os movimentos sociais, coletivos, lideranças e associações que participaram do intercâmbio. Para isso, foram realizadas entrevistas com representantes comunitários, visitas a campo, pesquisas bibliográficas, oficinas participativas, análises documentais, discussões em grupo e cadastros físicos.
O texto que segue está dividido em quatro partes, sendo elas: Cultura e Memória a partir do que? - que contextualiza brevemente o conceito de cultura a partir de referências encontradas pelos estudantes em outras abordagens e aponta para a ausência de referencial sobre o tema na metodologia implementada no intercâmbio; A universidade pública e a interação com a sociedade - que faz uma breve contextualização da crise da universidade pública e da importância do desenvolvimento de novas metodologias e novos formatos de interação com a sociedade; A interação: potências e lacunas - que apresenta um breve relato das atividades realizadas e problematiza o tipo de interação proposto apontando potenciais e lacunas; Considerações Finais - que apresenta uma análise crítica da experiência e das reflexões sobre o tema cultura e memória.
Cultura e Memória a partir do que?
É sabido, aqui, da complexidade que envolve a discussão sobre o conceito de cultura. A intenção, nesta parte do texto, é de contextualizar brevemente o tema e sua relação com o que se encontra nos territórios, e não o de realizar um apanhado amplo dos trabalhos acadêmicos sobre o tema, uma vez que tal apanhado envolveria um esforço muito maior do que parece cabível para este momento.
Para nos aproximarmos da conceituação de cultura, primeiramente podemos situar a discussão por seu aspecto mais amplo. Neste sentido, segundo Alfredo Bosi, podemos entender: “(...) o conceito antropológico do termo cultura como conjunto de modos de ser, viver, pensar e falar de uma dada formação social” (Bosi, 2010, p. 319)
Essa conceituação, bastante ampla, inclui praticamente todas as ações humanas como características da cultura. Milton Santos nos ajuda a tornar o entendimento do conceito de cultura algo mais palpável, ligado às relações do indivíduo com seu meio e que são reaprendidas, transmitidas entre as gerações.
A cultura, forma de comunicação do indivíduo e do grupo com o universo, é uma herança, mas também um reaprendizado das relações profundas entre o homem e o seu meio, um resultado obtido através do próprio processo de viver. Incluindo o processo produtivo e as práticas sociais, a cultura é o que nos dá a consciência de pertencer a um grupo, do qual é cimento. (Santos, 1998, p. 61)
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