Conceitos de Venturi e Rossi
Por: Andressa Diniz • 29/11/2015 • Artigo • 985 Palavras (4 Páginas) • 1.514 Visualizações
N2 H.A.
- Principais obras escritas de Robert Venturi e Aldo Rossi
- Principal contribuição para o pensamento pós-moderno na arquitetura
Aldo Rossi em seu livro “A arquitetura da cidade” propôs novos conceitos de análise e compreensão do ambiente urbano que foram especialmente importantes no contexto da revisão e discussão dos valores modernistas ao se opor aos mesmos – ainda que de maneira implícita – e contribuir para a melhor compreensão da cidade, já que a Europa nesse momento necessitava de fundamentações que norteassem a então reconstrução dos locais devastados pela Segunda Guerra Mundial.
Um dos instrumentos básicos propostos por Rossi para intervir nas cidades históricas foi a compreensão da cidade como sendo composição de dois elementos básicos, estabelecidos entre a esfera pública, a qual abrangeria os monumentos e elementos primários, que crescem de maneira pontual, e a esfera privada, que se refere às áreas residenciais, as quais formam o tecido básico da cidade e seguem a lógica da repetição. Apesar de ser uma oposição e revisão do sistema de camadas do Movimento Moderno, podem-se fazer algumas críticas acerca desse conceito. A primeira seria que esse raciocínio protegeria os edifícios antigos da cidade de tal maneira que não se teria espaço para os novos virem à tona, garantindo uma permanência da arquitetura acadêmica. Além disso, pode-se observar que os edifícios públicos que surgem nas periferias das cidades industriais, como escolas, hospitais e presídios são mais funcionais que monumentais e se aproximam mais da lógica da repetição das residências.
Outro conceito importante seria o do funcionalismo ingênuo, que explicita uma crise das concepções mecânicas na arquitetura. Rossi pontua que um edifício pode ter sua função alterada ao longo do tempo, assim, seria “ingênuo” direcionar o projeto para um uso específico apenas. Segundo o autor, a forma vai muito além da função, e o lugar é mais forte que as pessoas.
Aldo Rossi, além de outros arquitetos europeus desse momento, reutiliza e retoma o conceito de tipologia arquitetônica. Ele afirma que cada tipologia deve ser entendida em função da morfologia urbana, e seria um princípio imutável, dada sua confiança na capacidade de permanência da forma. Esse conceito se torna um instrumento não somente de análise, mas também de projeto.
Nesse mesmo contexto pós-moderno dos anos 60, destacaram-se os estudos feitos pelo escritório de Robert Venturi, os quais foram relevantes por se oporem mais explicitamente ao Movimento Moderno e proporem uma nova visão de fachada e significado. Venturi critica veemente a intolerância da arquitetura moderna, que preferia transformar completamente o ambiente e seus usuários ao invés de compreendê-los e valorizá-los, suprimindo assim as complexidades e contradições do projeto arquitetônico. Além disso, defende a riqueza de significados em oposição à tendência da simplificação desenvolvida na modernidade. No geral, ele busca demonstrar as possibilidades de adaptação e polivalência da arquitetura.
Inspirado pela Pop Art, Venturi afirma que objetos como postes, veículos e letreiros são novos elementos a serem reinterpretados na arquitetura como parte de uma nova linguagem, assim como faziam os clássicos com os capitéis, frisos, cornijas. Assim, esses elementos, ao serem mudados de posição ou de escala converter-se-iam em obra de arte.
Nos anos 70, Robert Venturi propõe novos conceitos acerca do simbolismo na arquitetura, afirmando que o mais importante então deveria ser a capacidade comunicativa dos edifícios, o que passa a ser uma das características mais importantes da construção pós-moderna.
Venturi afirma que para um edifício ser comunicativo, poder-se-iam utilizar de duas estratégias. A primeira seria a de conceber sua forma de maneira que a mesma expressasse sua função, por exemplo, um restaurante em forma de pato. A segunda seria a de fazer um edifício que fosse funcional em seu interior porém com um letreiro gigante em sua fachada, defendendo assim a independência da fachada em relação ao restante da obra – algo que nunca seria aceito pelo Movimento Moderno.
O autor propõe a ideia de edifício propaganda, que seria uma galeria comercial com administração, refeitório, biblioteca, etc., com uma fachada coberta por uma propaganda gigante numa tela eletrônica, fazendo assim claramente uma alusão aos ambientes iluminados e saturados de informações presentes em Las Vegas, lugar do qual Venturi utilizou para analisar e assim aprender sobre a contemporaneidade que ele próprio vivenciava.
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