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Cecilia mereiles vida

Por:   •  5/5/2015  •  Exam  •  1.541 Palavras (7 Páginas)  •  640 Visualizações

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                                         MAURIZIO MORELLI

LEITURA DO POEMA “REINVENÇÃO”, DE CECÍLIA MEIRELES

Trabalho de Grupo (TG)  da disciplina Estudos Disciplinares V do Curso de Letras da Universidade Paulista

                  RIO DE CONTAS, BAHIA, 2015       

Introdução

Para explicar o sentido  da repetição do vocábulo “vida” no refrão: “Porque a vida, a vida, a vida,/ a vida só é possível/ reinventada”, no poema “Reinvenção” de Cecília Meireiles,  temos que relacionar o refrão com os contrates mais profundos que agem no texto no nível dos conteúdos e das expressões. Nessa analise, podemos aproveitar das sugestões do linguista  Algirdas Julien Greimas, cuja teoria semiótica,  aplicável tanto a textos verbais quanto a texto não verbais, analiza as relações entre expressão e conteúdo a partir das sugestões do linguista Hjelmslev. Vale a pena salientar que para Greimas a poeticidade se obtêm através da presença de oposições. A presença de dois elementos contrastantes pertencentes a mesma categoria determina a poeticidade de um texto.

Todos os textos (verbais e não verbais) são formados por dois planos: o plano do conteúdo e o plano da expressão. O plano do conteúdo se refere ao que texto diz, aos conceitos, enquanto o plano da expressão apresenta características diferentes e específicas para cada tipo de texto (texto verbal, texto visual, texto musical, etc..).

Plano do conteúdo 

No plano do conteúdo, exploramos os três níveis propostos pelo percurso gerativo de sentido elaborado por Greimas. Assim, no nível fundamental, teríamos a categoria semântica de base: “novidade/repetição”.

O nível narrativo indica uma transformação de estado dos actantes; para a semiótica todos os textos apresentam narrativas mínimas, que ocorre quando se tem um estado inicial, uma transformação e um estado final. No nosso texto poético, assistimos, entre as repetições do refrão,  varias tentativas de transformação do sujeito, todas destinadas ao fracasso até que a única transformação possível pelo sujeito parece revelar-se como aceitação quase prazerosa da própria impotência  (Só – na treva,/fico: recebida e dada). O sujeito está em oposição ao mundo, assim o tempo individual, com a sua ilusão de transformação,  entra em conflito com o tempo repetitivo e temporal das coisas.

No nível discursivo, seguindo Barros (Barros, 2003: 193): “as ações e os estados narrativos são localizados e programados temporalmente e espacialmente, e são investidos pela categoria de pessoa”. No nível discursivo acontece a identificação do sujeito do poema com o próprio poeta, cuja intimidade e sensibilidade autobiográfica universaliza-se na linguagem poetica.

Plano da expressão.

  O titulo do poema (“Reinvenção”) exibe logo o mesmo contraste que identificamos como categoria semantica fundamental do texto.  De fato, a palavra reinvenção é composta pelo tema “invenção”, que indica novidade, descobrimento, mais o prefixo “re”, que indica repetição. A “reinvenção” revela repetição na novidade,  estabelece essa relação dinâmica a partir de uma busca repetida, quase ossessiva, de novidade, de invenção.

   O poema é composto por três estrofes de 6 versos (sextilha) rimados (estrofe 1: ABCCAB, estrofe 2: ABBCAC, estrofe 3: ABACCB). O refrão, (que abre e encerra o poema e tambem aparece entre a primeira e a segunda estrofe), apresenta novamente o contraste entre ripetição e inovação, em quanto é repetido o núcleo ( A vida só é possível/ reinventada./ ) mas no segundo e terceiro refrães aparece a repetição da “vida” (a “vida,vida,vida), introduzida por duas preposições diferentes (“mas”, “porque”).

  Essas mudanças no refrão repropoem o mesmo contraste entre repetição e novidade que encontramos no titulo “reinvenção”, a renforçar o contraste fundamental do poema. No titulo essa situação de conflito entre finito e infinito acontece pela colocação do prefixo  (o “re” que cria ripetição) e de um radical (invenção), cujo significado indica a novidade. No refrão esse conflito é expresso  através das mudanças da estrutura básica (de “ A vida só é possível reinventada” para “Mas [porque] a vida, a vida, a vida só é possível reinventada”).A repetição da palavra “vida”  aparece quase como uma formula mágica, como a tentativa, por conta do poeta, de pegar e segurar o que é sempre vivo e mutável (a vida).  

   O uso dos aspectos verbais do presente indicativo é também um indicador interessante dos conflitos poetizados. Podemos separar o uso do aspecto continuo, na descrição do mundo externo que repete-se diariamente (“anda o sol […] e passeia”, “ vem a lua, vem”) do uso do aspecto pontual para indicar as tentativas de transformação do poeta (“projeto-me”, “não te encontro”, “não te alcanço”, “desprendo-me”.

Resumo:                

Repetição

Novidade

Titulo

Re-

invenção

Repetição

Vida, vida, vida

A vida

Aspecto verbal

Apecto verbal contínuo

Apecto verbal pontual

Actantes (plano narrativo)

Mundo externo

Sujeito

Algumas características da poesia de Cecília Meireles

  Para os críticos literários,  a poética de Cecília Mereiles não pode ser claramente identificada com nenhum movimento literário,  em quanto a originalidade compositora da autora revela diferentes influencias (modernismo, simbolismo e existencialismo, em primis) que confluem em uma obra fortemente original e unitária. Entre as heranças do Simbolismo,  podemos citar a musicalidade e a aversão á representação realística da realidade. O caractere intimista e reflexivo (as vezes até filosofico) da  obra de Cecília Meireles, que tematiza com delicadeza feminina  temas quais a transitoriedade da vida, a passagem do tempo, a solidão, sugerem muitas convergências com a filosofia existencialista.

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